terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Volta completa na Ilha Grande (RJ) - dez/09

As fotos estão em:
1º e 2º dias: http://lrafael.multiply.com/photos/album/108
3º e 4º dias: http://lrafael.multiply.com/photos/album/110
5º e 6º dias: http://lrafael.multiply.com/photos/album/111
Pico do Papagaio: http://lrafael.multiply.com/photos/album/112

Após muitas idas à querida Ilha Grande, com explorações diversas a cada viagem, finalmente posso dizer que conheço aquele paraíso de ponta a ponta. E posso afirmar sem medo que a volta na Ilha Grande é o trekking de praia mais bonito do Brasil. E um dos mais pesados também.

A diversidade é o ponto forte dessa caminhada, já que as praias e vilas voltadas para o oceano conservam um clima bastante primitivo, inexistindo meios de hospedagem fora os campings rústicos. Já no lado continental surgem pousadas para todos os gostos e bolsos, embora muitas pequenas praias também conservem ainda um clima selvagem. Por outro lado, muitas das pousadas foram adaptadas sobre antigas fábricas de pescado, o que ajuda a ver esses locais e toda a ilha também com uma perspectiva histórica.

Atualmente 87% da ilha está protegida pelo Parque Estadual da Ilha Grande, instituído em 1971 e ampliado em 2007, e pela Reserva Biológica da Praia do Sul, criada em 1981, que fizeram com que algumas praias ainda se mantenham praticamente intocadas, o que parece impossível tendo em vista que a ilha situa-se no mais que explorado eixo Rio-São Paulo.

A volta na ilha é uma caminhada sem dificuldade de orientação pois grande parte está sinalizada e as trilhas foram segmentadas e numeradas de T1 a T16. Ao longo do percurso há placas grandes (painéis) que mostram um mapa da região e seus atrativos e há placas menores apenas apontando a direção das praias. A rigor, a volta completa não existe oficialmente pois alguns trechos não estão sinalizados, como Santo Antônio-Caxadaço e Parnaioca-Aventureiro (este último dentro da reserva biológica).

Uma ótima fonte de informações sobre a Ilha Grande é o site www.ilhagrande.org.

1º DIA - 19/12/09 - SÁB - do Abraão ao Caxadaço

Partimos, eu e Ronald, às 7h15 da manhã de São Paulo e seguimos para Angra dos Reis via Barra Mansa e Lídice. A maior curiosidade desse caminho são os três túneis na descida da serra, depois de Lídice, que foram escavados na pedra e parecem grutas. Deixamos o carro no estacionamento Dois Irmãos mais próximo do cais, onde a diária é de R$20 para vaga descoberta e R$30 para vaga coberta. O dono disse que poderia dar um desconto se deixássemos o carro na filial deles que fica em frente à rodoviária. Comemos numa lanchonete próxima e pegamos a barca das 13h30, chegando ao Abrãao às 15h e iniciando imediatamente a caminhada. A barca custou R$14 (durante a semana o preço é R$6,50).

Resolvemos fazer a volta no sentido horário e seguimos pela trilha T10 na direção da Praia de Palmas, mas com a intenção de alcançar ainda naquele dia a Praia do Caxadaço. Cruzamos com um grupo de três trilheiros e entre eles reconheci a Vivian, amiga até então apenas virtual. Ela e dois amigos estavam terminando a volta no sentido anti-horário.

Já nesse começo de caminhada deu para sentir, e forte, o cheiro que iria nos acompanhar por todo o percurso de seis dias: cheiro de jaca muito madura no pé e jaca podre estourada no chão, muitas bem no meio da trilha.

Na passagem pela Praia Grande de Palmas, às 16h25, fomos abordados pelos donos dos campings locais e um deles tentou nos intimidar dizendo que não havia mais campings dali até Parnaioca e que se fizéssemos camping selvagem nosso material seria apreendido. Se ele pensa que vai conseguir clientes dessa forma, está dando um tiro no pé.

Às 17h passamos pela Praia de Mangues, inteiramente ocupada pelo Hotel Fazenda Paraíso do Sol. Aqui os barcos deixam e apanham os turistas que querem conhecer a Praia de Lopes Mendes. Logo em seguida vem a Praia do Pouso e no meio dela a continuação do caminho, agora pela trilha T11. Nove minutos depois da Praia do Pouso, na direção de Lopes Mendes, surge uma placa à direita indicando a trilha para a Praia de Santo Antônio, que é também o início do caminho para a Praia do Caxadaço (que oficialmente não existe). Porém seguimos em frente mais 6 minutos e fomos contemplar por instantes a bela e deserta praia de Lopes Mendes.

Voltamos rapidamente e às 17h44 entramos na trilha para Santo Antônio, agora à esquerda.
Bem, esse é o trecho mais difícil de toda a volta pois não há nenhuma sinalização e a trilha apresenta diversas bifurcações que exigem muita atenção. Difícil também é descrevê-la, mas vou tentar. Há alguns restos de esparadrapo em alguns troncos para auxiliar, mas são poucos.

Cerca de 7 minutos depois da placa surge a primeira bifurcação: a esquerda leva à Praia de Santo Antônio e a direita, ao Caxadaço. Com o avançado da hora, seguimos à direita para alcançar logo o nosso destino. Treze minutos depois um local que exige muita atenção: ao cruzar um riachinho (que pode até estar seco) há uma grande pedra (de mais de 2m de altura) à direita e a trilha (errada) segue visivelmente em frente; aqui deve-se procurar uma trilha que sobe à direita logo depois da pedra. Três minutos depois a trilha chega a ficar escura por passar no meio e por baixo de grandes rochas. Vinte e dois minutos depois um corrimão de cordas colocado à direita, junto a uma enorme pedra, ajuda a passar por uma laje escorregadia. Mais 4 minutos e é preciso estar atento e pegar uma trilha que sobe íngreme à direita enquanto a principal parece seguir em frente. Um minuto depois, na bifurcação, deve-se subir à direita. Mais 38 minutos e o ponto mais crítico: após cruzar um riacho, há diversos caminhos. Para chegar ao Caxadaço: após cruzar o riacho, siga alguns passos pela trilha mais batida e pare na primeira bifurcação que sai para a direita; não vá nem para a direita nem para a esquerda, mas procure um terceira trilha escondida que sai no meio das duas (ligeiramente à direita). Esse caminho sai da mata fechada e sobe muito forte entre samambaias para em seguida adentrar novamente a mata. Daqui em diante é se manter na trilha mais batida pois a descida dá direto na Praia do Caxadaço.

No ponto mais crítico que citei, o caminho sempre em frente leva a um bom local de acampamento, plano e do outro lado do riacho (acampamento que pode até ser uma boa opção dependendo do horário pois não é nada recomendável fazer esse trecho com pouca luz). Depois o caminho continua até um costão rochoso, mas não é uma boa alternativa tentar chegar ao Caxadaço por esse costão.Lembro-me de dois bons pontos de água em todo esse trecho de Lopes Mendes ao Caxadaço.Chegamos à praia às 20h25 com o auxílio de lanternas e acampamos na parte plana mais próxima ao riacho. Não custa lembrar que o camping aqui é proibido, assim como em todas as praias entre Palmas e Parnaioca.

2º DIA - 20/12/09 - DOM - do Caxadaço a Parnaioca

Levantei às 6h30 para curtir aquela maravilha de praia, lugar que eu sonhava conhecer há muitos anos. E era só nossa. Ao subir no costão à esquerda, vi duas tartarugas-marinhas e uma lontra nadando despreocupadas. Infelizmente às 10h30 apareceu a primeira lancha de turistas e resolvemos retomar a caminhada.

A trilha para Dois Rios começa depois do riacho, que deve ser cruzado pela ponte-tábua e depois saltando pelas pedras. Daqui em diante entramos numa trilha oficial, a T15, sinalizada e sem nenhuma dificuldade. Num trecho ela tem calçamento antigo, feito pelos escravos, que denominaram Caminho das Pedras. Em 1h35 alcançamos a estrada Abraão-Dois Rios, bem no local onde há um painel da trilha T15, um pouco antes da alameda de palmeiras-imperiais que marca a entrada dessa vila, descendo à esquerda. Na chegada à primeira praça, um guarda nos abordou e anotou nossos nomes e nosso destino. Dissemos que iríamos só até Parnaioca, o que é permitido (depois começa a área da reserva biológica).

Comemos um lanche na praia (um bar ali serve PF) e fomos visitar o antigo presídio, ou Instituto Penal Cândido Mendes, desativado e implodido em 1994. Quem se impressiona com o estado atual desse local, não sabe o que era aquilo antes da "reforma". Eram só escombros abandonados na última vez em que lá estive. Hoje melhoraram o aspecto geral com uma pintura, isolamento das ruínas não recuperadas e a criação do Museu do Cárcere, com muitas fotos antigas, painéis com textos e uniformes dos detentos.

A trilha T16 começa exatamente do lado direito do presídio, seguindo o muro, e tem como atrativos a Toca das Cinzas, local onde, segundo a lenda, os escravos ladrões eram mantidos presos em argolas até virarem pó, e uma figueira gigante, tão grande que uma trilha a circunda. Mais à frente observei à esquerda altos muros de pedra que um dia foram a base para uma ponte pois nesse local já passou uma estrada (converse com a Janete do camping de Parnaioca que ela poderá lhe contar essa incrível história).

Gastamos 3 horas entre Dois Rios e Parnaioca. É a trilha mais extensa dentro da mata fechada e nela tivemos o primeiro contato com o estranho e intimidador barulho emitido pelos bugios. Há pelo menos quatro pontos de água boa e de fácil coleta no caminho.

Na chegada a Parnaioca, o primeiro terreno para camping é o da mãe da Janete, que estava sendo reativado, faltando ainda alguns detalhes como iluminação. Montamos as barracas ali. Em seguida vem a casa da própria, com mais espaço para barracas, bem mais perto da praia. Seguindo pela praia há o camping do Sílvio também. A Janete nos disse que o limite de pessoas para os três campings agora é de apenas 50 pessoas e que o controle será feito em Dois Rios.

O pernoite custa R$15 e o PF R$10. Há uma "cozinha" disponível na varanda da casa da Janete com fogão e pia. A luz vem de gerador a diesel que cada família possui e o banho é frio.
Ainda tivemos tempo de ir conhecer a igreja (com cemitério bem-cuidado ao lado) e a cachoeira, que é como eles chamam o rio cheio de pedras e pequenas quedas-d'água. E ainda assistir a um belíssimo pôr-do-sol.

Como o movimento no camping estava bem tranquilo, tivemos a oportunidade de conversar com a Janete após o jantar e saber de muitas histórias interessantes do passado da Ilha Grande, que já teve grandes fazendas de café e cana-de-açúcar.

3º DIA - 21/12/09 - SEG - de Parnaioca à Praia Grande de Araçatiba

Acordamos cedinho com o barulho muito alto das cigarras e também dos bugios, que devem ser bem numerosos naquela mata. Nos despedimos da Janete logo cedo, às 7h25, pois pairava uma suspeita de que pudesse haver algum fiscal na Praia do Leste, a primeira da reserva, impedindo a passagem em direção ao Aventureiro. Achamos que quanto mais cedo, maior nossa chance de cruzar as praias do Leste e do Sul sem sermos abordados (os fiscais estavam passando de lancha também).

Dois cachorros que estavam no camping resolveram nos seguir e foram nossa companhia durante todo o dia. Eles haviam acompanhado dois caras que caminharam do Abraão até ali no dia anterior. Felizmente nos livramos deles no fim do dia pois estavam causando alguns problemas.

Andamos até o outro extremo da praia (direita), atravessamos o rio tirando as botas e no fim da grande laje de pedra entramos numa trilha não oficial. No caminho, ainda na mata, uma placa advertia de que era "obrigatório o retorno a Dois Rios". Mais alguns minutos e pudemos avistar a bela e imensa enseada com o Aventureiro bem ao fundo e as praias do Sul e do Leste à direita. Chegamos a esta última às 8h38 e não havia ninguém. Cruzamo-la o mais breve possível (cerca de 20 minutos), o que foi uma pena pois o mar é belíssimo: verde e incrivelmente transparente.

Nesse ponto é preciso desmitificar duas coisas que nos relatos e comentários as pessoas fazem alarde demais e deixam todos apreensivos (inclusive eu): a passagem pelo mangue e pelo Costão do Demo. O mangue está situado atrás do costão que separa as praias do Leste e do Sul e que avança um pouco para o mar. Tem gente que recomenda levar até tábua de marés para saber em que momento é possível passar pelo mangue. Nós encontramos a água na altura da canela. O Ronald já passou ali outras quatro vezes e disse que a água nunca chegou aos joelhos. Outra coisa: nada de complicar, é só seguir a primeira passagem entre árvores que aparece à esquerda, o mais próximo do grande costão rochoso. São poucos metros de travessia e ainda com o chão de areia, sem lama ou lodo. Pelo que já li e ouvi a respeito, eu arrisco dizer que em condições normais de tempo a profundidade não deve mesmo passar do joelho, após uma chuva muito longa pode chegar à cintura e mais fundo que isso deve ser em situações bem raras (ou é pura conversa fiada mesmo).

Depois de calçadas as botas, saímos pela primeira trilha que apareceu à esquerda. Na chegada à areia da Praia do Sul, havia uma lancha parada bem em frente, perto do costão. Voltamos um pouco e discutimos o que fazer caso fosse a fiscalização. Depois vimos que se tratava de uma lancha de turistas e que a praia não era tão deserta assim pois cruzamos com alguns grupos (até de gringos) vindo do Aventureiro. Levamos 35 minutos para atravessá-la.

O segundo mito: o Costão do Demo. Outro lugar que dizem para olhar a tábua de marés, que há grande perigo de escorregar e cair no mar, etc. A verdade: há realmente algumas línguas escorregadias porém são muito estreitas e é só prestar atenção e não pisar nelas. A única língua mais larga, a que poderia causar algum acidente, tem pedras concretadas para as pessoas pisarem com segurança. Simples assim. Talvez sob chuva seja difícil identificar as línguas pois toda a pedra estará molhada e nessas condições é melhor evitar passar por ali.

Ao final do Costão do Demo, às 10h24, uma das mais belas visões de toda a caminhada: as praias do Aventureiro e do Demo juntas formam um conjunto de beleza tão sedutora que fiquei paralisado por alguns minutos admirando (e não acreditando no que via).

Ali é que encontramos um fiscal de plantão, que perguntou ao Ronald (que estava na frente) seu nome e o fotografou, advertindo-o de que era proibido passar por ali. Porém ao ser questionado sobre as pessoas com quem cruzamos dentro da reserva ele disse que não tinha como impedir a entrada (!?!?).

No Aventureiro fotografei o famoso coqueiro inclinado e depois paramos um pouco no Camping do Luis. Ali é possível almoçar (R$10 o PF), mas eu fiquei só no lanche pois levei muita comida. Há muitos campings nessa praia e para a temporada há um limite de 560 pessoas, o que já parece exagero para o tamanho do lugar, porém disseram que nos feriados mais movimentados o número de pessoas acampadas já passou de 3 mil! O camping do Luis custava R$10 antes do Natal e R$20 depois. A energia elétrica vem de geradores a diesel em cada casa, como em Parnaioca.

A continuação da trilha não é no fim da praia mas bem próximo ao Camping do Luis, junto ao painel da trilha T9. Saímos às 13h26. O caminho é bem largo mas a subida é muito forte. Tive de parar para descansar por uns 20 minutos pois o calor também era insuportável, fazendo-me suar excessivamente e perder muito líquido. O desnível chega a 347m e é possível ver a Praia do Leste lá de cima, por entre a vegetação. A descida estava bem escorregadia apesar dos dias secos. Passei por uma pedra com curioso formato de cabeça de tubarão em que alguém pintou a boca escancarada e os olhos do bicho. Há dois pontos de água nessa descida.

Mais um pouco e a mata se abre para uma esplêndida visão da Praia de Provetá, a famosa praia dos evangélicos. Do alto já se avista o grande templo da igreja Assembléia de Deus. Na descida há um entroncamento em que se deve seguir à direita. À esquerda chega-se a uma pousada/camping. Em Provetá, às 15h33, reencontramos a energia elétrica e uma vila com calçamento, coisa rara na ilha. Há bares, padaria e casas que vendem sacolé. Informaram que há duas pousadas e um camping ali. A continuação oficial é a trilha T8, que leva a Araçatiba, porém, como queríamos visitar no dia seguinte a Gruta do Acaiá, resolvemos pegar uma trilha não oficial para a Praia Vermelha, que fica mais próximo da gruta. Estávamos certos de que encontraríamos camping por lá.

Às 16h10, entramos na rua à direita da igreja Assembléia de Deus, seguimos entre casas até a ponte, atravessamo-la e entramos imediatamente à direita. Seguimos os cabos de energia elétrica e na encosta à direita podíamos ver os cabos que acompanham o caminho para Araçatiba (trilha T8). Essa subida também foi muito dura, íngreme demais em alguns pontos. Há uma bifurcação em que se deve subir à esquerda pela trilha mais marcada. O calor e o cansaço novamente me obrigaram a parar um pouco para descansar antes de atingir o topo, aos 290m de altitude.

Às 17h50 chegamos a um entroncamento e seguimos à esquerda. Mais 5 minutos e num segundo entroncamento, ao lado de uma casa, fomos para a direita. Chegamos à Praia Vermelha às 18h08 e começamos a perguntar sobre camping. Falamos com cinco pessoas, chegamos a ir à casa de moradores que antes permitiam acampar no quintal, mas não conseguimos encontrar um lugar para ficar. A única opção foi dada pelo sr.Salvador, que disse que não haveria problema em acamparmos na areia da praia em frente ao seu bar. Como havia tempo de chegarmos à Praia Grande de Araçatiba ainda com luz, resolvemos procurar algo melhor. Pegamos a trilha T7 em direção a Araçatiba e passamos por pelo menos dois pontos de água. Em 40 minutos pegamos à esquerda no entroncamento (à direita é a trilha T8 que vem direto de Provetá sem passar pela Praia Vermelha), passamos pela pequena Praia de Araçatiba (que tem apenas uma fábrica de pescado abandonada) e em mais 5 minutos chegamos ao camping Bem Natural, um pouco antes da Praia Grande de Araçatiba.

Estávamos exaustos porém o preço absurdo do camping (R$25) me fez recuperar as energias e procurar outro lugar para ficar. Caminhei mais alguns minutos até a Praia Grande de Araçatiba e comecei a perguntar. Acabei chegando ao camping do Benê (na verdade apenas o pequeno quintal na frente da casa dele e um banheiro com ducha fria), onde fui atendido pelo Nei, que me pediu R$10. Jantei no restaurante bem ao lado, dele também, um PF por R$12. E soube de pousadas ali na praia que têm diária de R$20 e R$25 por pessoa.

4º DIA - 22/12/09 - TER - da Praia Grande de Araçatiba à Enseada do Sítio Forte (com a Gruta do Acaiá)

Encontrei o Ronald no Camping Bem Natural às 9h e fomos (sem mochilas) visitar a Gruta do Acaiá. Voltamos portanto 50 minutos pela trilha T7 até a Praia Vermelha e lá pegamos a continuação dela para a gruta, que começa ao lado da igreja Assembléia de Deus, no canto esquerdo da praia. Logo vem uma subida por uma área de vegetação baixa (melhor evitar o sol forte) e depois algumas casas, sendo que numa delas há dois cachorros bem nervosos, mas nada que um galho grande não resolva. Água fácil na trilha não há, mas um curto desvio à esquerda leva a um reservatório onde mangueiras despejam água captada de uma mina.

A trilha termina num portão, aonde chegamos às 10h47. Batemos nas primeiras casas abaixo mas ninguém atendeu. Seguimos um caminho dentro do terreno e chegamos a uma outra casa, onde fomos recebidos por um homem que nos cobrou os R$10 da visita (chorei mas não houve desconto). Ele nos emprestou uma lanterna, nos levou à entrada da gruta e nos deu as orientações de como nos locomovermos lá embaixo.

A entrada é bem estranha, um buraco no chão entre grandes pedras. Deve-se descer por duas escadas de madeira e daí em diante é preciso usar a lanterna e andar bem abaixado pois a altura é de apenas 60cm. Na parte mais baixa do salão a água do mar penetra por uma fenda submersa e a luz do sol provoca uma ilusão de fluorescência verde na água. Interessante, porém quem já foi à Chapada Diamantina vai se decepcionar com a simplicidade do fenômeno. Pelo que li no relato da Carol (http://carolemboava.multiply.com/photos/album/93/93), a melhor forma de aproveitar esse lugar é mergulhando com snorkel.

Ao sair, fomos dar uma espiada no costão sobre a gruta, local onde as lanchas de passeio param para a visita. Na volta para a Praia Vermelha, pude avistar do alto da trilha os barcos parados na Lagoa Verde e a bela Praia de Itaguaçu. Parei nessa praia para fotos, apenas 7 minutos depois da Praia Vermelha, num desvio de alguns metros à esquerda da trilha principal para Araçatiba (T7).

Ronald almoçou no camping, pegamos as mochilas e saímos da Praia Grande de Araçatiba às 15h35. É só caminhar até o fim da areia dessa praia para pegar a trilha T6 em direção à Enseada do Sítio Forte. Chegamos à Praia da Longa às 16h20, onde, para evitar tirar as botas num riacho mais largo que deságua no mar, é melhor entrar numa rua à direita, virar na primeira à esquerda e seguir o calçamento passando pela ponte e pela Cachoeira da Longa (apenas um rio com pequenas quedas). Depois, em vez de voltar à praia, deve-se passar pela igreja Assembléia de Deus (outra!) e seguir os cabos de energia elétrica, subindo. Saí dessa praia às 16h47, descansei um pouco na subida e cheguei à Praia de Ubatubinha às 17h43, tendo o primeiro contato com a bela Enseada do Sítio Forte.

Para chegar a Ubatubinha, passamos pela lateral direita da cerca que há na trilha antes de descer à praia e acabamos caindo no gramado da propriedade pois essa é mais uma das praias inteiramente tomadas (e cercadas) por um único dono. É melhor evitar isso e descer pela trilha à esquerda ao lado da cerca. Parece que há inclusive um ponto de água nesse caminho.

A trilha continua no fim da praia, sobe e na curva à direita tem-se uma linda visão da Enseada do Sítio Forte, com três praias (da esquerda para a direita): Marinheiro, Sítio Forte e Tapera. Na Praia da Tapera há um bar-restaurante que tem saracuras como mascotes; o restante da praia é cercado por uma propriedade. A Praia de Sítio Forte pertence ao Banco Safra mas tem moradores, uma escola e uma ducha com torneira para encher os cantis. A Praia do Marinheiro não conhecemos. Nas três não há hospedagem e é proibido acampar, mas conversamos com algumas pessoas e montamos as barracas com o cair da noite. De Ubatubinha à Praia da Tapera levamos menos de 20 minutos. Dali até a Praia de Sítio Forte mais 10 minutos.

5º DIA - 23/12/09 - QUA - da Enseada do Sítio Forte à Praia de Japariz

Saímos da Enseada do Sítio Forte e chegamos à Praia de Maguariqueçaba às 8h. Aqui entramos na trilha T5 e no território das pousadas de japoneses. Maguariqueçaba e Passaterra, 8 minutos à frente, são ocupadas cada uma por uma grande pousada de família japonesa que se fixou ali para trabalhar nas antigas fábricas de pescado. O mar é belíssimo, transparente, e pude ver uma estrela-do-mar e uma tartaruga-marinha quando fui tirar fotos a partir do trapiche. Saímos de Passaterra às 8h41 e às 9h05 passamos por uma enorme figueira branca que cresceu sobre uma rocha também gigante, com as longas raízes parecendo tentáculos.

Às 9h14, pegamos o acesso à esquerda para a Praia da Jaconema, que é quase um pequeno paraíso escondido se não fosse ocupada pela Pousada Nautilus. Vê-se grande quantidade de peixes coloridos sem nem mesmo precisar entrar na água. Saímos dali às 9h48 e chegamos à Praia de Matariz às 10h, atravessando uma ponte e percorrendo o muro de uma grande fábrica de pescado abandonada. Em Matariz há um mercadinho e um camping/pousada. Uma ducha em frente ao mercadinho tem torneira para encher o cantil. Paramos para tomar algo gelado e às 10h35 continuamos. Na saída dessa praia há uma bifurcação, mas ambos os lados levam à próxima praia, a do Bananal, onde há mais pousadas de japoneses e até um torii, um portal japonês. Chegamos ali às 11h06.

Logo depois que passei a igreja do Bananal mais um cachorro bravo quase me mordeu. Pelos painéis da trilha T4 ficamos sabendo de um tal Mirante do Bananal e resolvemos subi-lo. Pegamos informações na Pousada do Preto (mais uma adaptada de uma antiga fábrica de pescado) e pedimos para deixar as mochilas lá. A trilha é um pouco confusa no começo. Há dois caminhos a partir da praia. Nós entramos à direita da Igreja do Divino Espírito Santo e continuamos por trás dela por uma longa escadaria. Mais acima há uma trifurcação e uma casa à direita. Pegamos a esquerda. Mais alguns metros e deve-se subir na direção da primeira casa à direita, passando pela sua direita para pegar o início da trilha. Mais acima deve-se pegar a esquerda numa bifurcação. O mirante fica a 382m de altitude e tem vista apenas para as praias do Bananal e Bananal Pequeno, mas vale a pena.

Na volta, pegamos as mochilas e prosseguimos, agora pela trilha T4. A saída da Praia do Bananal fica no fim da praia, sob um quiosque alto, mas deve-se continuar subindo à direita pois a descida logo à esquerda leva a uma prainha sem saída. Saímos do Bananal às 14h32 e chegamos a Bananal Pequeno às 14h45. Praia pequena tomada por uma propriedade. No canto direito há uma ducha com torneira para abastecer os cantis.

A trilha sobe novamente e é possível avistar os barcos na Lagoa Azul e a Praia da Grumixama. Há um ponto de água aqui. Mais alguns minutos e se vê a Praia de Baixo (ou Praia do Araçá), aonde chegamos às 15h42. É mais uma praia deserta e tem um cemitério mais à direita. Numa trilha de 5 minutos a partir da Praia de Baixo chega-se à também deserta Praia da Grumixama, que naquele instante era área de lazer de uns ricaços com seu iate. Tentei encontrar uma trilha a partir dessa praia para me aproximar mais da Lagoa Azul mas não tive sucesso.

Continuando pela trilha T4, chegamos às 16h26 a um entroncamento (com um painel) e fomos para a esquerda para conhecer a Igreja da Freguesia de Santana, de 1843, monumento religioso mais importante da ilha. Chegamos pelos fundos da igreja em 3 minutos. Percorremos toda a praia, que também é completamente fechada pela cerca de uma propriedade, e pegamos uma trilha curta no final até a Praia da Baleia, deserta porém repleta de lixo trazido pelo mar. No final dessa praia uma outra trilha leva a uma praia minúscula e em seguida à Lagoa Azul, que só não estava mais bonita porque o sol havia sumido. Esse ponto é o extremo norte da Ilha Grande - o que se vê em frente, mais ao norte, é a Ilha dos Macacos.

Voltamos à Praia de Freguesia de Santana e saímos dela pela lateral do galpão no canto direito, sem passar pela igreja, às 17h35. Entramos assim na trilha T3, passamos por dois pontos de água e chegamos à próxima praia, Japariz, às 18h24. Estávamos bem cansados e ainda um pouco longe do Saco do Céu. Como a pousada da Praia de Japariz aceitava barracas (nos fundos), resolvemos pernoitar ali mesmo, com possibilidade de jantar um PF. A garota quis cobrar R$15 pelo camping mas consegui baixar para R$10. O PF custou R$12. Consegui tomar um banho quente num dos quartos da pousada, o primeiro de toda a caminhada.

6º DIA - 24/12/09 - QUI - da Praia de Japariz ao Abraão

Deixamos a Praia de Japariz às 8h16 e em 5 minutos passamos pela Praia do Funil, sem placa de sinalização mas facilmente identificada pelo campo de futebol à direita. A grama desse campo estava muito alta para improvisar um camping mas havia boas áreas planas e de grama baixa ao lado. A praia propriamente dita praticamente não existe. O que há é uma pequena área de areia que antecede um corredor de mata tomado pelo mar, o que pode ter lembrado a alguém um funil. Oito minutos depois pegamos o acesso à esquerda para a Praia da Guaxuma e descemos até ela em 9 minutos. O lugar é surreal pois foi ocupado por um cara que ergueu barracos e galinheiros com materiais diversos. As galinhas passeiam pela bela enseada de areia dourada.

De volta à trilha principal, às 9h15 pisamos no gramado da Praia do Conrado e tivemos a primeira visão da grande Enseada das Estrelas, ou Saco do Céu, com seu característico mangue. Descansamos um pouco nesse convidativo gramado. Poucos metros à frente, antes da Igreja de Cosme e Damião, notamos uma trilha à direita que leva diretamente à Praia do Bananal sem passar pelas oito últimas praias que percorremos.

Contornamos o Saco do Céu no sentido anti-horário pela trilha T2 e passamos pela pequenina Praia do Galo às 10h. Após um corredor de árvores com cercas em ambos os lados, saímos do Saco e reencontramos o mar aberto às 10h35 na Praia de Perequê (ou Praia da Fazenda), com algumas casas mas de vegetação bastante preservada. Uma curta trilha no fim dessa praia nos levou à Praia da Camiranga, onde olhando para trás foi possível ver a Praia de Perequê, a Praia de Fora depois das pedras e a Praia do Amor, esta com uma casinha branca isolada na outra extremidade do Saco do Céu.

A Praia da Camiranga é bem preservada também e tem apenas uma casa no canto direito. A trilha continua no final da areia mas logo surge o portão de uma propriedade da qual é preciso desviar subindo por uma escadaria à direita. Nove minutos depois chega-se à bifurcação para a Praia do Iguaçu à esquerda. Na descida para a praia pegamos a esquerda no entroncamento e fomos barrados pelo muro alto de uma casa. Voltamos e seguimos para o outro lado, alcançando a bela Praia do Iguaçu às 11h20, após percorrer toda a extensão de uma cerca. Mais uma praia toda tomada (e cercada) por uma propriedade, mas ao menos pude desfrutar de acerolas e pitangas que estavam ao alcance da mão sem invadir o terreno, aliás muito bem-cuidado.

Saímos da Praia do Iguaçu às 11h33, voltamos à trilha principal T2, cruzamos um riacho que deve vir da Cachoeira da Feiticeira e às 12h encontramos o acesso à Praia da Feiticeira, à esquerda. Infelizmente um grupo grande de turistas estava vindo da praia e se dirigia à cachoeira, o que nos fez desanimar de ir visitá-la.

A Praia da Feiticeira é deserta (sem casas), mas é local de parada dos barcos de passeio. Naquele momento havia "apenas" oito barcos ancorados e duas barraquinhas improvisadas vendendo guloseimas e refrigerantes. No retorno à trilha principal notei uma bifurcação que talvez leve de volta à Praia do Iguaçu ou a uma tal Praia da Cachoeira, mas não fui explorar.

Foram 12 minutos de volta da Praia da Feiticeira até a trilha principal T2. Alguns metros à frente já encontramos à direita o acesso principal para a Cachoeira da Feiticeira, mas passamos direto (às 12h47). Mais 10 minutos e encontramos um outro acesso a ela, um atalho mais recente em forma de escadaria de troncos para quem vem do Abraão, porém estava interditado.

Subimos o derradeiro morro, que atingiu 115m de altitude, e às 13h42 chegamos ao imponente Aqueduto, construído em 1893 para abastecer de água o Lazareto. Passamos pelo Poção do Córrego do Abraão, bastante concorrido naquele horário, e subimos o Mirante da Praia Preta, onde avistamos um navio imenso bem em frente que havia despejado centenas de gringos nas praias todas da redondeza.

Às 14h20 paramos para almoçar na casa da Mulata (PF por R$10) e demos por encerrada a belíssima e dura volta na Ilha Grande, comemorando com uma cerveja bem gelada para rebater o insuportável calor. Depois passamos no Centro de Visitantes para ver a maquete da ilha feita pelo José Bernardo e refazer mentalmente todo o nosso percurso de seis dias por esse paraíso.

Seguimos a sugestão do Augusto (http://agsts.multiply.com/journal/item/42) e fomos procurar o Camping do Bicão (R$15 com chuveiro quente e cozinha disponível). E fazendo de conta que não estávamos cansados, fomos relaxar um pouco nas prainhas a leste do Abraão: Júlia, Biquinha, Comprida, Crena, Guaxuma (por uma trilha a partir da Crena) e finalmente Abraãozinho, onde tomamos um merecido banho de mar. Voltamos até o centro do Abraão em 35 minutos.

O Camping do Bicão tem boas instalações porém os banheiros não foram limpos durante toda a nossa estada e as lonas azuis que cobrem quase todo o terreno transformam o local numa estufa, o que dificulta dormir.

Não posso deixar de registrar o meu espanto ao ver como está mudada a Vila do Abraão. O turismo explodiu nos últimos anos e a vila, antes bastante provinciana e tranquila (fora dos feriados e temporada, claro), agora tem um movimento enorme de turistas estrangeiros que chegam através dos cruzeiros marítimos já que a ilha entrou na rota desses navios. Isso transformou a vila radicalmente, aumentou muito o número de restaurantes e pousadas confortáveis e hoje as placas do comércio são todas escritas em inglês, muitas só em inglês, ou com o português em segundo lugar. Felizmente a ilha é muito grande e há dezenas de lugares lindos e tranquilos que ainda podemos curtir. Só não gostaria de ver o Abraão se transformar num lugar de badalação, uma outra Búzios... Para quem, como eu, gosta de um contato mais próximo com os moradores mais antigos para bater papo e ouvir histórias, o Abraão já deixou de ser o lugar.

25/12/09 - SEX - Pico do Papagaio e Circuito do Abraão

Para esse dia pensamos em duas opções: se o céu estivesse limpo, sem muitas nuvens, subiríamos o Pico do Papagaio; caso contrário faríamos mais uma caminhada (um pouca longa) até o Farol dos Castelhanos. Como o tempo amanheceu bom e era possível ver o Papagaio já do portão do camping, resolvemos subi-lo. O Pico do Papagaio não é o ponto mais alto da ilha, e sim o Pico da Pedra d'Água, com 1031m, a oeste do Papagaio, que é o segundo mais alto.

Tomamos café numa padaria felizmente aberta em pleno dia de Natal e pegamos a estrada para Dois Rios às 8h08. Às 8h31 alcançamos o início da trilha, à direita da estrada e devidamente sinalizada por um painel (T13).

A trilha sobe muito e a água só aparece depois de 26 minutos, ainda um pouco escassa. Mais uns 10 minutos e já na altitude de 350m surge uma sequência de três riachos com água abundante e de fácil coleta. É bom aproveitar para matar a sede e encher os cantis aqui pois só há mais um ponto de água, não tão bom, depois de mais de uma hora de caminhada. A subida é longa mas não é tão íngreme, às vezes até nivela um pouco, o que não me obrigou a parar para descansar.

Às 10h23 uma placa sinalizava o cume à esquerda e a base à direita. Fui obviamente para o cume. A trilha se aproxima da imensa rocha que sustenta a "cabeça" do papagaio e depois sobe bastante íngreme. Cheguei ao topo às 10h40 e o GPS marcava 960m de altitude (e de desnível, percorridos em 2h32). Meu medo de altura não me atrapalhou em nada e pude chegar bem perto da ponta do enorme bloco de pedra que se equilibra bem no topo.

Apesar de o céu estar com muitas nuvens, pudemos vislumbrar a vila e toda a enseada do Abraão, Lopes Mendes, Dois Rios e várias praias de Angra, no continente. Notamos áreas planas no cume onde é possível armar duas ou três barracas com alguma proteção contra o vento. Depois fui conhecer a base do pico por uma trilha não muito bem marcada. É interessante ver a cabeça do Papagaio tão próxima e num ângulo e formato bem diferentes do que se vê lá de baixo. Na descida, iniciada às 12h36, parei para um lanche junto ao riacho e cheguei ao Abraão às 15h14. De lá vi que o pico continuava com tempo instável, desaparecendo constantemente em meio às nuvens.

Almocei na Mulata e fui terminar o chamado Circuito do Abraão (trilha T1): rever a Praia Preta e as ruínas do Lazareto, que continuam como antigamente, com exceção dos painéis que explicam a formação mineral da praia e a história do Lazareto. Caminhei até a Praia do Galego, que fica depois da Praia Preta, mas dali em diante não é possível continuar pois placas advertem que o Sítio do Galego é uma propriedade particular.

Nesse dia foi um navio procedente da Argentina que ancorou em frente ao Abraão e despejou argentinos, uruguaios, europeus e muitos outros turistas que lotaram as praias todas da enseada.

26/12/09 - SÁB - de volta a Angra dos Reis

Nesse dia o camping e toda a ilha começaram a lotar e percebemos que era hora de dizer "até breve, Ilha Grande". Partimos na barca das 10h para Angra, aonde chegamos às 11h20.

IMPRESSÕES BASTANTE PESSOAIS

Tenho a satisfação e o privilégio de conhecer a Ilha Grande desde 1989 e esse lugar sempre fez parte das minhas melhores lembranças. Já havia estado em localidades como Bananal, Freguesia de Santana, Maguariqueçaba, Lopes Mendes, Dois Rios e Saco do Céu em diferentes momentos da minha vida. E já ouvira histórias e descrições de quase todas as outras praias e vilas ao redor da ilha. Essa caminhada portanto teve um sabor muito especial de reencontro com lugares quase perdidos na memória e de primeiro contato com lugares quase míticos para mim, já que nunca havia pisado ali antes. Muitas lembranças (principalmente de pessoas queridas) vieram por todo o percurso e a viagem se interiorizou em muitos momentos, o que me fez por diversas vezes me sentir um peregrino, tanto pelo desgaste físico quanto pela viagem que fiz para dentro de mim mesmo durante esses seis maravilhosos dias.

Rafael Santiago
dezembro/2009