sábado, 12 de novembro de 2011

Travessia de 6 dias no PN do Itatiaia (RJ/MG) - set/11

As tão aguardadas férias de 2011 estavam finalmente chegando e resolvi dedicar todos os meus 23 dias de "descanso" às trilhas e montanhas da serra fluminense.

A primeira semana foi reservada a fazer duas travessias em Itatiaia que planejava há muito tempo e estava difícil conseguir realizar, a Alsene-Maromba e a Rui Braga. Como ligação entre elas resolvi explorar alguns picos, caminhos e paisagens que não conhecia. Assim nasceu a idéia de uma travessia de seis dias no Parque Nacional do Itatiaia, partindo da Maromba, atravessando o Rio Aiuruoca e todo o planalto até desembocar na sede em Itatiaia.

De São Paulo à Maromba

No sábado, parti de São Paulo no Cometa das 10h para Resende. Desci na rodoviária do Graal, às margens da Dutra, às 13h30 e me dirigi ao guichê da empresa Resendense, que leva a Mauá, Maringá e Maromba. Me informaram que os ônibus saem do subsolo, nos fundos da rodoviária. Desci as escadas e aguardei o ônibus das 14h, que apareceu com 10min de atraso. É um ônibus do tipo urbano (o motorista é também cobrador) e a passagem custa R$6,10. Subimos toda a serra e do outro lado encontramos o tempo um pouco pior, com céu cinzento e uma fina garoa. Passamos por Mauá, Maringá (bastante movimentada para um fim de semana de baixa temporada e tempo feio) e enfim chegamos à Maromba às 15h45. Primeiro procurei uma pousada, perguntando em várias, e decidi pela Águas Claras, por R$35 o quarto com banheiro privativo e café da manhã. Até encontrei preço mais baixo, porém sem café. Na chegada tive a surpresa de cruzar com dois moradores da Fragária que voltavam para casa com suas mulas depois de ter vendido o queijo e mel nas vilas, o que me deixou contente por presenciar já de cara o que vi na ótima matéria do Globo Rural intitulada "Os Tropeiros do Parmesão", disponível no Youtube.

Nesse dia, seguindo indicação do Sandro, almojantei num restaurante na rua atrás da igreja, às margens do Rio Preto, chamado Restaurante da Nuia. A comida é ótima e muito barata, uma fartura por meros R$10. Andei um pouco pela vila pois não pisava ali havia muuuuitos anos e fui dormir cedo pois no dia seguinte começaria minha mais longa jornada solo, a despeito do tempo nada convidativo.

1º dia - Da Maromba à Pedra Preta (ou Pico Serra Negra)

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/119/119.

O café da manhã da pousada é um atrativo à parte, tudo preparado pela dona, bom demais, mas não podia passar a manhã inteira me fartando daquelas delícias, precisava começar a andar... Assim, parti da Maromba às 8h55 subindo a rua principal em direção à Cachoeira do Escorrega. Fiz um desvio de poucos metros à esquerda para rever a Cachoeira Véu da Noiva e depois parei para fotos do Poção da Maromba, ambos desertos naquele horário.

Às 9h33 cheguei à bifurcação do Escorrega, bastante sinalizada, não tem como errar. Em vez de subir à esquerda para essa cachoeira, continuei à direita e atravessei as duas pontes seguidas sobre o Rio Preto, passando do estado do Rio de Janeiro (município de Itatiaia) para o estado de Minas Gerais (município de Bocaina de Minas). A estrada faz então uma curva para a direita e outra à esquerda, onde há uma porteira (à direita), que estava fechada a cadeado. O caminho para a Serra Negra começa exatamente nessa porteira (seguindo em frente se chega à cara Pousada Tiatiaim, onde quiseram me cobrar R$120 só por uma noite). Pulei a porteira e subi alguns metros até o portão de uma casa. Lembrei-me de ter passado por ali há muitos anos e de ter seguido a rua sempre em frente, o que foi um erro que nos fez voltar. Dessa vez quis explorar esse caminho para saber enfim onde iria dar. Segui em frente então. A rua sobe bastante e bifurca logo após passar por uma casa à esquerda. Decidi tomar a esquerda, subi mais e após um larguinho a rua se converte em trilha. Nessa hora vesti as minhas inseparáveis perneiras contra cobra, acessório que passei a usar depois de vários e inoportunos encontros com esses simpáticos bichinhos. Bem, a exploração durou pouco pois logo a trilha se dividiu e fechou em todas as direções. Voltei até próximo da última casa e tomei o ramo da direita, que subiu bastante por trilha bem marcada e desembocou numa estradinha gramada que é justamente um caminho alternativo à Serra Negra que começa na Cachoeira de Santa Clara (à direita). Ok, concordo que esse caminho que descobri é totalmente inútil já que é um trajeto mais longo, mas ao menos satisfiz minha curiosidade exploratória. Subi à esquerda pelo caminho largo, que se estreitou até virar uma trilha, e às 11h05 alcancei a bifurcação onde deveria ter chegado se subisse pela trilha mais usada (que começa entre a porteira e a primeira casa).

A trilha a partir daí sobe bastante larga e erodida por causa do trânsito das mulas dos tropeiros e logo a visão se amplia até a Pedra Selada e a serra por onde serpenteia a estrada que liga Resende a Mauá. Até esse momento o céu estava encoberto mas conseguia visualizar a essa distância. O caminho segue bastante agradável em longos trechos de mata e às 12h topei com uma placa de "água potável a 50m". Uma recomendação: só desça até esse ponto de água se estiver muito desesperado pois é uma pirambeira escorregadia e muito ruim. Nem vale a pena pois meia hora depois há outra placa indicando água a 140m da trilha principal, esta bem mais fácil.

Continuei a suave subida e às 13h30 cheguei a um descampado conhecido como Morro Cavado, onde já havia acampado tempos atrás. A neblina havia baixado e não conseguia enxergar nem 100m, por isso perdi a bonita visão das montanhas na direção da Fragária, o Pico do Papagaio, etc. Também passou despercebida a bifurcação que à direita leva à Serra Negra e Fragária e à esquerda ao Matão, onde mora o Sr José Rangel (ou Zé do Anísio), caminho que deveria tomar. Os vários sulcos paralelos ajudaram a me confundir. Só me dei conta disso ao avistar uma placa no meio do capim indicando Fragária à direita. Gastei um tempo explorando os vários caminhos por ali e por fim, confirmando o trajeto com um cavaleiro que surgiu das brumas com seu fiel cachorro, tomei as bifurcações sempre à esquerda, o que me fez subir mais um pouco e depois descer em ziguezagues em direção ao Matão. Nessa vertente, o tempo estava melhor e já podia ver um pouco das montanhas entre as nuvens.

Resumindo, é o seguinte: a primeira bifurcação surge imediatamente após uma laje de uns 20m de comprimento. Como mencionei, a direita leva à Serra Negra e Fragária e a esquerda ao Matão. Se você deixou passar essa, é só seguir a placa fincada no meio do capim para descer à Fragária à direita. Para o Matão, siga em frente (esquerda). Se não viu essa placa, há ainda uma terceira chance: 100 metros depois dela, uma nova bifurcação discreta tem os mesmos destinos das anteriores. Eu me mantive sempre à esquerda e comecei a descer para o Matão por volta de 15h.

Essa descida tem algumas bifurcações também. A primeira chega a ser uma trifurcação mas o ramo da esquerda acompanha uma cerca e parece fechar logo. O da direita desce direto para o Matão, o que não era meu objetivo por enquanto. Queria na verdade subir a Pedra Preta (ou Pico Serra Negra) ainda nesse dia, acampando no platô logo abaixo, chamado de Pedra Pequena. Segui em frente então. Na próxima bifurcação a trilha da direita me pareceu mais aberta, mas acho que a da esquerda funcionaria como atalho.

Alcancei assim a trilha mais larga que sobe da casa do Sr José Rangel (à direita) para a Pedra Preta. Tomei a esquerda e segui pela sombra da mata. Cruzei um riacho às 16h10, a primeira água desde aquela a 140m da trilha. Subi um pouco e topei com nova bifurcação. Continuei à esquerda e depois soube que à direita seria um outro caminho para a Cabana da Cabeceira do Aiuruoca, meu destino no segundo dia.

Dali em diante me mantive na trilha principal até chegar às 16h40 a um cercado abandonado, talvez um antigo curral, junto a um riacho reduzido a um fio d'água por causa da longa estiagem. Ali a coisa começou a complicar. Eu tinha dois caminhos gravados no gps, um à direita (sudoeste), alguns passos antes do riacho, e outro à esquerda (nordeste), atravessando o riacho e o cercado. Confiei mais na marcação que ia para a direita (sudoeste).

Andei cerca de 600 metros mata adentro e percebi que a trilha se afastava do cume da Pedra Preta e divergia da marcação do gps. Voltei uns 50m e tentei interceptar a trilha do gps, mas varei mato sem sucesso. Melhor retornar até onde houve a divergência e começar de novo! Fiz isso e não consegui encontrar a trilha que o gps indicava sair para a esquerda (sudeste). Fui e voltei várias vezes, entrei um pouco na mata, mas nada. Como a noite começava a cair e eu ainda não tinha uma solução, decidi voltar ao cercado abandonado e acampar por lá mesmo, com água ao lado. Altitude de 2060m.

Nesse dia caminhei 21km (contando as explorações de trilhas).

2º dia - Da Pedra Preta (ou Pico Serra Negra) à Cabana da Cabeceira do Aiuruoca (ou quase)

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/123/123.
O tracklog da Pedra Preta está em http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=2297266.

O segundo dia amanheceu radiante, com sol e céu azul. E felizmente o tempo se manteve assim pelo restante da travessia.

Desisti de bater cabeça na trilha do dia anterior e fui tentar a outra trilha marcada no gps, a qual queria evitar por estar com o traçado incompleto.

Desmontei acampamento e comecei a caminhar às 8h20 na direção nordeste por uma trilha bem mais larga que a do dia anterior. Na primeira clareira pude ver lá no alto a Pedra Pequena, onde planejava ter acampado esta noite. Na segunda clareira me deparo com uma trifurcação. Tinha informação de que o caminho da esquerda levaria de volta à Maromba, o que ainda precisa ser conferido. Segui em frente e consegui chegar à encosta da Pedra Pequena, já visível acima da minha cabeça, à direita. Tentei subir por uma trilha mas ela logo desapareceu. A recompensa para essa nova tentativa frustrada foi avistar na direção da Maromba um belo tapete de nuvens encimado por um céu estupidamente azul. Desci de volta à trifurcação e peguei o caminho da esquerda (à direita quando passei pela primeira vez), menos visível que os outros dois. Apesar disso, a trilha tinha mais continuidade e eu estava mais próximo da marcação do gps, o que não significou andar por um caminho fácil. Muito pelo contrário. Achei e perdi resquícios de trilha umas trinta vezes, bati cabeça de novo, fui e voltei procurando atravessar a mata pelo caminho menos fechado e íngreme. Isso tornou a caminhada demorada e bastante cansativa. Consegui enfim alcançar às 10h44 a trilha principal da subida (ela existe!) num ponto entre o cume e a Pedra Pequena, cerca de 100 metros acima desta. Descansei algum tempo e desci um pouco para contemplar a paisagem a partir da Pedra Pequena, que é um platô-mirante a 2331m onde é possível acampar (sem água). Depois escondi a mochila e parti para um ataque ao cume da Pedra Preta. O caminho dali para cima também estava por vezes camuflado pela grande quantidade de folhas no chão, mas o avanço foi bem mais fácil do que antes. A mata foi se transformando em campo de altitude e começaram a aparecer as lajes inclinadas e os platôs de pedra.

Olhando de baixo, o topo aparece como um extenso paredão de pedra, o que dá a expectativa de ser uma subida difícil e arriscada. Mas vencidas as lajes um caminho bastante acessível vai aparecendo à esquerda. Assim, às 12h27 cheguei ao cume da Pedra Preta, que com seus 2572m de altitude (2573m no meu gps) consta do Anuário Estatístico do Brasil, editado pelo IBGE (http://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza ... EB2010.pdf), como a 22ª montanha mais alta do Brasil, com o nome de Pico Serra Negra. A visão é espetacular, 360º literalmente. Na direção norte o Pico do Papagaio com o Morro Cavado em primeiro plano, no quadrante sudoeste a Serra Fina e a Pedra Furada, a leste avista-se Visconde de Mauá e ao sul os picos do parque nacional, como Couto, Altar e Sino.

Procurei o livro de cume mas não encontrei. Parece que fica dentro do totem, mas não consegui vê-lo e não quis desmontar o totem inteiro para ver se estava escondido lá dentro.

Comecei a descida às 13h10, peguei a mochila escondida, passei pela Pedra Pequena e continuei descendo por uma trilha bem marcada que encontrei. Estava muito curioso em saber onde ela me levaria pois devia ser a trilha oficial que eu ainda não havia conseguido encontrar. As marcas de facão nas árvores confirmavam isso. Por fim, desemboquei na trilha que percorri no dia anterior num ponto onde não havia nenhuma indicação e não cheguei a explorar tanto. Havia finalmente descoberto a trilha certa. Deixei algumas marcações com tiras de plástico numa árvore para orientar os próximos aventureiros pois a conexão com a trilha principal é realmente discreta e quase imperceptível. Se os guias não retiraram, as marcações devem estar lá ainda.

O caminho de volta passou pelo cercado abandonado (às 14h45) com seu riachinho quase seco, onde fiz uma pausa e depois desci à esquerda. Na próxima bifurcação tomei a direita, mais à frente saltei o riacho maior e depois passei direto pela trilha por onde cheguei no dia anterior. Dali foram cerca de 500 metros até a casa do sr José Rangel, morador que fiz questão de conhecer, filho do quase lendário sr Anísio, já falecido. Cheguei ali às 15h40. Conversamos algum tempo, não recusei o café pois é falta de educação numa casa mineira e ao sair ele me indicou a continuação da trilha em direção ao Alsene, abaixo de sua casa. Nas montanhas em frente, na direção do parque, se destacava a Pedra Grande, com seu formato piramidal vista por esse ângulo e com acesso por trilha. Me despedi dele e saí às 16h25. Atravessei uma pequena ponte e segui pela trilha bem marcada, que subiu bastante em meio à mata. Passei por dois pontos de água, o curral de um sítio aparentemente abandonado à direita, mais dois pontos de água e... a noite caiu. Não consegui alcançar a Cabana da Cabeceira do Aiuruoca, ainda mais de 1km à frente, mas por sorte encontrei um ótimo gramado onde montar a barraca, logo após um charco. Altitude de 1841m.

Nesse dia caminhei só 12,84km, mas houve subidas e descidas, como o desnível de 513m do cercado abandonado até o cume da Pedra Preta.

O sr José Rangel aluga dois chalés construídos ao lado de sua casa. O telefone é (35)9965-6515.

3º dia - Da (quase) Cabana da Cabeceira do Aiuruoca ao antigo Alsene, com Pedra Furada e Pedra do Camelo

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/124/124.

Desmontei acampamento e comecei a caminhar às 7h35. Logo me deparei com um charco e no desvio à direita notei o que parecia ser um outro caminho, mas não fui explorar. Talvez leve à Vargem Grande ou à Serra Negra, algo a ser verificado numa próxima oportunidade. Mais 240m e alcanço então às 8h a Cabana da Cabeceira do Aiuruoca, que é uma casa de madeira grande ao lado de outra menor, igualmente de madeira. Elas ficam junto ao belíssimo e gelado Rio Aiuruoca, com suas águas incrivelmente transparentes, e podem ser alugadas pelo telefone que aparece nesta foto. Salvo engano, pertencem a um sobrinho do sr José Rangel. Explorei esse aprazível local por algum tempo e encontrei a trilha que leva à Cachoeira do Aiuruoca, que fica bem próxima das nascentes desse rio, aliás as nascentes mais altas do país segundo algumas fontes (segundo outras, seria a nascente do Rio Claro, na Serra Fina, a mais alta do Brasil).

Às 9h atravessei o Aiuruoca próximo aos restos da ponte de pedra e segui o caminho bastante largo em frente que sobe para o antigo Hotel Alsene, fechado pela Justiça em outubro de 2009 por lançar esgoto num riacho próximo. Esse caminho largo se transforma em trilha e depois alarga novamente, parecendo ter sido mesmo uma estrada no passado. A visão se amplia no horizonte à medida que subo e num dado momento, após uma casinha à esquerda, começo a ver o Morro Cavado (por onde passei no primeiro dia) e o cume da Pedra Preta. A Pedra Grande se mostra num formato já bem diferente daquele visto da casa do sr José Rangel.

Às 10h06 topei com uma cerca de arame farpado que me obrigou a passar rastejando no capim. Ao passá-la tive a primeira visão do Alsene com a Pedra do Camelo atrás. O caminho se estreita de novo para atravessar um trecho de mata e 15 minutos depois dela passo por outra casa à esquerda. Mais um pouco e começo a ver o cume da Pedra Furada.

Às 11h cruzo uma ponte rústica de troncos sobre um riacho que acredito ser o que o Alsene poluía. Não imaginava que ainda acabaria voltando a esse local nesse mesmo dia...

A subida desde a Cabana foi penosa, 514m de desnível sob sol forte. Alcancei a bifurcação à direita para a Pedra Furada às 11h25 e parei na primeira sombra para largar a mochila e descansar. Essa bifurcação fica menos de 250m antes da estrada de terra que vem da Garganta do Registro e que é praticamente o único acesso de carro à parte alta do parque. Enquanto descansava, ouvi barulho de motos se aproximando e passaram por mim dois funcionários do parque. Tomaram a direção da Pedra Furada também, assim como eu fiz às 11h47.

O caminho para a Pedra Furada é bem largo e tem trechos com muita erosão. É um atrativo bastante interessante pela visão espetacular a partir do cume e por ficar aquém da portaria do parque, ou seja, é gratuito. O nome peculiar se deve a um conjunto de pedras amontoadas que se equilibra na sua encosta leste e apresenta um buraco nos encaixes entre si.

A trilha para o cume sai desse caminho largo uns 150m depois de uma porteira, para a esquerda. O caminho largo continua e me disseram que chega à Pousada dos Lobos. O desnível até o topo a partir da porteira é de apenas 150m e em relação ao Alsene é de 214m, ou seja, é uma caminhada fácil. Alcancei o cume às 13h e graças ao dia limpo pude desfrutar da bela panorâmica de 360º. Da primeira vez que subi, há alguns anos, a neblina não me deixou ter a menor idéia da visão impressionante que se tem dali. Fora isso, a satisfação de ticar mais uma montanha da lista do IBGE pois a Pedra Furada, com seus 2589m (2577m no meu gps), é oficialmente a 20ª mais alta do Brasil. E o que se avista de lá? A sudeste, Agulhas Negras, Morro do Couto, o antigo Alsene; a leste a Pedra Selada de Mauá; a nordeste, a Pedra Preta; ao norte, o Pico do Papagaio; a sudoeste, a Serra Fina (com vários focos de incêndio) e ao sul o Vale do Paraíba, só para citar alguns lugares.

Na descida, iniciada às 13h45, aproveitei para fotografar o conjunto de pedras com o furo que dá nome à montanha toda. As fontes de água nas imediações estavam todas secas, o que começou a me deixar preocupado.

Voltei pelo mesmo caminho e, tomando a direita na trilha principal (a que sobe das cabanas do Aiuruoca), em menos de 250m alcancei a estrada de terra que vem da Garganta do Registro, curiosamente uma rodovia federal, a BR485, na altura do km 11,7. Esse ponto marca também o meu retorno ao estado do Rio de Janeiro, saindo de Minas. Ao chegar ao Alsene, às 15h15, fechei a primeira etapa dessa caminhada: completei a travessia Alsene-Maromba, só que ao contrário e incluindo a Pedra Preta.

O Alsene, fechado há dois anos, está abandonado, sujo, depredado, e nem o vigia parecia estar por lá. Bem em frente, a Pedra do Camelo chamava a minha atenção e havia ainda tempo suficiente para explorá-la. Comecei a subir pelo lado esquerdo dela (que chamei de rabo do camelo) mas encontrei um lance um pouco exposto e não cheguei ao topo pois não quis me arriscar sozinho. Desci de volta à estrada e caminhei até a extremidade direita da pedra (que apelidei de cabeça do camelo). Aí a subida foi bem tranquila e se tem bonita vista da Serra Fina. Fui até a passagem exposta e parei de novo. Fiquei algum tempo estudando uma forma mais segura de descer e acabei conseguindo. Ainda subi mais uma vez porque tinha deixado de ir ao topo da cabeça e à ponta do rabo. Numa dessas passagens pela estrada topei com uma cobra, isso a 2359m, uma surpresa já que não esperava encontrar tão facilmente um bicho desse nessa altitude.

O único ponto de água que encontrei nas imediações foi um riacho na base da Pedra do Camelo, mas acampar por ali não seria recomendável pois é proibido e eu estaria muito próximo da portaria. Resolvi voltar até o riacho da ponte rústica de troncos pois ali a água era garantida e havia um bom local para montar a barraca. Depois amaldiçoei essa idéia pois desci 1,5km e teria que subir tudo mais uma vez no dia seguinte. Altitude de 2224m na ponte.

Nesse dia caminhei 19km.

4º dia - Do antigo Alsene ao camping do Rebouças, com Morro do Couto, Serrilha dos Cristais, Morro da Antena e Pedra do Altar

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/125/125.

Desmontei acampamento e comecei a caminhar às 7h20 em direção à portaria do parque. Passado o Alsene, continuei pela estrada mais 560m e entrei no atalho à esquerda que elimina uma grande curva em ferradura que a estrada faz. Havia água bem no começo do atalho. Na portaria (Posto Marcão, a 2458m de altitude), às 8h10, apresentei a autorização para acampar no Rebouças e fazer a travessia Rui Braga em dois dias a partir do dia seguinte. Preenchi e assinei o termo de responsabilidade e paguei as taxas: R$11 pela entrada, R$1,10 pelo segundo dia, R$1,10 pelo terceiro dia (por serem dias de semana) e R$6 pelo camping. Peguei a braçadeira do Morro do Couto, deixei a mochila com os guardas e parti para a primeira aventura dentro do parque: chegar à desconhecida Serrilha dos Cristais.

Saindo do Posto Marcão às 8h30, entrei na primeira estradinha à direita (com uma cerca e placa de Furnas) e subi sempre em frente como se fosse ao topo do Morro da Antena. Passei pela única bica de água desse caminho e estava seca. A trilha para o Morro do Couto sai dessa estrada num ponto não sinalizado, à direita, onde há uma clareira de ambos os lados. Em seguida, um trecho com muitas pedras e depois o caminho segue entre o capim-elefante. O ataque final ao platô do Couto, onde está fincada a antena (2639m de altitude), é bem fácil e tranquilo, e cheguei às 9h25. A partir dali, a subida até o cume é na base do trepa-pedra e exige mais atenção e cuidado. O cume do Couto é considerado o 8º mais alto do país, com 2680m, segundo o IBGE. Mas o meu destino nesse dia era a Serrilha dos Cristais e não era preciso alcançar o cume. Do platô, já é possível ver as pequenas cristas rochosas da Serrilha na direção sul (direção do Vale do Paraíba) e a descida a elas inicia próximo à antena. A trilha é muito pouco usada mas procurando bem dá para encontrá-la. Há alguns totens para ajudar. Tive algumas dúvidas e só cheguei lá às 11h30, mas não tem muito mistério: é só descer até o vale na direção da serrilha mais à esquerda, subi-la e passar para sua vertente oposta (sul), de onde se tem vista magnífica da intrigante pedra chamada Grande Capucho, além da irmã menor, o Pequeno Capucho, ambos de frente para o Javali. É possível descer mais e chegar ao aglomerado de rochas chamado Pedra do Cone, mas não fiz isso pois não encontrei a trilha e o que tinha visto até ali já tinha compensado todo o esforço. Belíssimo lugar desconhecido e esquecido!

Às 11h50 voltei pelo mesmo caminho ao Couto (13h) e à estrada (13h44), onde subi à direita para ir ao topo do desprezado Morro da Antena (13h50), que com seus 2584m de altitude poderia muito bem figurar na lista do Anuário Estatístico do IBGE. A vista lá de cima é igualmente bonita e ampla.

Desci às 14h, peguei a mochila na portaria e segui para o Rebouças, aonde cheguei às 15h25, montei a barraca no camping completamente vazio e saí rapidamente para subir ainda a Pedra do Altar. No caminho para o Altar topei com um sapinho flamenguinho, animal-símbolo do parque, que fugiu o mais rápido que pôde.

O caminho do Altar é o mesmo das Agulhas Negras até pouco depois da ponte pênsil. O início é no Abrigo Rebouças, onde se deve atravessar o Rio Campo Belo pela barragem e continuar pela trilha superbatida. Uns 150m depois da ponte pênsil há uma bifurcação, com uma trilha que sobe para a esquerda, a qual tomei (seguindo em frente é para as Agulhas). Vinte metros depois, outra bifurcação: à direita se vai para a Asa de Hermes, à esquerda para a Cachoeira do Aiuruoca. Fui para a esquerda. Mais 1000m de trilha e surge a bifurcação à direita para a subida do Altar, já bem visível. Seguindo em frente (esquerda) se desce às nascentes do Aiuruoca (e sua cachoeira), caminho das travessias da Serra Negra e Rancho Caído.

Mesmo com as muitas paradas para fotos, levei só uma hora para chegar ao cume do Altar. Mais uma montanha importante, 11ª na lista do IBGE com 2665m (2650m no meu gps). Também o ponto culminante de toda a minha travessia. E o que se vê lá de cima? Prateleiras ao sul, Agulhas Negras a sudeste, Ovos da Galinha e Pedra do Sino a nordeste, Pedra Preta (ou Pico Serra Negra) ao norte, Pedra Furada a noroeste, Morro da Antena a oeste, Morro do Couto a sudoeste, entre outras montanhas.

Comecei a voltar pouco depois das 17h30 e pude assistir ao incrível espetáculo da mudança de cores do maciço das Agulhas Negras conforme o sol ia baixando, com tons indo do alaranjado ao vermelho e finalmente voltando à cor original da rocha. Levei uma hora também para voltar e foi preciso usar a lanterna no final. Cheguei ao Rebouças às 18h37.

O camping dispõe de banheiros com ducha fria e pia com água potável, o que foi um alívio com a dificuldade que estava tendo para encontrar água. A altitude é de 2389m.

Nesse dia caminhei 19,77km.

5º dia - Do camping do Rebouças ao Abrigo Macieiras, com Morro do Urubu

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/126/126.

Dia de começar a tão esperada travessia Rui Braga, que liga o Abrigo Rebouças (parte alta) à sede do parque, na parte baixa.

Desmontei acampamento e comecei a caminhar às 8h40 pela estrada na direção das Prateleiras (oposta à portaria). Incrível é ver que ainda existem restos de asfalto nela, prova da idéia maluca de se fazer uma rodovia num lugar como esse. Em menos de 15 minutos passo pela Cachoeira das Flores, mas não desci a trilha para me aproximar dela. Em 20 minutos chego à bifurcação que sobe à direita para as Prateleiras, mas meu destino é em frente. Uma placa ali informa que a Rui Braga tem 20,5km do Rebouças à sede.

Às 9h15 já começo a ver o resultado de tantos anos de uso dessa trilha em forma de enormes erosões, pois embora a travessia tenha ficado proibida durante 15 anos (de 1992 a 2007), essa trilha foi o primeiro acesso usado pelos desbravadores do planalto do Itataia, razão pela qual os abrigos pelos quais passarei são de grande importância histórica. Felizmente há um trabalho de recuperação da trilha com contenções feitas de madeira e bambu, com desvios abertos no capim.

Caminhei bastante pelo grande vale do Rio Campo Belo, com montanhas de pedras em volta e uma paisagem de tirar o fôlego. As montanhas de pedra são na verdade a Serra do Itatiaia à esquerda (norte) e a Serra das Prateleiras à direita (sul). Às 10h07 alcanço um ponto da travessia, a 2321m de altitude, onde já é possível avistar o Vale do Paraíba (encoberto ainda nessa hora por nuvens) e que é a saída do vale do Rio Campo Belo, que se afasta na direção leste para adentrar um outro vale gigantesco que acompanharei mais de perto mais tarde, depois do Abrigo Massena. Nessa hora também aparecem os picos do Gigante e do Ovo, que ficam mais à direita do maciço que aos poucos vai se abrindo a nordeste, revelando minutos depois montanhas como Cabeça de Leão, Cabeça de Leoa e Pico da Maromba.

Às 10h25 avistei no horizonte a casa da torre de TV que fica acima do Abrigo Massena e as ruínas do posto meteorológico de 1910, primeiro abrigo do parque. Mas para alcançá-los ainda desci um pouco, atravessei uma mata, um vale e subi de novo. No vale, a paisagem mudou e pude ver pela primeira vez o Morro do Urubu à direita (sudoeste) e para trás (oeste) as Prateleiras e a Pedra Assentada. Ao final da subida, a trilha bifurca. O caminho da direita, mais estreito, leva às ruínas do posto meteorológico e o da esquerda, ao Abrigo Massena. Fui primeiro para a direita. Andei apenas 170m e às 10h55 estava de frente com uma construção muito importante para a conquista das montanhas do Itatiaia e consequentemente para a história do montanhismo no Brasil. O posto, construído em 1910, serviu de abrigo para os primeiros corajosos que decidiram se aventurar pelos desconhecidos picos do planalto do Itatiaia. Mais tarde, na década de 1940, o local e a própria trilha foram caindo em desuso com a abertura da BR485 e infelizmente nem a memória foi preservada, estando hoje o abrigo de pedras em ruínas, sem telhado, janelas e portas.

Bem, mas meu objetivo ia além das ruínas do posto meteorológico, queria mesmo chegar ao Morro do Urubu, 34º da lista do IBGE. Peguei a trilha que sai dos fundos do abrigo às 11h05 e desci a um vale a oeste, onde cruzei um riacho. Subi a encosta oposta por uma trilha um pouco erodida, atravessei uma área de arbustos com a trilha mal definida e cheguei a um lugar sui generis: o leito de um grande lago seco, que formava uma visão completamente diferente de tudo que já tinha visto no parque. Atravessei-o e subi o morro em frente, que ainda não era o cume do Urubu, o qual veio logo a seguir, com seus 2270m de altitude (2260m no meu gps). Cheguei ali às 12h17 e a visão é ainda mais ampla e abrangente do que teria depois na casa da torre de TV que fica acima do Massena. Por estar mais a oeste, o Morro do Urubu proporciona uma visão rara das encostas da Serra da Mantiqueira, com o Morro do Couto e a Serrilha dos Cristais na borda, bem no alto. E também uma vista privilegiada da Serra Fina (que continuava em chamas). Além desses, ainda se avistam Prateleiras e Pedra Assentada por um ângulo inusitado, Vale do Paraíba e toda a cadeia a nordeste que vai do Pico da Maromba até os Três Picos. Mais um cume da lista conquistado!

Voltei pelo mesmo caminho às 12h45, passei pelo lago seco e depois pelo riacho, mas a água não era de acesso fácil e deixei para pegar na bica próxima ao Massena (isso foi um grande erro). Passei pelas ruínas do posto meteorológico e na bifurcação fui para a direita, chegando enfim ao Abrigo Massena às 14h40 (altitude de 2198m). O Massena foi construído na década de 1950 (assim como o Rebouças) e é enorme, mas lamentavelmente está abandonado e caindo aos pedaços. Há muitos quartos, vários banheiros (sem condições de uso), uma sala grande com lareira e uma mesa de madeira com bancos. A área da cozinha era grande também. Nos cômodos onde o telhado desabou cresceram árvores.

Fui procurar a coisa mais importante naquele momento: água. Voltei uns 240m até próximo da bifurcação do posto meteorológico e notei um riacho seco. Entrei no meio das touceiras de capim e encontrei a bica... completamente seca! Subi um pouco mais mas nada de água. E a minha já tinha acabado. Isso significava que dormir ali estava inviável. Teria que descer ao Abrigo Macieiras e torcer para encontrar água por lá ou no caminho.

Mas antes de seguir, subi à antiga casa da torre de TV por uma trilha curta nos fundos do Massena para admirar a vista e tirar fotos. De lá pode-se ver o Vale do Paraíba ao sul, o Morro do Urubu a oeste, Prateleiras e Pedra Assentada a noroeste e a cadeia do Pico da Maromba, Cabeça de Leão, Cabeça de Leoa, Pico do Gigante, Pico do Ovo e Três Picos a nordeste. Desci de volta ao Massena para pegar a mochila e zarpei às 15h55. Nesse dia já tinha passado por dois charcos que estavam secos, mas os mais complicados estavam por vir. Por sorte, devido à longa estiagem, o primeiro deles estava seco e o seguinte estava apenas úmido, sem dificuldade alguma na passagem.

Em seguida, a trilha toma uma direção que parece que vai voltar, mas é só a preparação para descer de vez a encosta do imenso vale do Rio Campo Belo (sim, comecei a me aproximar dele novamente). Às 16h23 cheguei a um local que ficou na minha memória desde a primeira vez que fiz essa travessia, em 1991: uma erosão gigante bem do lado esquerdo da trilha, encosta abaixo. Há trabalhos de recuperação ali também mas são mínimos em vista do tamanho do estrago. Em dado momento, o Vale do Paraíba, meu destino final, se abre bem à minha frente. E eis que às 16h56, uma hora depois de deixar o Massena, surge o líquido preciosíssimo para matar a minha sede e me abastecer para o resto do dia e noite. É a primeira água desde o Abrigo Rebouças, de onde saí às 8h40 da manhã (isso sem contar a do Morro do Urubu que eu vacilei em não pegar). Eu já estava me preparando psicologicamente para dormir sem água esta noite, o que seria terrível com o calor que estava fazendo. Mas eu estava entrando numa transição de vegetação de altitude para mata atlântica e outros três pontos de água ainda apareceram, incluindo uma surpreendente cachoeira. A trilha entrou na mata fechada e às 18h topei com a bifurcação à esquerda que tem o Abrigo Macieiras ao fundo, bem na hora de parar para montar acampamento pois a luz do dia estava indo embora. Fui verificar a água nos fundos do abrigo mas também encontrei um riacho seco. Altitude de 1853m.

Nesse dia caminhei 16km (contando o desvio para o Morro do Urubu), com desnível negativo de 536m.

6º dia - Do Abrigo Macieiras à sede do PNI

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/127/127.

Quando amanheceu é que fui conhecer o abrigo, todo de madeira, um dos mais antigos do parque já que data de 1926. É muito pequeno se comparado com o Massena. Tem sala, cozinha, três quartos, banheiro com bidê e está em péssimas condições também.

Comecei a caminhar às 6h35 neste último dia da minha travessia. Em menos de 10 minutos alcancei a bifurcação que à direita leva às antenas de TV e resolvi ir conhecer. Ouça o que eu digo: não perca seu tempo com isso. Andei 2,5 km (só ida) para não ter visão nenhuma por causa da mata fechada do caminho e do mato alto nas antenas. Procurei um mirante mas não encontrei, acho que só escalando uma das torres. Há uma casa com equipamentos e alguns móveis. A surpresa ficou por conta de um ninho no vitrô da cozinha com três ovinhos. A trilha até ali tem várias muretas de concreto, algo muito pitoresco. Satisfeita a curiosidade, voltei à bifurcação e continuei a travessia.

A trilha entra num ziguezague e passa por diversos pontos de água e muitas muretas de concreto. Às 9h50 o caminho se alargou um pouco e à direita uma discreta trilha sobe ao Abrigo Lamego, surpreendentemente bem conservado, inclusive com maçaneta na porta - funcionando! Ele não é grande, mas tem uma sala espaçosa, cozinha com fogão a lenha, dois banheiros e um quartinho. Apesar de bastante pichado e sujo, está muito melhor que os outros. E é mais antigo que o Massena, já que foi construído na década de 1940.

O ziguezague e as muretas continuam e por volta de 11h passo por uma rara janela na mata onde consigo visualizar as montanhas. Em seguida um trecho de bambus onde tive que passar me arrastando. Às 11h15 um portão de ferro marca o fim da trilha, que entronca numa estrada interna do parque que leva a algumas casas. Sim, a parte baixa do parque, por estranho que pareça, tem propriedades particulares e hotéis. E finalmente às 11h30 chego ao posto de guarda da Piscina do Maromba, final da travessia, a 1124m de altitude. Ali o vigilante anotou meu nome e RG. Até ali caminhei 16,2km (contando o desvio para as antenas de TV), com desnível negativo de 729m.

Aproveitei o pouco tempo que tinha até o ônibus chegar e fiz um pouco de turismo, assim como os visitantes que chegavam de carro. Desci as escadarias bem em frente para visitar a verdíssima Piscina do Maromba e sua cachoeira formadas pelo já nosso conhecido Rio Campo Belo, que vinha acompanhando desde o Abrigo Rebouças. Logo depois da ponte sobre esse rio, outra escadaria à esquerda é o acesso às cachoeiras Véu da Noiva e Itaporani, mas não havia tempo para conhecê-las.

Tomei a estrada para chegar ao ponto do ônibus que me levaria à cidade de Itatiaia. Deveria caminhar até a bifurcação para o antigo Hotel Simon, cerca de 2km, mas aceitei a carona de um funcionário, que me contou que a Cachoeira Poranga estava com o acesso fechado não por causa das condições da trilha mas sim pelos assaltos que estavam ocorrendo nela. Em vez de ficar na bifurcação do Hotel Simon, rodei com ele mais 1,4km e fui conhecer o Centro de Visitantes, que eles chamam de museu. A exposição Montanhismo em Itatiaia é extremamente interessante, com muitos textos e fotos que são um documento raro sobre a história do parque mais antigo do Brasil, criado em 1937. Além disso, uma grande maquete e outras exposições pelas quais tive que passar correndo pois estava no horário do ônibus, às 13h. Apesar de ser uma sexta-feira havia bastante gente visitando essa parte do parque.

Pena que não pude parar para fotos no Mirante do Último Adeus, a 2,2km do Centro de Visitantes. A portaria do parque fica a 4,4km do Centro e a cidade de Itatiaia (Via Dutra) a cerca de 9km. O ponto final do ônibus é na praça da matriz, no lado direito da Dutra para quem vai de SP para o RJ. Desci antes do final para ir à rodoviária já que o ônibus não passa por ela, que fica no lado esquerdo da Dutra.

Informações adicionais:

Os horários do ônibus cidade de Itatiaia-sede do PNI (R$2) são:
sentido Itatiaia-PNI: 7h, 12h, 15h e 18h
sentido PNI-Itatiaia: 8h, 13h, 17h, 19h

Os horários do ônibus Resende-Maromba (R$6,10), empresa Resendense, são:
sábados:
sentido Resende-Maromba: 5h30, 14h e 15h
sentido Maromba-Resende: 7h40, 11h, 17h15
domingos e feriados:
sentido Resende-Maromba: 8h, 14h e 16h
sentido Maromba-Resende: 9h, 10h15, 16h45
O telefone da Resendense na rodoviária do Graal de Resende é (24) 3354-1878.
Horários checados com a empresa em julho/2012.

Pousadas mais baratas na Maromba em nov/2011 (todas na Praça da Maromba, preços para casal):
Pousada Águas Claras - R$120 com café, TV e lareira, mas dá para negociar
Pousada do Moisés - R$50 com TV e R$40 sem TV (sem café)
Pousada do Bar-budo - R$35 sem café

Rafael Santiago
setembro/2011