quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Volta completa da Joatinga (RJ) - dez/08

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/45/Volta_completa_da_Joatinga_RJ_-_dez08

A travessia da Joatinga, em Parati, é velha conhecida dos trilheiros em geral, com seu percurso tradicional iniciando na Praia do Pouso da Cajaíba e findando no condomínio Laranjeiras, percurso este vencido em dois ou três dias de acordo com o tempo disponível e a disposição do caminhante. Como eu dispunha de três dias inteiros, procurei uma forma de incrementar esse percurso já tão batido. As opções eram iniciar em algum ponto próximo a Parati-Mirim, bem antes do Pouso da Cajaíba, acrescentando algumas praias menos conhecidas ao primeiro dia, ou esticar o último dia e tentar voltar de Laranjeiras a Parati-Mirim pelo fundo do Saco do Mamanguá. Ou ainda fazer as duas coisas, estendendo bastante a caminhada e realizando o que se pode chamar de "volta completa da Joatinga". Sobre a primeira opção consegui informação precisa e detalhada, porém sobre a segunda apenas dados escassos, o que daria a esse trecho um delicioso sabor de aventura.

Antes de iniciar o relato propriamente dito, gostaria de registrar meu agradecimento ao Augusto e ao Ronald por seus valiosos relatos e informações, sem os quais a volta completa da Joatinga não teria sido sequer imaginada.

Gostaria também de avisar que este é um relato bastante detalhado, com bifurcações, pontos de água e tempos de percurso, o que pode ser tedioso de ler em casa. Porém o objetivo é dar segurança a quem estiver na trilha e se deparar com uma dúvida quanto ao caminho a seguir ou precisar desesperadamente molhar a garganta após uma longa subida. E também permitir que outros aventureiros possam repetir esse roteiro ou parte dele por conta própria, gastando bem pouco. Uma observação: bifurcações que claramente levam a casas foram omitidas para não sobrecarregar demais o texto.

O CONVITE
Ao postar o convite na lista do T&T, algumas pessoas se interessaram, trocamos mensagens e acabei fechando com o Robson e mais dois amigos dele, o Marcelo e o Rafael. Combinamos de começar mesmo em Parati-Mirim.

TODOS RUMO A PARATI
Eu saí de São Paulo na sexta-feira no ônibus da Reunidas das 23h, que atrasou 30 minutos. Robson, Marcelo e Rafa saíram de carro de Campinas bem mais cedo e chegaram a Parati no mesmo horário em que eu deixava o terminal rodoviário do Tietê. Eles passaram a noite em uma barraca na praia. Eu cheguei à sinistra rodoviária de Parati às 5h e logo eles foram me apanhar. Numa conversa rápida, decidimos ir de carro para Parati-Mirim, e não de ônibus, e possivelmente fazer a volta toda para pegar o carro ali no retorno (os horários de ônibus de Parati a Parati-Mirim estão no final deste relato).

1º DIA: 06/12/08 - SÁB - PRAIA DO ENGENHO A MARTIM DE SÁ
Na chegada a Parati-Mirim procuramos um barco que nos levasse ao outro lado do Saco do Mamanguá e por sorte estava chegando um naquele instante. Conversamos com o barqueiro, o José Nildo, que pediu R$50 para nos levar até a Praia de Caieiras. Oferecemos R$10 por pessoa, totalizando R$40 e ele aceitou sem discussão. Porém ele sugeriu que desembarcássemos na praia do Engenho pois seria mais fácil pegar a trilha. Foi preciso tirar os calçados pois o embarque é feito na praia mesmo, sem trapiche. Partimos às 7h20 e cruzamos a espetacular embocadura do Saco do Mamanguá, nosso fiorde tropical, com direito a amplas vistas, inclusive da Pedra do Frade, na Serra da Bocaina, tamanha a claridade do céu naquela manhã.

Praia do Engenho
Descemos na pequena e encantadora Praia do Engenho às 7h50 e o José Nildo fez questão de nos acompanhar até o início da trilha. Começamos a caminhar às 8h10. Da praia subimos uma escadaria de concreto até chegar bem próximo a uma casa, quando cruzamos um quintal gramado à esquerda e alcançamos o início da trilha.
À medida que subíamos a visão do Saco do Mamanguá era cada vez mais extensa.
Às 8h36 encontramos uma bifurcação com uma placa "Cajaíba à direita". Logo em seguida um ponto de água e outra bifurcação, onde tomamos a direita também. Atingimos o topo do morro, a 440m de altitude (e de desnível), às 9h19. Na descida, após 25 minutos, há outro ponto de água.
Uma janela na mata nos descortinou toda a beleza da Praia Grande da Cajaíba, aonde chegamos exatamente às 10h15. No canto direito dessa praia há quiosques que servem comida e bebida. Fizemos um lanche rápido ali. Deixamos as cargueiras no último quiosque e subimos por uma trilha para conhecer a cachoeira, sinalizada por uma placa bem no final da areia, junto à trilha que leva à praia seguinte.
A cachoeira fica a 10 minutos da praia e nas duas bifurcações do caminho pegamos a esquerda, passando por uma casa branca em ruínas. Há um poço grande junto à primeira queda, mas é possível subir o rio e tomar uma ducha geladinha em outras quedas acima. Fomos até uma grande cachoeira que escorre pela parede inclinada de pedra. Todos entraram na água, exceto eu pois acabara de sair de um resfriado e a água estava bastante fria.
Deixamos a Praia Grande da Cajaíba às 12h22 e logo passamos por um pé de grumixama, frutinha muito saborosa, parecida no formato com uma cereja, porém preta e com sabor semelhante ao da jabuticaba. Infelizmente haviam passado antes de mim e devorado todas as que a mão podia alcançar.
Logo já é possível ver a Ilha Itaoca.
Às 12h40 pisamos na areia dourada da Praia de Itaoca, a qual foi cruzada em menos de 10 minutos. A trilha continua no final da areia, porém poucos metros depois uma placa de "cuidado cão bravo" nos obriga a subir para a direita na bifurcação. Mais um morro e do alto vê-se toda a extensão dessa praia e a Ilha Itaoca por outro ângulo.
Mais à frente fotografamos lá embaixo uma praia minúscula e deserta. Minutos depois a visão da praia de Calhaus choca um pouco pela grande quantidade de casas, número que parece exagerado para o tamanho diminuto da faixa de areia.
Chegamos a ela às 13h22, apenas a cruzamos e saímos por uma escadaria de concreto bem no final da areia. Essa escadaria leva a um caminho entre diversas casas e curiosamente os moradores pintaram setas amarelas nas pedras para orientar quem está só de passagem. Às 13h35 cruzamos um riacho de água não confiável e em mais um minuto pisamos na Praia de Itanema, que também foi cruzada em 5 minutos.
A essa altura o sol e o céu azul já tinham ido embora, dando lugar a uma cobertura de nuvens.
Para não perder o hábito, subimos mais um morro e do alto vislumbramos mais uma minúscula praia deserta de areias douradas. No alto do morro à esquerda, um cemitério abandonado é uma visão bastante insólita.

Praia do Pouso da Cajaba
Às 14h15 chegamos à famosa Praia do Pouso da Cajaíba, com muitas casas e barcos, ponto de partida, como já disse, do percurso mais tradicional da travessia da Joatinga.
Ali há uma pequena padaria que vende refrigerantes e aproveitamos para um segundo lanche.
Às 14h55 saímos do Pouso para encarar o segundo grande morro do dia, o que sobe 300 metros de desnível e leva à Praia Martim de Sá, nosso destino final nesse primeiro dia. Com quase 20 minutos de trilha passamos por uma água que corre por baixo de algumas pedras colocadas bem no caminho. Chegamos a pegar dessa água porém logo desconfiamos da sua qualidade pois descobrimos uma casa (isolada) um pouco acima. O melhor é desprezar essa água e pegar de uma fonte que fica 10 minutos depois, após uma bifurcação em que se deve seguir à esquerda.
Se água for um fator crítico nesse trecho, pode-se pegar água confiável nas últimas casas da praia do Pouso, no começo da trilha.
Às 16h24, após a descida, nos surpreendemos ao encontrar a Praia Martim de Sá toda cercada com arame farpado e com um portão que dá as boas-vindas aos trilheiros anunciando que o preço do camping é R$10 por pessoa. Bem estranho isso. Mais estranho é que não houve negociação nesse valor. A Teresa foi irredutível.
Bem, por esse preço se tem direito a montar a barraca num terreno bastante plano e utilizar a "cozinha" coberta com mesa, pias e dois fogões a lenha (bastante antiecológico), além dos sanitários (dois) e chuveiros gelados (dois, com portas improvisadas com plásticos). O PF de peixe custa R$10 e o de ovo custa R$7. Nesse dia só tinha de ovo e sem nenhum tipo de salada. Eu não carregava muita comida confiando nos PFs do caminho, porém preferi comer um lanche e aceitar o Miojo oferecido pelos meus amigos a pagar por um PF de arroz, feijão e ovo.
Quando fomos olhar a praia, o seu Maneco estava voltando da pescaria com alguns poucos peixes no fundo do balde.
Nessa noite conheci o Cristiano, a Débora e a Ester, que também são do T&T e responderam ao meu convite para essa travessia.
Mais tarde chegaram mais dois grupos (um deles inclusive se perdeu) e a noite no camping não foi tão silenciosa como se esperava.
Nós quatro fomos dormir cedo pois estávamos "pregados" da noite anterior maldormida e da caminhada de hoje.

2º DIA: 07/12/08 - DOM - MARTIM DE SÁ A PONTA NEGRA
No dia seguinte acordei antes das 7h para fotografar a praia com os primeiros raios do sol. Deixamos o camping às 9h05 e em alguns minutos cruzamos pelas pedras um riacho que os moradores chamam de cachoeira. Doze minutos depois dele há uma bica de água muito boa. Um pouco mais à frente uma placa na árvore indica o Pico do Miranda à direita, mas a trilha não era clara, talvez subindo o riacho que se atravessa também pelas pedras.


Mais alguns minutos e um rio mais largo aparece. A essa altura já havíamos alcançado o Cristiano e as meninas, que saíram pouco antes de nós. A travessia desse rio deu um pouco de trabalho e rendeu alguns escorregões. Eu preferi enfiar o pé na água com tênis e tudo a saltar as pedras lisas e cair. Às 9h44 chegamos a uma bifurcação, na qual seguimos para a esquerda. Dois minutos depois uma outra trilha desce à esquerda, mas continuamos em frente. Mais um riacho de água límpida.
Às 10h12 chegamos a um T. À esquerda a trilha leva ao Saco das Enchovas, porém prosseguimos para a direita e logo tivemos uma visão estonteante das penínsulas e morros pelos quais já havíamos passado. Mais um ponto de água 12 minutos depois. Um pouco à frente desprezamos outra trilha que descia à esquerda. Na próxima bifurcação fomos para a esquerda apesar de o caminho à direita ser bastante largo. Talvez seja o mesmo caminho que encontramos 3 minutos depois, vindo da direita, ainda mais largo.
Uma descida e caímos direto nas casas que ficam acima da Praia do Cairuçu, que apenas fotografamos do alto às 10h52.
Após uma boquinha rápida, partimos dali para enfrentar o trecho mais penoso do roteiro tradicional, a demorada subida (e depois a íngreme descida) que leva à Praia da Ponta Negra.
Saindo do Cairuçu às 11h, em poucos minutos se cruza um rio onde os moradores lavam a roupa, depois uma casa à direita e em seguida uma bifurcação: o caminho mais usado parece ser à esquerda, porém esse leva ao costão. O correto é o da direita, que logo penetra na mata e começa a subir.
Num determinado ponto dessa subida (para mim, 21 minutos depois da bifurcação) a trilha parece desaparecer sob folhas secas bem no meio de duas pedras. Na verdade, deve-se subir a pedra da esquerda para pegar a continuação da trilha.
A subida se torna cada vez mais íngreme, em alguns trechos se assemelha a uma escadaria de raízes, e água é encontrada em dois momentos.
Às 12h58 chegamos a uma grande pedra à direita que parece uma gruta, com espaço para muitas pessoas em pé. Parada para descanso, mais que merecido, necessário.
A pedra/gruta ainda não é o topo. Este é atingido em mais alguns minutos, quando o GPS marcou 570m de altitude. Mais 10 minutos e se entrevê no meio das árvores a Praia da Ponta Negra.


A descida é uma pirambeira, novamente parecendo uma escadaria de raízes, cujas árvores servem de apoio para não se despencar de uma vez. Há um bom ponto de água.
Às 15h, já findada a descida e muito próximo da praia, um simpático riacho nos convidou para um banho refrescante. Ficamos pouco mais de meia hora ali.
Na bifurcação seguinte fomos para a esquerda (à direita parecia subir para uma casa).
Chegamos à Praia da Ponta Negra às 15h56, porém pelo pior caminho. O labirinto de caminhos e casas nos confundiu e acabamos chegando à areia da praia tendo de entrar num riacho que é o esgoto da vila (o Rafa, que foi o último a cruzá-lo, é que teve a prova cabal disso - argh!). O melhor é atravessar esse riacho junto a uma ponte de concreto inacabada à esquerda da trilha, pulando as pedras, como os moradores fazem. Nesse caminho, mais à frente há um orelhão, que estava funcionando.
A praia faz jus ao nome, tem a água muito escura, cheia de ciscos. Os urubus são atraídos pela matéria orgânica e ficam perambulando pela areia.
Ficamos num camping próximo à praia e jantamos da nossa própria comida.

3º DIA: 08/12/08 - SEG - PONTA NEGRA A PARATI-MIRIM
Deixamos a Ponta Negra bem cedo.
Em 16 minutos se chega à "praia" seguinte, Galhetas, inteiramente tomada por pedras de todos os tamanhos, sem areia, e onde deságua o rio Galhetas, facilmente transposto saltando pelas pedras.
Passamos por mais dois pontos de água confiáveis.
Quase uma hora depois da Ponta Negra pisamos na areia da Praia de Antiguinhos, que possui um riozinho de água cristalina no canto direito, por onde se chega, num desvio de poucos metros à esquerda da trilha principal.
Saindo de Antiguinhos, em apenas 3 minutos se chega pela trilha principal à Praia de Antigos, uma extensão da anterior, da qual é separada por um costão. Paramos para fotos e saímos dela às 8h26.
Vencido o morro seguinte, tivemos a espetacular visão da Praia do Sono, que rendeu ótimas fotos também.
Descemos a ladeira bastante inclinada e tivemos de atravessar um riozinho molhando os pés para poder começar a caminhar pela areia. A Praia do Sono é um pouco extensa e levamos 23 minutos para cruzá-la de ponta a ponta, porém a trilha não continua no final da areia e sim atrás das casas (pode-se pegá-la atrás do último bar).
Ali um pulguento de pêlo preto simpatizou conosco e resolveu "aderir à nossa causa", dispondo-se a caminhar conosco o quanto fosse necessário.
Saímos dessa praia às 9h37, passamos por dois bons pontos de água e alcançamos a praça de Laranjeiras às 10h36. A Praia de Laranjeiras foi toda tomada por um luxuoso condomínio e o acesso é controlado. Nem chegamos a vê-la.
Aqui começou nossa aventura de voltar a Parati-Mirim por trilhas sobre as quais tínhamos bem pouca informação. Perguntamos numa vendinha um pouco à frente e o cara foi muito atencioso, porém ensinou tudo errado. Até paramos um pouco ali para mastigar algo e nos abastecer com bolachas, bananas, etc.
Na primeira bifurcação que encontramos foi por água abaixo toda a orientação que ele tinha nos dado. O jeito foi perguntar para todas as pessoas que encontramos, na verdade bem poucas.
O caminho é o seguinte: passada a praça (onde há um ponto de ônibus), deve-se continuar em frente até a rua terminar num T (11h). Toma-se a direita e logo surgem várias ruas. Passe direto pela primeira à esquerda e entre na segunda, imediatamente após o riozinho. É uma rua de terra que logo vira uma ladeira concretada bem íngreme. Lá no alto uma bifurcação à esquerda leva a uma casa.


Continuando à direita chega-se a uma porteira verde de ferro do lado direito, quando a rua faz uma curva para a esquerda.
Cruzamos essa porteira pela lateral e 5 minutos depois nos deparamos com placas de "propriedade particular". Mais à frente outras placas e um portão (11h22). Prosseguimos mesmo assim e continuamos descendo.
O cachorro nosso companheiro se metia no mato quando farejava alguma coisa e às vezes despencava de barrancos tão altos que parecia que não conseguiria mais subir, mas daí a pouco estava ele a caminhar junto a nós de novo.
Pegamos água numa mangueira mais à frente. Logo depois, a trilha faz uma curva para a esquerda e se dirige para a outra margem do Saco do Mamanguá, o qual ainda não pode ser visto por completo, apenas seus picos e morros mais altos. Mais um ponto de água e uma bifurcação importante, às 12h05: a trilha larga continua em frente em direção à Ponta da Foice, no fundo do Saco do Mamanguá, porém nosso caminho era subindo a trilha mais estreita à esquerda. Subida forte, porém curta. A bifurcação durante a subida é só um atalho (caminho normal em frente e atalho à direita). Às 12h15 nova bifurcação ao chegar a um riacho: à esquerda mais placas de "propriedade particular" e uma casa, porém deve-se ir para a direita, ultrapassando o citado riacho. Mais 10 minutos e se tem uma das visões mais espetaculares de toda a trilha: todo o Saco do Mamanguá a partir do fundo com seus morros e picos marcando o horizonte. A trilha desce, passa por alguns riachos e ao lado de um campinho de futebol e alcança a casa do seu Bil, onde paramos às 12h40 para descansar e ter um dedo de prosa. Ele disse que o lugar ali se chama Regato.
Às 13h12 voltamos a andar e ainda pegamos mais informações com os moradores, que até nos ofereceram um café. A dica que eles nos passaram foi a seguinte: na terceira cachoeira (leia-se riacho) haveria uma bifurcação - para a esquerda subiríamos o morro e chegaríamos à estrada de terra que vai da Rio-Santos a Parati-Mirim, exatamente num ponto de ônibus a 2km da rodovia (e teríamos de andar 6,5km pela estrada); para a direita continuaríamos margeando o Saco do Mamanguá até perto de Parati-Mirim, necessitando apenas transpor um morro bem menor. Parece que o segundo caminho é mais longo, porém decidimos por ele por ter uma paisagem privilegiada e não termos de caminhar na tediosa estrada de terra.
E assim fizemos. Passamos pelo primeiro riacho às 13h23 e dez minutos depois a trilha se divide em três. Seguimos para a esquerda, descendo, e encontramos o segundo riacho. Às 13h37 chegamos à tal bifurcação e fomos para a direita, atravessando o terceiro riacho, como foi explicado. Depois das casas é só seguir em frente, desprezando a larga descida à direita.
Às 13h48 passamos pela primeira praia do Saco do Mamanguá, chamada Curupira, onde há uma igreja e uma escola. Em frente à igreja, outro pé de grumixama - dessa vez matei a vontade.

A trilha continua bastante óbvia, passa por uma praia deserta cujo nome não descobri e diversos mirantes de onde se avistam as praias e povoados no outro lado do saco.
Às 14h24 passamos pelo Praia do Pontal margeando a água em vez de seguir pela trilha que dava direto numa casa.
Mais à frente uma bifurcação leva à direita a uma casa, então deve-se subir pela esquerda. Às 14h35 passamos pelo quintal gramado da casa que ocupa a minúscula Praia do Couto (ou Praia do Lopes), onde o Robson e o Marcelo pediram para usar a ducha fria a fim de amenizar um pouco o forte calor.
Continuando pela trilha passamos por um cano vertendo água que parecia boa.
Às 15h06, na bifurcação, descemos à direita em direção à Praia Grande, que nos surpreendeu com seu extenso gramado verdinho e belas casas.
Depois dela a pequena Praia da Paca (15h23).
Às 15h50 a trilha abandonou a costa e começou a se dirigir aos morros densamente cobertos de mata atlântica, prenunciando a fase final da nossa jornada. Às 16h chegamos a uma discreta bifurcação junto a algumas bananeiras: uma trilha estreita desce à direita, mas certamente nosso caminho era subindo à esquerda pela trilha mais larga. A subida foi puxada durante 23 minutos e a descida íngreme durou 17, terminando num T numa cerca. Mais alguns passos para a esquerda e já se vê a praia de Parati-Mirim lá embaixo. Tanto faz descer a escadaria de terra à direita, junto à cerca, ou seguir em frente e descer por outra escadaria de terra.
Botei meus pés na rua da praia de Parati-Mirim exatamente às 16h50 e comemorei a chegada, aliás todos comemoramos o sucesso da empreitada.
Mais algumas fotos do lugar, depois a foto oficial do grupo nas ruínas junto à igreja e fomos nos preparar para partir.
O cachorro que até alguns instantes atrás estava conosco desapareceu de repente, sem deixar notícia.
Fui com o pessoal de carona até Ubatuba, aonde chegamos às 19h20 e fomos informados de que o útimo ônibus da Litorânea havia partido às 19h. Não havia mais ônibus para cidade nenhuma. O jeito foi ir para Caraguá o mais rápido possível e tentar alcançar o das 20h30 (que aliás era o de Ubatuba das 19h). Conseguimos chegar à rodoviária às 20h27 e causei um pequeno atraso na saída do ônibus, que partiu às 20h39. A viagem foi muito rápida e às 23h já desembarcava no terminal rodoviário do Tietê, cansado mas muito feliz pelas paisagens incríveis que contemplei, pelas pessoas com quem conversei pelo caminho, pelos novos amigos que fiz e pelas aventuras que vivemos juntos.

Notas:
. repelente é um item importante nessa travessia pois os mosquitos atacam sem dó
. horários do ônibus circular de Parati a Parati-Mirim: seg a sáb - 5h30, 6h30, 8h, 9h30, 11h, 12h40, 16h, 17h30, 19h e 22h30; dom e feriados - 6h30, 9h30, 13h, 16h, 17h e 19h.
. o ônibus circular Parati-Laranjeiras é bem mais freqüente
. para saber os horários entre São Paulo e Parati pela Reunidas, consulte o site www.reunidaspaulista.com.br ou pelos telefones (11)3619-0910 e 0300-2103000. Às sextas-feiras há mais ônibus à noite.
. há um ônibus de Parati a Guaratinguetá (via Taubaté) às 17h da empresa São José
. o acesso a Parati-Mirim fica entre o km 586 e 585 da rodovia Rio-Santos, cerca de 10km antes  do trevo para Parati, para quem vai no sentido SP-Rio.
. a carta topográfica do IBGE está em ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/topograficos/topo50/pdf/juatinga27714.pdf (50.7 MB)
. despesas:
R$41,10 - ônibus São Paulo-Parati (Reunidas)
R$40 - barco Parati-Mirim a Praia do Engenho (R$10 por pessoa)
R$10 - camping na Praia Martim de Sá
R$10 - PF de peixe e R$7 PF de ovo na Praia Martim de Sá
R$2 ou R$3 - refrigerante em lata, dependendo da praia
R$10 - camping na Praia da Ponta Negra
R$33 - ônibus Caraguá-São Paulo (Litorânea)


TrechoTempo de percursoPontos de água confiáveis
Praia do Engenho – Praia Grande da Cajaíba2h052
Praia Grande da Cajaíba – Praia de Itaoca18 min-
Praia de Itaoca – Praia de Calhaus33 min-
Praia de Calhaus – Praia de Itanema9 min-
Praia de Itanema – Praia do Pouso da Cajaíba33 min-
Praia do Pouso da Cajaíba – Praia Martim de Sá1h301
Praia Martim de Sá – Praia do Cairuçu1h484
Praia do Cairuçu – topo do morro (570m)2h2
topo do morro – Praia da Ponta Negra2h2
Praia da Ponta Negra – Praia de Galhetas16 min-
Praia de Galhetas – Praia de Antiguinhos30 min2
Praia de Antiguinhos – Praia de Antigos3 min-
Praia de Antigos – Praia do Sono27 min-
Praia do Sono – Praia de Laranjeiras1h2
Praia de Laranjeiras – Praia do Curupira2h502 e nas casas
Praia do Curupira – Parati-Mirim3h1 e nas casas

9 comentários:

  1. Isso que é um relato decente, fiquei até com vergonha de fazer o meu, hehe!

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  2. Excelente relato!!!!!! Esta é uma travessia q ainda não fiz. Vou até imprimir e utilizá-la!!

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  3. Rafael,
    parabéns pelo relato e pela empreitada. Adorei!
    vou fazer esse circuito ao contrário. Quero passar por esse trecho entre laranjeiras e Mamanguá!
    bjo

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  4. Valeu pelo relato, já fiz a travessia duas vezes e não sabia dessa opção de voltar para Parati-Mirim. Vai ficar na pendência. Abraços André.

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  5. fala rafael, muito interessante seu relato, você teria o track marcado do seu gps dessa travessia, estou querendo fazer... e com um track confiavel é bem mais facil... se tiver e puder me mandar por mail, ficarei agradecido... robertodetarso@gmail.com
    abraços

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  6. muito bom... excelente opção para este paraíso.

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  7. Muito bom, seu relato pretendo no feriadão, passar por lá. abs.

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  8. Muito bom, seu relato pretendo no feriadão passar por lá. abs.

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  9. Oi, Rafael. Finalmente fiz a travessia da Juatinga desde a Praia do Engenho. Postei um relato no Mochileiros. SE quiser dar uma olhada:
    http://www.mochileiros.com/travessia-da-juatinga-carnaval-2011-t54137.html

    Abraços!!!

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