As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/113.
Transmantiqueira - do Horto de Campos às portas do Marins
A idéia de realizar uma grande travessia Transmantiqueira foi se definindo nos últimos meses, após sucessivas explorações em diversos segmentos dessa serra. A conexão entre esses segmentos foi parecendo viável pela análise dos mapas e imagens de satélite, restando ir aos próprios locais para avaliar os caminhos possíveis e tentar obter informações mais concretas.
Tendo já feito numa ocasião a travessia entre o Pico do Diamante e os limites do Parque Estadual de Campos do Jordão (mais conhecido como Horto de Campos) e noutra a travessia Marins-Itaguaré, restava explorar a conexão entre ambas.
Há uma estrada de terra que liga o Horto ao sul de Minas, porém queria algo mais interessante do ponto de vista trilheiro/montanhista (segundo informação do parque, essa estrada não está em condições de tráfego para carros comuns por causa das valetas deixadas pelos caminhões das madeireiras). Resolvi então pegar exatamente o ponto onde termina a travessia do Pico do Diamante, num local chamado Sertão do Moreira, e continuar dali por estrada - ou trilha, de preferência - até o mais próximo possível do Marins, o que acabou sendo o posto fiscal da divisa, no bairro da Barreira, às margens da BR459, rodovia que liga Piquete a Itajubá.
E é esse o roteiro que descrevo a seguir, o qual pode se tornar bem mais interessante com a inclusão dos picos do Carrasco, do Vista Alegre e do Cabrito, ótimos mirantes para a Mantiqueira e o Vale do Paraíba. Desta vez ninguém topou ou pôde me acompanhar e parti para a empreitada em carreira-solo.
Algumas informações deste relato foram atualizadas em novembro de 2016, quando voltei ao local com mais tempo e pude fazer algumas explorações.
1º DIA: DO HORTO DE CAMPOS AO BAIRRO DO CHARCO (QUASE)
No sábado, peguei o primeiro ônibus para Campos do Jordão, às 6h. Na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (SP-123), pude finalmente identificar o pico que parece ser o mais alto quando se observa a Mantiqueira a partir da Dutra na altura de Taubaté: é o Pico Agudo, de Santo Antônio do Pinhal. E a Floriano alcança o alto da serra pelo selado à direita dele, ou seja, entre o Pico Agudo e a torre solitária do Pico do Diamante.
Chegando à rodoviária de Campos, atravessei a avenida que acompanha os trilhos do trem e esperei o ônibus para o Horto ao lado do posto de gasolina. Esse ponto de ônibus é identificado apenas por um poste pintado de azul. O dia estava esplêndido: havia sol e ainda um ligeiro friozinho matinal. As folhas douradas dos plátanos completavam o clima outonal da serra.
O circular para o Horto sai do bairro Santa Cruz a cada hora exata+10minutos e passa por ali à hora exata+40minutos, isto é, passa de hora em hora. Peguei o que passou ali às 9h40 e cheguei ao Horto pouco depois das 10h. Desci na guarita do parque pois o ponto final é ainda 800m à frente. A altitude é de 1529m.
Dali voltei menos de 200m e entrei na estrada de terra à esquerda com placa indicando Mirante São José dos Alpes. Aí começou a minha longa jornada, exatamente às 10h23. E de cara enfrentei uma subida de cerca de duas horas. Em 10 minutos passei por um conjunto de casas de madeira com um largo gramado à esquerda. E ali é que a subida começou de verdade, mas por sorte o caminho é bem sombreado. Às 11h10 a paisagem se abriu à direita e pude vislumbrar a Pedra do Baú com um perfil um pouco diferente do habitual. Mais subida e às 11h40 alcancei o grande portão da Fazenda Céu Estrelado. E bem do lado direito o final da trilha do Sertão do Moreira, a conexão com a parte oeste da Transmantiqueira já que leva ao Pico do Itapeva, Diamante e além. A subida continua tendo agora a cerca da citada fazenda do lado direito. Mais à frente, numa parte plana da estrada, é possível ver longe, à direita, as torres de vigilância de outra fazenda, a imensa Fazenda Lavrinhas, a qual vou percorrer pelo restante do dia ainda. Essas torres não são somente para impressionar, realmente há vigias nelas e já tivemos algum contratempo com eles por tentar usar um atalho através da cerca. Logo em seguida, às 12h, chego à primeira bifurcação. Para a direita fica o tal Mirante São José dos Alpes, apesar de a placa não apontar a direção e isso confundir os motoristas (tive de orientar um casal que se perdeu). Para a esquerda as placas apontam Gomeral, hospedagem para romeiros, etc. Aqui chego aos domínios da citada Fazenda Lavrinhas e vejo a primeira casa da fazenda atrás das placas, porém vazia. Durante todo o percurso até aqui, e ainda mais à frente, tenho sempre à esquerda os limites do Horto.
Até aqui cruzei com apenas dois carros que devem ter ido até o mirante e com um homem fazendo caminhada com seu fiel amigo de quatro patas.
Tomo o ramo da esquerda e a subida logo ameniza. Desnível de 400m até aqui. Minha direção geral, que desde o Horto vinha sendo sudeste, aos poucos muda para nordeste. Às 12h24 passo por uma guarita (abandonada) de vigilância do parque, exatamente na divisa deste com a fazenda, e daqui em diante tenho a cerca da propriedade dos dois lados da estrada. Atinjo o ponto culminante de toda a travessia, a 1976m. As placas por todo o caminho me lembram sempre que estou andando cercado (literalmente) pelo latifúndio e que ali tudo é proibido. O preciosismo é tanto que até os mourões (uma parte deles) têm o nome "Fazenda Lavrinha" gravado.
Às 12h40 cruzo um riachinho, o primeiro ponto de água, que parecia limpa porém do outro lado da cerca, como tudo ali. Ao lado tenho mais uma casa da fazenda, esta também vazia. Em seguida uma casa de criação de carneiros acima à direita, alguns chalés de dois andares e às 13h a segunda bifurcação. As placas indicam que em frente é a Estrada das Pedrinhas, bairro de Guaratinguetá, e logo um grupo de motos e carros 4x4 passa por mim vindo de lá. Seria perfeitamente possível descer a serra por esse caminho e no bairro Pedrinhas tomar o ônibus para Guará que passa a cada duas horas, porém não era esse o meu objetivo.
De todas as placas dessa bifurcação nenhuma me dizia o que eu iria encontrar se fosse para a esquerda, mas era essa a direção que eu queria. A lacônica e única placa no ramo da esquerda apenas alertava "área de proteção ambiental permanente". E foi por ali que eu fui. Assim deixo de caminhar pela estrada mostrada pelo gps e passo a confiar na carta topográfica do IBGE apenas (pobre de mim!). Até aqui não havia cruzado com nenhum morador que pudesse me confirmar o percurso que pretendia fazer.
Em cinco minutos passo por mais um ponto de água (é bom abastecer o cantil aqui pois pelas próximas 3h não haverá água fácil e confiável) e logo depois por uma cachoeira um pouco distante do lado esquerdo. Às 13h15 a paisagem se abre completamente à minha frente (nordeste) e fotografo o inconfundível perfil do Pico dos Marins, ainda muito pequeno no horizonte. Mais placas da Fazenda Lavrinhas e por volta de 13h30 chego à casa de uma família que trabalha na fazenda, junto a um grande curral. A conversa foi bastante proveitosa e o atencioso morador até me ofereceu a sua antiga casa para eu passar a noite! Ele me disse que eu encontraria mais à frente uma outra área de criação de carneiros, com grandes portões de ferro, mas que são mantidos sem cadeado porque ali é rota de romeiros. E que muitos deles descem a serra por uma trilha larga (que eu havia notado) cerca de cem metros antes dali. Coisa a ser explorada em futuras incursões.
Alguns minutos à frente começo a ter ótima visão do Vale do Paraíba, com Guaratinguetá e Aparecida à direita. E 15min depois novamente a silhueta do Marins. Às 14h25 um grande portão de madeira com um chalé ao lado e uma estrada que leva à sede da fazenda, a qual pude começar a ver dois minutos depois, exatamente no local em que cruzei com uma romaria de homens a cavalo (já havia passado uma outra nesse dia). À medida que a estrada contorna a casa-sede, ela vai se mostrando cada vez mais impressionante no alto da colina. Abaixo já consigo ver os galpões de criação dos carneiros, que alcancei às 14h40.
Após fotos dos curiosos bichos, cheguei aos tais portões de ferro muito altos, que estavam realmente sem cadeado. Placas bem em frente a eles indicavam hospedagem para romeiros e uma delas advertia para a proibição da "passagem pela trilha do antigo Bretas", que é a continuação da estrada por onde vim. Passei pelos dois portões, cumprimentei de longe os funcionários que cuidavam da ração do rebanho e continuei, agora por uma estrada bem mais precária. Alguns minutos à frente, ao parar para fotos de outros carneiros no alto de um morro, ouvi um barulho no chão e era uma cobra de uns 80cm, que fugiu rapidamente. Mais à frente, o horizonte se abre amplamente e ao Marins junta-se o majestoso desenho da Serra Fina e mais à direita Itatiaia. Paisagem belíssima!
Às 15h40, mais uma bifurcação. A estrada continuava reta em frente e uma outra descia à esquerda, em direção noroeste. Fiquei um pouco em dúvida mas notei pelo mapa que se fosse para noroeste estaria me aproximando da estrada que vem do Horto e isso me levaria ao bairro do Charco. Tinha informação também de que o Charco é rota dos romeiros e se seguisse as marcas dos cavalos chegaria lá. Uma placa na bifurcação voltada para a estrada que vinha de baixo indicava pousada para romeiros (outra!) e me dava a dica de que eu deveria abandonar aquela estrada e descer à esquerda.
Desci ainda um pouco inseguro por não conseguir ver a continuação da estrada, mas logo avistei uma casa e um chalé, o que batia com a descrição (um pouco confusa) daquele morador com quem conversei lá atrás. Bati palma nas casas mas não havia ninguém. E a estradinha tomada pela erosão terminava ali, num gramado... pois bem, resolvi continuar seguindo as marcas dos cavalos dos romeiros e a direção norte/noroeste a fim de cruzar a divisa SP-MG e chegar ao Charco. Isso me levou a cruzar a ponte de madeira (água boa e acessível) e subir a encosta à frente por uma trilha em diagonal, atravessar uma matinha, subir um trecho muito erodido e alcançar um campo de capim baixo. A próxima descida com muita erosão termina num riacho mas a água é de difícil acesso. Cruzo mais um trecho de mata e no campo seguinte a trilha é mais estreita, mas continua bem marcada. Às 16h35 cheguei à divisa SP-MG, exatamente numa clareira com restos de uma cerca e um pouco de lixo. Não fosse pelo gps não saberia que estava enfim entrando em terras mineiras. Parei para um pequeno descanso e para conferir na carta onde estava. Percebi que ainda bem longe do bairro do Charco e que não conseguiria chegar antes do anoitecer, o que já me deixava em alerta para um bom local de acampamento dali em diante.
Deixando a clareira da divisa, um curto trecho de mata e novamente no aberto uma visão ainda mais bela das montanhas de Minas bem à minha frente. Nova descida e ao sair de outra pequena mata tive a impressão de ver uma trilha secundária saindo para a esquerda, junto às árvores. Não fui conferir, afinal eram 17h, o sol estava baixo e nem sinal de vida à frente. E eu já havia caminhado 23km até ali... Ao final de uma descida mais longa pela trilha dupla no capim baixo, chego a uma bifurcação em T marcada por uma árvore solitária e um gramado. À esquerda me pareceu ser a continuação daquela trilha que não fui investigar ao sair da mata (posso estar enganado). À direita havia marcas de cavalos e fui por ali. (atualizando em nov/2016: a esquerda é uma alternativa mais longa porém mais segura de não se perder no caminho para o Charco já que a "bifurcação discreta" que menciono abaixo já se tornou "bifurcação invisível". Para a esquerda basta seguir as plaquinhas do Caminho de Aparecida, só que ao contrário.)
Passei entre altas touceiras de capim, um ponto de água complicado e cheguei a uma bifurcação muito discreta. O caminho em frente (direita) era bem mais aberto e segui por ele, porém deu numa mata (logo após restos de uma cerca) e a trilha se perdeu. Dei algumas voltas, insisti um pouco porque via algumas marcas no chão, mas resolvi voltar à bifurcação discreta. Tomei a trilhazinha à direita (esquerda quando eu vim) e logo vi que ela se abria mais e continuava bem batida após um riacho. Com a escuridão iminente, tratei de encontrar um bom lugar para montar a barraca ali próximo, antes do riacho. A noite foi bem fria naquele vale e só saí da barraca por um instante para contemplar o céu coalhado de estrelas, com a Via Láctea cruzando quase toda a imensidão do firmamento.
Distância percorrida: 25km em 7h20min
2º DIA: DO BAIRRO DO CHARCO ÀS PORTAS DO MARINS
No dia seguinte, acordei bem cedo e comecei a caminhar às 6h50 pois tinha muito chão pela frente e queria chegar ao bairro da Barreira a tempo de pegar o ônibus das 16h40 para Guaratinguetá. O próximo só daí a duas horas, já de noite.
A trilha cruza o riacho, continua pela mata como um sulco de erosão e quando sai no aberto passa a bordejar a mata pelo lado esquerdo. Mais campos de capim baixo e às 7h avistei bem longe, à esquerda, uma estrada, mas não sei se é a que vem do Horto ou uma secundária. Quando a trilha se aproxima de uma cerca do lado direito entro novamente numa pequena mata e, ao sair dela, uma nova bifurcação em T e uma porteira coberta de líquen (atualizando em nov/16: nessa porteira as duas trilhas da bifurcação da árvore solitária se encontram). O caminho era bem marcado de ambos os lados, mas resolvi ir para a direita, passando por alguns alagados, outra porteira e um riacho de fácil acesso. Altas e imponentes araucárias adornam esse caminho, que segue paralelo ao Córrego da Mãe-d'água e à estrada de terra, poucas centenas de metros à esquerda (mas não visível).
Às 7h33 cheguei a uma curva de estrada, que para mim se mostrava como mais uma bifurcação. O ramo da esquerda estava mais próximo da direção norte e tinha marcas de cavalos, então segui por ele. Logo avistei as primeiras casas do Charco e às 7h45 atingi a estrada que vem do Horto, bem atrás da igreja do bairro. Fiz os cálculos no gps e para a esquerda seriam 19km de retorno ao Horto. Uma placa ali indicava "Campos do Jordão a 35km" - o gps calculou 30km até o Capivari. Mas a minha meta era a Barreira, cuja estrada sai bem do lado esquerdo da igreja (olhando-a de frente), sinalizada por uma placa indicando a Fazenda da Onça. Dali seriam mais 25km de chão (acabou dando 28km)!
Do Charco também sai uma estrada para Itajubá, distante 37km segundo a placa, e é esse justamente o caminho dos romeiros.
Bem, agora era pé na estrada a passo firme para chegar com luz do dia ao meu objetivo, considerando que poderia haver percalços pelo longo caminho. Aqui meu sentido geral deixa de ser norte e volta a ser leste e nordeste.
Por sorte a estrada é bastante arborizada e praticamente não trafegam carros. Apenas um passou por mim. Alcancei a porteira da Fazenda da Onça às 9h e as placas avisam ser uma área militar. O município é Delfim Moreira-MG. Há diversos pontos de água na descida para a sede da fazenda, pequenos afluentes que vão desaguar no Córrego da Onça, que corre num profundo vale à direita. Após a citada porteira, mais 25min e chego à sede da fazenda, com uma pequena represa, vertedouro, bica d'água, campo de futebol e mensagem de boas-vindas, parecendo mais um local de recreação. Uma placa apontava para uma cachoeira, mas não havia tempo de ir lá conferir. Parecia haver moradores numa das casas mas não vi a cara de ninguém.
Fui encontrar gente dois minutos à frente, numa cena quase insólita. Dois ou três carros parados junto a uma fonte (Mina Clara Anil) e uma família se refestelando num piquenique no meio do nada, embaixo de um sol já bem quente. Aproveitei para uma prosa e ter mais informações sobre o que viria pela frente. Eles disseram que não haviam feito o caminho pela Barreira porque a estrada estava muito ruim, coisa que eu pude comprovar dali em diante. Do Charco até ali a estrada estava viável para um carro comum, mas logo à frente uma ponte em frangalhos e sucessivos caldeirões de lama tornavam a viagem arriscada. É interessante encher o cantil nessa mina pois água limpa e de acesso fácil deve reaparecer mais de duas horas mais tarde.
Continuei o caminho pela estrada completamente cercada de mata alta, com uma deliciosa sombra, e às 10h15 cheguei à bifurcação (à esquerda) para a Fazenda Boa Esperança, que funciona como hotel e tem trilhas e cachoeiras. Colado num tronco próximo um aviso dizia que de 23 a 28 de novembro de 2009 seria realizado na Fazenda da Onça um exercício de tiro e que as estradas de acesso estariam bloqueadas. A partir daí a estrada teve trechos de sombra e outros completamente expostos, com sol forte na cabeça. E mais lama onde o sol não batia.
Às 10h48 uma bifurcação onde continuei em frente, à esquerda. Às 11h25 um entroncamento em que uma placa diz "Campos do Jordão 36km" - continuei pelo caminho mais aberto, à esquerda. Essa placa está completamente errada pois se lá no Charco a distância era de 35km, como pode ser de apenas 36 depois de eu ter caminhado mais de três horas? O gps calculou 31,8km até o Horto (seguindo a estrada, não em linha reta) e mais 11,2km do Horto até a cidade, num total de 43km.
Às 11h50 alcancei o portão do antigo Hotel do Barão, hoje uma residência particular. Daí em diante, a sombra tornou-se mais rala e o sol cada vez mais forte, o que me desgastou bastante e me fez diminuir bastante o ritmo. Por sorte reapareceram os pontos de água.
Às 12h42, assim que cruzei com motoqueiros e em seguida um fusca, encontro uma bifurcação com uma placa, porém voltada para quem vem da estrada da esquerda. Ela apontava para a direita (por onde eu vim) e indicava "Campos do Jordão 33km" - ué, diminuiu! E para a esquerda umas tais "ruínas do sanatório" a 800m. Como aquela família do piquenique havia falado desse sanatório, fiz um pequeno desvio na rota para ver do que se tratava. Satisfeita a curiosidade e fotografadas as paredes de pedra do sanatório de 1906, voltei à bifurcação e fui para a direita.
Enfrentei uma subida que pareceu longa demais para o meu cansaço e parei um pouco bem no topo, num local que talvez seja o Alto da Lavrinha. Daí em diante foi uma longa descida de mais de 6km (quase 400m de desnível) e às 14h15 volto a vislumbrar à esquerda no meio do arvoredo o conjunto do Marins. Cruzei diversos pontos de água nessa descida.
Às 15h parei alguns instantes para fotografar as imensas e impressionantes paredes de pedra que vistas no Google Earth pareciam uma pedreira ou algo semelhante. Uma altíssima cachoeira despenca em meio aos paredões e forma um pocinho raso. Essa parte da estrada estava bem precária, com lamaçal e ladeiras de pedras soltas.
O final da longa jornada, depois de tantas belas paisagens, não poderia ter sido mais inglório: um enorme e estéril reflorestamento de eucaliptos. Às 15h45 alcanço finalmente a rodovia BR459 (que liga Piquete a Itajubá) junto ao bairro da Barreira. Ali há um posto de gasolina e um posto de fiscalização da Receita Estadual, já que a divisa SP-MG fica a menos de 2km. Esperei o ônibus da Pássaro Marron para Guaratinguetá, que passa ali por volta de 16h40, porém passou um pouco antes.
A descida da serra em direção ao Vale do Paraíba é espetacular, com visão das montanhas da Mantiqueira, das cidades do vale e a Serra do Mar ao fundo. O ônibus parou em Piquete e Lorena antes de chegar ao final, em Guará, às 17h40, onde tomei o próximo ônibus, das 18h, para São Paulo.
Distância percorrida: 33,4km em 9h
Saldo da jornada: uma bolha no pé esquerdo, diversas dores musculares e 58km de belas paisagens da sempre sedutora e surpreendente Serra da Mantiqueira.
Informações adicionais:
O circular para o Horto sai do bairro Santa Cruz a cada hora exata+10minutos e passa perto da rodoviária à hora exata+40minutos. O circular sai do Horto em direção ao centro de Campos do Jordão a cada hora exata+20minutos. Mais informações: empresa Viação Na Montanha: 0800 770 5727.
Parte desse trajeto foi incluído no caminho peregrino chamado Caminho de Aparecida (www.caminhodeaparecida.com.br) e você vai encontrar muitas plaquinhas de sinalização.
Rafael Santiago
abril/2010