sábado, 25 de outubro de 2008

Parque Nacional da Serra das Confusões (PI) - jul/08

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/29/29.
A cidade-base para conhecer o Parque Nacional da Serra das Confusões é Caracol, no sudeste do Piauí, distante 87km de São Raimundo Nonato por estrada asfaltada em bom estado.
O parque dista 17km da cidade de Caracol por estrada de terra precária. Um carro comum (Corsa, por exemplo) consegue chegar à guarita do parque mas não consegue seguir em frente. Daí em diante é preciso seguir a pé ou em veículo 4x4. Há guias que não aceitam ir ao parque de moto pois a grossa camada de poeira dessa estrada torna a viagem uma aventura bastante arriscada.
O parque é atravessado por uma estrada aberta a picareta que liga Caracol a Cristino Castro e há camionetes "de linha" (paus-de-arara) com tração 4x4 que fazem esse percurso, cruzando o parque. Porém a entrada com fins de visita é controlada pelos vigias da guarita do lado de Caracol (e, segundo me disseram, por outra guarita do lado de Cristino Castro) e o acompanhamento de um guia é obrigatório. Quem quiser arriscar passar pelas guaritas com a maior cara de turista dizendo que só vai atravessar o parque, depois me conte como foi a experiência.
O Serra das Confusões era o maior parque nacional da região nordeste (com área três vezes maior que o segundo colocado) até a criação em 2002 do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. Segundo o site do Ibama, o parque tem esse nome curioso pelo fato de a paisagem mudar de configuração de acordo com a iluminação do dia.
(Todos os preços são de julho de 2008)
O guia pode ser contratado em Caracol através da Associação  dos Condutores do PN da Serra das Confusões (ACOPANASC).Os roteiros disponíveis são:
1. Zona de uso intensivo:
. Andorinhas
. Mirantes do Sertão
. Gruta do Riacho dos Bois
. Olho d'água escondido
valor do serviço de condução: R$20,00
(possível fazer a pé a partir da guarita de Caracol)
2. Zona histórico-cultural (trilhas e sítios arqueológicos)
. Toca do Enoque
. Toca do Muquem
. Toca das Andorinhas
valor do serviço de condução: R$30,00
(necessário carro 4x4)
Normas da associação:
. A visitação será viabilizada de segunda-feira a domingo
. O horário de visita se estenderá por todo o dia a critério do visitante, não sendo permitido pernoite
. Número de visitantes por condutor: 15 pessoas
. O tempo de duração de cada visita será de 6 horas
. Em caso da visita ultrapassar o tempo de 6 horas, o preço do serviço será majorado em R$10,00 a cada hora excedente (observação minha: o preço do condutor é perfeitamente negociável)
. O transporte do condutor ficará por conta do visitante
Ibama em Caracol: 89-3589-1208
Em Caracol há quatro hotéis/pousadas bem simples e um restaurante.
1. Pousada Caracol (89-3589-1132):
R$20 com banheiro e café
(me disseram que era a melhor da cidade)
2. Pousada Recreio (89-3589-1167):
R$10 com banheiro, R$8 sem banheiro e R$5 o café
(quartos pequenos e o dono nada simpático)
3. Hotel São Bento (89-3589-1219):
R$10 sem banheiro e R$6 o café
(fica na própria casa da família)
4. Pousada do Valdir (89-3589-1120):
R$10 com banheiro e R$5 o café
(quartos enormes e atendimento muito bom)
Abaixo faço um breve relato da minha visita ao parque:
Em primeiro lugar gostaria de falar da dificuldade que foi chegar até esse parque. Antes da viagem, eu consegui muito pouca informação nos guias impressos e virtuais e nos fóruns de viagens. Na internet os poucos relatos eram de aventureiros que tinham chegado ao parque de bicicleta ou veículo 4x4, o que não era o meu caso. Eu estava indo sozinho e sem carro. Em Teresina e São Raimundo Nonato perguntei para muita gente e cheguei a fazer um contato com o diretor do parque em Caracol, que não me deu muita esperança de conhecer o parque nas condições em que eu viajava. A solução veio muitos dias depois, no contato telefônico com o guia Agnaldo (89-3589-1360), de Caracol, que foi o primeiro a me dizer que a visita ao parque já estava organizada, que havia uma associação de condutores com uma tabela de preços e dois roteiros básicos, e que havia carro para frete em Caracol . Só então fui até lá para conversar pessoalmente com o diretor do parque e negociar com o Agnaldo os preços do serviço dele e do frete do carro para me levar até o parque.
30/07/2008 - qua - de São Raimundo Nonato a Caracol
Há vans e apenas um ônibus por dia de São Raimundo Nonato a Caracol. Peguei a van (R$10) das 12h30 e cheguei a Caracol às 14h45, após uma longa parada no caminho. Esse trecho da estrada foi asfaltado há vários anos e está em boas condições. O problema são os jegues, cavalos, vacas e cabras que perambulam soltos nela. Pesquisei o preço das pousadas da praça central e acabei me hospedando na pousada do Valdir, perto do mercado municipal, onde a relação custo/benefício era bem melhor (R$10 a diária sem café, com banheiro no quarto). Fui em seguida conversar com o diretor do parque (o Júnior, que substituía o Mitinha, de férias) para saber das condições de visitação e se algum carro do parque estaria indo no dia seguinte para lá e se poderia me dar uma carona. Infelizmente não havia nenhum. Só me restou negociar com o guia Agnaldo o preço de uma camionete para nos levar e depois buscar no fim da tarde. O melhor que consegui foi R$60 bastante caro para quem estava viajando sozinho. De moto poderia sair mais barato porém ele desaconselhou pois a estrada de Caracol até o parque é de terra e tem uma grossa camada de pó que encobre valetas traiçoeiras. O preço do seu serviço de guia para o roteiro número 1 ficou em R$40 (para o dia todo). Ou seja, a brincadeira ficaria em R$100. Como eu não tinha mais ninguém para dividir, mesmo estando em pleno mês de férias, era pegar ou largar. Decidi pagar.
A distância de Caracol ao parque nem é tão grande, 17km, porém o acompanhamento de um guia é obrigatório e há guarita na entrada do parque para controlar isso. Nenhum guia vai querer fazer esse percurso a pé. O melhor mesmo é ter outras pessoas para rachar a despesa do carro (ou de um carro alugado). Ou ter muita sorte de conseguir uma carona.
31/07/2008 - qui - conhecendo o parque
O motorista passou na pousada às 6h30, quando ainda estava bem frio (sim, por incrível que pareça faz frio nessa cidade do Piauí à noite e de madrugada). Pegamos a tal estrada de terra que vai para Guaribas e depois desviamos para a direita. Chegamos à guarita do parque às 7h15, onde há uma cancela e um funcionário. Não é cobrado entrada. Carros comuns costumam ir só até essa guarita. A camionete seguiu um pouco mais e nos deixou antes do areião. Caminhamos um pouco e chegamos ao trecho da estrada que foi aberta a picareta na rocha. Dali o visual da planície logo abaixo e das serras ao fundo já é impressionante. Descemos por essa estrada, subimos e descemos algumas das elevações rochosas para tirar belas fotos e chegamos a uma nascente, algo raro de se ver na caatinga. Dali subimos de volta um pouco e fomos conhecer o atrativo mais famoso do parque, a Gruta do Riacho dos Bois. A entrada dela fica bem escondida e é preciso descer o barranco rochoso por escadas fixadas nas paredes, porém o local não é tão preservado quanto se espera pois já foi ponto de reunião dos farofeiros da região antes da criação do parque nacional. Há muitas pichações na entrada, uma delas ironicamente clamando "Preserve a natureza". A gruta é na verdade um cânion muito estreito em que o teto se fecha em certos trechos e se abre em outros formando clarabóias. Nos trechos escuros é necessário ter uma lanterna para não tropeçar nas pedras e para desviar dos sapos. Há uma grande quantidade de andorinhas também, que ficam muito agitadas ao sentirem nossa presença. Fomos até o local batizado de Jardim, uma área aberta maior onde árvores bem altas cresceram.
Voltamos até a entrada da gruta e fomos conhecer o Olho d'água escondido. Caminhamos por um leito seco de rio por cerca de 45 min e chegamos a essa bela nascente, que forma um poço de água verde e transparente.
Retornamos novamente até a entrada da gruta, onde havia um ruidoso grupo de adolescentes, e começamos a cansativa volta à guarita do parque, num horário em que o calor estava insuportável (13h30). Foram só 3km da gruta à guarita, porém o sol escaldante multiplicou por dez o cansaço.
Recuperamos as forças à sombra da casa que serve de abrigo aos funcionários do parque e às 14h40 fomos conhecer o local chamado de Andorinhas. Uma trilha começa bem junto à cancela e penetra na vegetação viçosa, onde encontramos maracujás e cajus maduros e suculentos. Com uns 40 min de caminhada já é possível ver novamente a morraria rochosa que compõe a paisagem típica desse parque, agora por outro ângulo. O nome do local guarda semelhança com o Baixão das Andorinhas do Parque Serra da Capivara pois é aqui que esses pássaros fazem seus ninhos e se recolhem no fim do dia. Infelizmente faltava muito tempo ainda para o pôr-do-sol e tive de me contentar com fotos só da paisagem.
Às 17h estávamos de volta à guarita, onde o motorista da camionete já nos esperava.
No retorno à cidade, fizemos uma breve parada numa casa de farinha para ver de perto o processo de transformação da mandioca-brava, plantada ali ao lado, em farinha.
À noite, jantei (R$8) e voltei logo em seguida à pousada porque estava um pouco frio para caminhar pela cidade.
01/08/2008 - sex - de Caracol a São Raimundo Nonato
A van (R$10) saiu de Caracol às 7h25, depois de percorrer todo o centro e periferia para pegar passageiros em suas casas, e chegou a São Raimundo Nonato às 8h50. Tomei o café da manhã na Pousada Zabelê (R$5) e parti às 11h no ônibus da Gontijo para Salvador (R$88,50).

sábado, 4 de outubro de 2008

Parque Nacional Serra da Capivara (PI) - jul/08

Fotos em http://lrafael.multiply.com/photos/album/26/Pq_Nacional_Serra_da_Capivara_PI_-_jul08

A cidade-base para conhecer o Parque Nacional da Serra da Capivara é São Raimundo Nonato, no sudeste do Piauí. Isso todo mundo já sabe. O que poucos sabem é que se pode trocar o "conforto" da cidade pela rusticidade dos vilarejos próximos à entrada Boqueirão da Pedra Furada (BPF) do parque, estando assim em contato constante com a natureza da região e a bem poucos quilômetros das serras e sítios arqueológicos.

Essa é uma opção que tem menor custo também, em especial para quem for visitar o parque por vários dias e estiver sozinho e sem carro pois elimina a despesa com o transporte.
(Os preços abaixo são todos de julho de 2008)

As vilas em questão são Barreirinho e Sítio do Mocó. No Barreirinho, que fica a 5km da entrada do parque, há um "albergue" (89-3582-1760) no mesmo terreno da oficina de cerâmica. Ali a hospedagem custa R$35 com as três refeições. Os quartos são grandes e possuem várias beliches. No Sítio do Mocó, que fica a 2km da entrada do parque e 28km de SRN, há o Camping Pedra Furada (89-9409-1569/9405-1907) com uma grande área para barracas (que podem ser alugadas no próprio local), cinco quartos e quatro banheiros. A diária dos quartos é R$35 com as três refeições, R$18 só com café-da-manhã, R$15 só para dormir, R$7 o almoço ou janta e R$10 para acampar. O Sítio do Mocó, contudo, sofre muito com a escassez de água, portanto é melhor confirmar se o camping está funcionando antes de tentar se transferir para lá. Também é preciso estar ciente de que se está no meio do mato, portanto a quantidade de insetos (atraídos pelas luzes) é enorme. É recomendável inspecionar o quarto para ver se nenhuma lacraia mais ousada invadiu o seu espaço.

A partir da entrada BPF é possível ir a pé à maioria dos sítios arqueológicos abertos a visitação no parque, como Boqueirão da Pedra Furada, Alto da Pedra Furada, Caldeirão dos Canoas, Caldeirão do Rodrigues, Sítio do Meio, Boqueirão do Pedro Rodrigues, Grotão da Esperança, Baixão das Mulheres, Trilha Hombu e outros.

Já lugares como Desfiladeiro da Capivara, Baixão da Vaca, Toca dos Veados, Boqueirão do Paraguaio, Baixão do Perna e Baixão das Andorinhas têm acesso por outras guaritas do parque, distantes da entrada BPF. A minha sugestão portanto é ter SRN como base para conhecer esses sítios de táxi ou moto-táxi e depois se instalar no camping do Sítio do Mocó para conhecer a pé os outros lugares citados mais acima.

Para quem prefere permanecer em SRN, há várias opções de hospedagem:
1. o Hotel Serra da Capivara (89-3582-1389) é o mais antigo e mais caro. Fica numa das saídas da cidade, a 2km, o que dificulta para quem está sem carro. Diária de R$71 (com ar-condicionado, TV e frigobar) com café da manhã.
2. a Pousada Zabelê (89-3582-2726) fica no centro da cidade e recebe muitos turistas, o que facilita encontrar outras pessoas para dividir as despesas de transporte até o parque. Se não houver hóspedes interessados em formar grupo, a recepção liga para os outros hotéis. Diária de R$22 (com ventilador e TV) e R$38 (com ar-condicionado e TV) com bom café da manhã self-service.
3. o Hotel Real (89-3582-1495) também fica no centro e recebe turistas. Se não houver hóspedes interessados em formar grupo, a recepção liga para os outros hotéis. Diária de R$19 (com ventilador e TV) e R$39 (com ar-condicionado e TV) com ótimo café da manhã self-service.
4. a Pousada Santa Luzia (89-3582-1582) fica perto da Zabelê mas recebe poucos turistas.
5. há dormitórios bem mais baratos no centro.

Em primeiro lugar é fundamental ir ao Museu do Homem Americano para entender o que se vai apreciar nos dias seguintes. As pinturas foram estudadas e divididas em tradições e estilos, assim:
1. Tradição Nordeste (12000 a 6000 anos atrás), bastante dominante no parque, em que as figuras representam ações, há dinâmica de movimento. Possui três estilos:
1.1. estilo Serra da Capivara: as figuras são pintadas inteiramente com tinta lisa, o corpo todo preenchido; a cor dominante é o vermelho

 
a capivara menor é do estilo Serra da Capivara
1.2. estilo Serra Talhada: os corpos das figuras não são preenchidos ou são parcialmente preenchidos ou ainda são preenchidos com pontos; além do vermelho, várias outras cores são utilizadas

 
a capivara maior é do estilo Serra Talhada
1.3. estilo Serra Branca: o corpo é decorado com traços geométricos

 
estilo Serra Branca
2. Tradição Agreste (10000 a 3000 anos atrás), minoritária, caracterizada pelo estatismo. As figuras são representadas paradas, não há movimento, e com dimensões bem maiores do que na tradição Nordeste.

 
Tradição Agreste
O museu fica a 3km de São Raimundo Nonato e é perfeitamente viável ir até ele a pé (evitando se possível o horário do sol mais forte). É preciso sair da cidade pela rodovia BR324 (PI140) mas há calçadas e trechos de terra que evitam ter de andar junto aos carros. Também pode-se pegar um moto-táxi.

É obrigatório contratar um guia para visitar o parque (R$45 por dia divididos pelo número de pessoas do grupo). Recomendo o guia Osmar, que já trabalhou nos sítios arqueológicos e tem grande conhecimento. O ingresso no parque custa R$3 (por pessoa) e não é mais válido para os dias seguintes, ou seja, agora pagam-se R$3 por dia de visita.

Abaixo faço um breve relato dos meus cinco dias no parque para dar uma idéia do que é possível conhecer em cada dia.

25/07/2008 - sex - MUSEU DO HOMEM AMERICANO
Depois de explorar um pouco o mercado central de SRN à procura de frutas regionais, decidi ir a pé ao Museu do Homem Americano. Como já disse, há calçadas e depois uma rua de terra paralela à rodovia, o que evita andar junto aos carros. Levei 35 minutos nesse trajeto. O museu (R$6) tem muitos painéis com mapas e muitos textos para ler. Há também um vídeo bem interessante dividido em três módulos, sendo um deles uma entrevista com a arqueóloga paulista Niède Guidon, diretora-presidente da Fundham (Fundação Museu do Homem Americano), que administra o parque em parceria com o Ibama. Esperei o sol baixar um pouco e voltei a pé. Comecei a procurar outras pessoas para dividir as despesas do táxi até o parque amanhã mas estava difícil, mesmo sendo mês de férias. Havia turistas na cidade mas cada um com seu carro e sem querer dividir as despesas com um desconhecido. Tentei no hotel onde estava hospedado (o Real) e também na pousada Zabelê pessoalmente e no hotel Serra da Capivara por telefone. Não encontrei ninguém. O recepcionista do hotel Real também se esforçou mas não conseguiu nada. Jantei no próprio hotel (R$11,50) porque no centro só havia uma pizzaria aberta.

26/07/2008 - sáb - DESFILADEIRO DA CAPIVARA, BAIXÃO DA VACA, CERÂMICA, CENTRO DE VISITANTES, BOQUEIRÃO DA PEDRA FURADA
Acordei com a ótima notícia de que havia chegado uma moça no ônibus da madrugada e se hospedado no meu hotel. Ela estava sozinha e procurava alguém para rachar as despesas de visita ao parque. O recepcionista chamou um guia e o guia chamou um táxi. O guia se chama Osmar. Ficamos dois dias com ele e gostamos bastante, é muito atencioso e tem grande conhecimento por já ter trabalhado nos sítios. Ele sugeriu começarmos pelo Desfiladeiro da Capivara e à tarde irmos ao Boqueirão da Pedra Furada. A diária do guia custa R$45 e o táxi consegui baixar para R$105 para  arredondar o total para R$150, divididos por dois. Rodamos 38km e entramos no parque pela portaria da BR020. R$3 a entrada.Visitamos o Desfiladeiro da Capivara e o Baixão da Vaca, com um trajeto curto de táxi entre um e outro. A pedido meu fomos conhecer as pinturas que se tornaram azuis com o passar do tempo, que representam veados e emas. Foi preciso caminhar um pouco mais e assim não deu tempo de conhecer o Boqueirão do Paraguaio, muito próximo dali. De táxi, fomos almoçar na vila do Barreirinho (fora do parque), no restaurante da Cerâmica (R$7). Ali há opção de hospedagem também. Voltamos ao parque (5km de táxi), entrando desta vez pela portaria BPF (Boqueirão da Pedra Furada) apenas apresentando o ingresso pago de manhã. No Centro de Visitantes vimos peças encontradas nas escavações e assistimos a um vídeo com diversos módulos (os mesmo três que vi no museu ontem e mais alguns). Visitamos o Boqueirão da Pedra Furada, que tem pinturas impressionantes, inclusive a que foi adotada como símbolo do parque (as duas capivaras correndo), a própria Pedra Furada (de táxi, trajeto bem curto) e algumas tocas próximas. Na volta para a cidade passamos no camping do Sítio do Mocó para eu conhecer e decidir se valia a pena me hospedar ali e não ter mais de me preocupar com a despesa do táxi, já que esse povoado fica a 2km da entrada BPF do parque.

27/07/2008 - dom - CALDEIRÃO DOS CANOAS, CALDEIRÃO DO RODRIGUES, SÍTIO DO MOCÓ, ALTO DA PEDRA FURADA, SÍTIO DO MEIO
Deixei o hotel Real com a mochila para me hospedar no camping do Sítio do Mocó. Saímos com o mesmo guia, o Osmar, e o mesmo taxista. Rodamos 30km e entramos no parque pela portaria BPF novamente (R$3). Passamos pela Pedra Furada e seguimos (de táxi) até o fundo do boqueirão. Dali é preciso subir pelas encostas íngremes para chegar aos sítios do Caldeirão dos Canoas e depois Caldeirão do Rodrigues, com belíssimo visual e ótimas pinturas. É possível voltar ao carro descendo por uma escada de barras de ferro fixadas no paredão rochoso, porém decidimos voltar pela trilha por onde viemos. Fomos de táxi ao Sítio do Mocó (2km; fora do parque) almoçar no camping (R$7). Em seguida saímos a pé para subir a serra atrás do camping e ir ao Alto da Pedra Furada, com visual de toda a região e da Pedra Furada num outro ângulo. A descida da serra dá direto no Centro de Visitantes do parque, onde o táxi nos esperava para finalizarmos a visita de hoje no Sítio do Meio, onde foi encontrada uma machadinha de pedra polida com cerca de 9200 anos. Na volta para a cidade, me hospedei no camping, onde também jantei (R$7). O vilarejo tem apenas um orelhão e estava quebrado. Um grupo de cinco pessoas também se hospedou nessa dia nos quartos do camping e encontrou num deles uma lacraia. É preciso estar preparado para a grande quantidade de insetos no quarto (dormi com um louva-a-deus, alguns gafanhotos, etc) e de pererecas no banheiro.

28/07/2008 - seg - GROTÃO DA ESPERANÇA, BAIXÃO DAS MULHERES
Neste dia saí com o guia Ediran, que fala muito pouco (R$45). A pé percorremos os 2km até a entrada BPF do parque e depois mais alguns quilômetros até o fundo do boqueirão. Subimos as mesmas encostas de ontem, passamos rapidamente pelos sítios do Caldeirão dos Canoas e tomamos a estradinha em direção ao Grotão da Esperança. Caminhamos bastante até alcançar um mirante de onde se avista a vila do Barreirinho. Descemos a encosta e passamos por três sítios denominados Tocas da Subida do Grotão da Esperança, todos com pinturas muito deterioradas. Saindo dos limites do parque, foi preciso pular algumas cercas e passar por roças até alcançar uma estrada e segui-la à esquerda para conhecer um caldeirão de água no fundo do boqueirão. Caminhamos muito, a estrada se transformou em trilha, a trilha se transformou em vara-mato e nada de água. Como o guia não conhecia direito, pedi para voltarmos e irmos conhecer o Baixão das Mulheres. Tivemos de caminhar pela estrada de terra cerca de 1h20 embaixo de um sol escaldante para voltar à portaria BPF, tomar uma água fresca, continuar até o Sítio do Mocó (cerca de 15 min) e de lá ir ao Baixão das Mulheres (mais 40 min), que é o local onde antigamente as mulheres iam lavar a roupa. Há interessantes pinturas rupestres e belas encostas rochosas ao redor.
Jantei no camping (R$7).

29/07/2008 - ter - TRILHA HOMBU, BOQUEIRÃO DO PEDRO RODRIGUES
Nesse dia saí com o guia Nestor (R$45). Em primeiro lugar quis ver os caldeirões de onde a população do Sítio do Mocó retira água para uso em geral, exceto para beber e cozinhar. Logo cedo muitas pessoas percorrem o caminho até esses caldeirões com tambores e baldes, uns a pé, outros de bicicleta. A água era escassa e de aparência não muito boa. Na parte da manhã fizemos a trilha Hombu, que inicia numa portaria do parque que não tem funcionário. Como o pagamento do ingresso é obrigatório, já fizera isso no dia anterior (R$3). A trilha Hombu é interpretativa, o que significa que possui em todo o seu trajeto painéis explicativos dos sítios, flora e fauna. Visitamos alguns sítios interessantes do Circuito da Pedra Caída, Toca da Invenção e outros, depois subimos a encosta por escadas de metal fixadas na rocha e visitamos muitos outros sítios com pinturas interessantes como Baixão da Pedra Preta, Toca dos Caititus e outros. Saímos por uma portaria com funcionário, onde mostrei o ingresso comprado ontem antecipadamente. Dali até o Sítio do Mocó foram 35 min de sol muito forte. Voltamos ao parque pela portaria BPF e fomos visitar o Boqueirão do Pedro Rodrigues, com belo visual (inclusive da Pedra Furada por trás) se o guia levar ao alto das formações rochosas, porém com o sítio arqueológico num local escuro mesmo às 15h. Jantei no camping (R$7).

30/07/2008 - qua - VOLTA PARA SÃO RAIMUNDO NONATO
É possível fazer o percurso SRN-Sítio do Mocó com camionetes de linha. Eu aproveitei uma camionete colocada à disposição por um candidato, que nesse dia saiu às 6h com mais 16 pessoas.