quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Volta completa da Joatinga (RJ) - dez/08

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/45/Volta_completa_da_Joatinga_RJ_-_dez08

A travessia da Joatinga, em Parati, é velha conhecida dos trilheiros em geral, com seu percurso tradicional iniciando na Praia do Pouso da Cajaíba e findando no condomínio Laranjeiras, percurso este vencido em dois ou três dias de acordo com o tempo disponível e a disposição do caminhante. Como eu dispunha de três dias inteiros, procurei uma forma de incrementar esse percurso já tão batido. As opções eram iniciar em algum ponto próximo a Parati-Mirim, bem antes do Pouso da Cajaíba, acrescentando algumas praias menos conhecidas ao primeiro dia, ou esticar o último dia e tentar voltar de Laranjeiras a Parati-Mirim pelo fundo do Saco do Mamanguá. Ou ainda fazer as duas coisas, estendendo bastante a caminhada e realizando o que se pode chamar de "volta completa da Joatinga". Sobre a primeira opção consegui informação precisa e detalhada, porém sobre a segunda apenas dados escassos, o que daria a esse trecho um delicioso sabor de aventura.

Antes de iniciar o relato propriamente dito, gostaria de registrar meu agradecimento ao Augusto e ao Ronald por seus valiosos relatos e informações, sem os quais a volta completa da Joatinga não teria sido sequer imaginada.

Gostaria também de avisar que este é um relato bastante detalhado, com bifurcações, pontos de água e tempos de percurso, o que pode ser tedioso de ler em casa. Porém o objetivo é dar segurança a quem estiver na trilha e se deparar com uma dúvida quanto ao caminho a seguir ou precisar desesperadamente molhar a garganta após uma longa subida. E também permitir que outros aventureiros possam repetir esse roteiro ou parte dele por conta própria, gastando bem pouco. Uma observação: bifurcações que claramente levam a casas foram omitidas para não sobrecarregar demais o texto.

O CONVITE
Ao postar o convite na lista do T&T, algumas pessoas se interessaram, trocamos mensagens e acabei fechando com o Robson e mais dois amigos dele, o Marcelo e o Rafael. Combinamos de começar mesmo em Parati-Mirim.

TODOS RUMO A PARATI
Eu saí de São Paulo na sexta-feira no ônibus da Reunidas das 23h, que atrasou 30 minutos. Robson, Marcelo e Rafa saíram de carro de Campinas bem mais cedo e chegaram a Parati no mesmo horário em que eu deixava o terminal rodoviário do Tietê. Eles passaram a noite em uma barraca na praia. Eu cheguei à sinistra rodoviária de Parati às 5h e logo eles foram me apanhar. Numa conversa rápida, decidimos ir de carro para Parati-Mirim, e não de ônibus, e possivelmente fazer a volta toda para pegar o carro ali no retorno (os horários de ônibus de Parati a Parati-Mirim estão no final deste relato).

1º DIA: 06/12/08 - SÁB - PRAIA DO ENGENHO A MARTIM DE SÁ
Na chegada a Parati-Mirim procuramos um barco que nos levasse ao outro lado do Saco do Mamanguá e por sorte estava chegando um naquele instante. Conversamos com o barqueiro, o José Nildo, que pediu R$50 para nos levar até a Praia de Caieiras. Oferecemos R$10 por pessoa, totalizando R$40 e ele aceitou sem discussão. Porém ele sugeriu que desembarcássemos na praia do Engenho pois seria mais fácil pegar a trilha. Foi preciso tirar os calçados pois o embarque é feito na praia mesmo, sem trapiche. Partimos às 7h20 e cruzamos a espetacular embocadura do Saco do Mamanguá, nosso fiorde tropical, com direito a amplas vistas, inclusive da Pedra do Frade, na Serra da Bocaina, tamanha a claridade do céu naquela manhã.

Praia do Engenho
Descemos na pequena e encantadora Praia do Engenho às 7h50 e o José Nildo fez questão de nos acompanhar até o início da trilha. Começamos a caminhar às 8h10. Da praia subimos uma escadaria de concreto até chegar bem próximo a uma casa, quando cruzamos um quintal gramado à esquerda e alcançamos o início da trilha.
À medida que subíamos a visão do Saco do Mamanguá era cada vez mais extensa.
Às 8h36 encontramos uma bifurcação com uma placa "Cajaíba à direita". Logo em seguida um ponto de água e outra bifurcação, onde tomamos a direita também. Atingimos o topo do morro, a 440m de altitude (e de desnível), às 9h19. Na descida, após 25 minutos, há outro ponto de água.
Uma janela na mata nos descortinou toda a beleza da Praia Grande da Cajaíba, aonde chegamos exatamente às 10h15. No canto direito dessa praia há quiosques que servem comida e bebida. Fizemos um lanche rápido ali. Deixamos as cargueiras no último quiosque e subimos por uma trilha para conhecer a cachoeira, sinalizada por uma placa bem no final da areia, junto à trilha que leva à praia seguinte.
A cachoeira fica a 10 minutos da praia e nas duas bifurcações do caminho pegamos a esquerda, passando por uma casa branca em ruínas. Há um poço grande junto à primeira queda, mas é possível subir o rio e tomar uma ducha geladinha em outras quedas acima. Fomos até uma grande cachoeira que escorre pela parede inclinada de pedra. Todos entraram na água, exceto eu pois acabara de sair de um resfriado e a água estava bastante fria.
Deixamos a Praia Grande da Cajaíba às 12h22 e logo passamos por um pé de grumixama, frutinha muito saborosa, parecida no formato com uma cereja, porém preta e com sabor semelhante ao da jabuticaba. Infelizmente haviam passado antes de mim e devorado todas as que a mão podia alcançar.
Logo já é possível ver a Ilha Itaoca.
Às 12h40 pisamos na areia dourada da Praia de Itaoca, a qual foi cruzada em menos de 10 minutos. A trilha continua no final da areia, porém poucos metros depois uma placa de "cuidado cão bravo" nos obriga a subir para a direita na bifurcação. Mais um morro e do alto vê-se toda a extensão dessa praia e a Ilha Itaoca por outro ângulo.
Mais à frente fotografamos lá embaixo uma praia minúscula e deserta. Minutos depois a visão da praia de Calhaus choca um pouco pela grande quantidade de casas, número que parece exagerado para o tamanho diminuto da faixa de areia.
Chegamos a ela às 13h22, apenas a cruzamos e saímos por uma escadaria de concreto bem no final da areia. Essa escadaria leva a um caminho entre diversas casas e curiosamente os moradores pintaram setas amarelas nas pedras para orientar quem está só de passagem. Às 13h35 cruzamos um riacho de água não confiável e em mais um minuto pisamos na Praia de Itanema, que também foi cruzada em 5 minutos.
A essa altura o sol e o céu azul já tinham ido embora, dando lugar a uma cobertura de nuvens.
Para não perder o hábito, subimos mais um morro e do alto vislumbramos mais uma minúscula praia deserta de areias douradas. No alto do morro à esquerda, um cemitério abandonado é uma visão bastante insólita.

Praia do Pouso da Cajaba
Às 14h15 chegamos à famosa Praia do Pouso da Cajaíba, com muitas casas e barcos, ponto de partida, como já disse, do percurso mais tradicional da travessia da Joatinga.
Ali há uma pequena padaria que vende refrigerantes e aproveitamos para um segundo lanche.
Às 14h55 saímos do Pouso para encarar o segundo grande morro do dia, o que sobe 300 metros de desnível e leva à Praia Martim de Sá, nosso destino final nesse primeiro dia. Com quase 20 minutos de trilha passamos por uma água que corre por baixo de algumas pedras colocadas bem no caminho. Chegamos a pegar dessa água porém logo desconfiamos da sua qualidade pois descobrimos uma casa (isolada) um pouco acima. O melhor é desprezar essa água e pegar de uma fonte que fica 10 minutos depois, após uma bifurcação em que se deve seguir à esquerda.
Se água for um fator crítico nesse trecho, pode-se pegar água confiável nas últimas casas da praia do Pouso, no começo da trilha.
Às 16h24, após a descida, nos surpreendemos ao encontrar a Praia Martim de Sá toda cercada com arame farpado e com um portão que dá as boas-vindas aos trilheiros anunciando que o preço do camping é R$10 por pessoa. Bem estranho isso. Mais estranho é que não houve negociação nesse valor. A Teresa foi irredutível.
Bem, por esse preço se tem direito a montar a barraca num terreno bastante plano e utilizar a "cozinha" coberta com mesa, pias e dois fogões a lenha (bastante antiecológico), além dos sanitários (dois) e chuveiros gelados (dois, com portas improvisadas com plásticos). O PF de peixe custa R$10 e o de ovo custa R$7. Nesse dia só tinha de ovo e sem nenhum tipo de salada. Eu não carregava muita comida confiando nos PFs do caminho, porém preferi comer um lanche e aceitar o Miojo oferecido pelos meus amigos a pagar por um PF de arroz, feijão e ovo.
Quando fomos olhar a praia, o seu Maneco estava voltando da pescaria com alguns poucos peixes no fundo do balde.
Nessa noite conheci o Cristiano, a Débora e a Ester, que também são do T&T e responderam ao meu convite para essa travessia.
Mais tarde chegaram mais dois grupos (um deles inclusive se perdeu) e a noite no camping não foi tão silenciosa como se esperava.
Nós quatro fomos dormir cedo pois estávamos "pregados" da noite anterior maldormida e da caminhada de hoje.

2º DIA: 07/12/08 - DOM - MARTIM DE SÁ A PONTA NEGRA
No dia seguinte acordei antes das 7h para fotografar a praia com os primeiros raios do sol. Deixamos o camping às 9h05 e em alguns minutos cruzamos pelas pedras um riacho que os moradores chamam de cachoeira. Doze minutos depois dele há uma bica de água muito boa. Um pouco mais à frente uma placa na árvore indica o Pico do Miranda à direita, mas a trilha não era clara, talvez subindo o riacho que se atravessa também pelas pedras.


Mais alguns minutos e um rio mais largo aparece. A essa altura já havíamos alcançado o Cristiano e as meninas, que saíram pouco antes de nós. A travessia desse rio deu um pouco de trabalho e rendeu alguns escorregões. Eu preferi enfiar o pé na água com tênis e tudo a saltar as pedras lisas e cair. Às 9h44 chegamos a uma bifurcação, na qual seguimos para a esquerda. Dois minutos depois uma outra trilha desce à esquerda, mas continuamos em frente. Mais um riacho de água límpida.
Às 10h12 chegamos a um T. À esquerda a trilha leva ao Saco das Enchovas, porém prosseguimos para a direita e logo tivemos uma visão estonteante das penínsulas e morros pelos quais já havíamos passado. Mais um ponto de água 12 minutos depois. Um pouco à frente desprezamos outra trilha que descia à esquerda. Na próxima bifurcação fomos para a esquerda apesar de o caminho à direita ser bastante largo. Talvez seja o mesmo caminho que encontramos 3 minutos depois, vindo da direita, ainda mais largo.
Uma descida e caímos direto nas casas que ficam acima da Praia do Cairuçu, que apenas fotografamos do alto às 10h52.
Após uma boquinha rápida, partimos dali para enfrentar o trecho mais penoso do roteiro tradicional, a demorada subida (e depois a íngreme descida) que leva à Praia da Ponta Negra.
Saindo do Cairuçu às 11h, em poucos minutos se cruza um rio onde os moradores lavam a roupa, depois uma casa à direita e em seguida uma bifurcação: o caminho mais usado parece ser à esquerda, porém esse leva ao costão. O correto é o da direita, que logo penetra na mata e começa a subir.
Num determinado ponto dessa subida (para mim, 21 minutos depois da bifurcação) a trilha parece desaparecer sob folhas secas bem no meio de duas pedras. Na verdade, deve-se subir a pedra da esquerda para pegar a continuação da trilha.
A subida se torna cada vez mais íngreme, em alguns trechos se assemelha a uma escadaria de raízes, e água é encontrada em dois momentos.
Às 12h58 chegamos a uma grande pedra à direita que parece uma gruta, com espaço para muitas pessoas em pé. Parada para descanso, mais que merecido, necessário.
A pedra/gruta ainda não é o topo. Este é atingido em mais alguns minutos, quando o GPS marcou 570m de altitude. Mais 10 minutos e se entrevê no meio das árvores a Praia da Ponta Negra.


A descida é uma pirambeira, novamente parecendo uma escadaria de raízes, cujas árvores servem de apoio para não se despencar de uma vez. Há um bom ponto de água.
Às 15h, já findada a descida e muito próximo da praia, um simpático riacho nos convidou para um banho refrescante. Ficamos pouco mais de meia hora ali.
Na bifurcação seguinte fomos para a esquerda (à direita parecia subir para uma casa).
Chegamos à Praia da Ponta Negra às 15h56, porém pelo pior caminho. O labirinto de caminhos e casas nos confundiu e acabamos chegando à areia da praia tendo de entrar num riacho que é o esgoto da vila (o Rafa, que foi o último a cruzá-lo, é que teve a prova cabal disso - argh!). O melhor é atravessar esse riacho junto a uma ponte de concreto inacabada à esquerda da trilha, pulando as pedras, como os moradores fazem. Nesse caminho, mais à frente há um orelhão, que estava funcionando.
A praia faz jus ao nome, tem a água muito escura, cheia de ciscos. Os urubus são atraídos pela matéria orgânica e ficam perambulando pela areia.
Ficamos num camping próximo à praia e jantamos da nossa própria comida.

3º DIA: 08/12/08 - SEG - PONTA NEGRA A PARATI-MIRIM
Deixamos a Ponta Negra bem cedo.
Em 16 minutos se chega à "praia" seguinte, Galhetas, inteiramente tomada por pedras de todos os tamanhos, sem areia, e onde deságua o rio Galhetas, facilmente transposto saltando pelas pedras.
Passamos por mais dois pontos de água confiáveis.
Quase uma hora depois da Ponta Negra pisamos na areia da Praia de Antiguinhos, que possui um riozinho de água cristalina no canto direito, por onde se chega, num desvio de poucos metros à esquerda da trilha principal.
Saindo de Antiguinhos, em apenas 3 minutos se chega pela trilha principal à Praia de Antigos, uma extensão da anterior, da qual é separada por um costão. Paramos para fotos e saímos dela às 8h26.
Vencido o morro seguinte, tivemos a espetacular visão da Praia do Sono, que rendeu ótimas fotos também.
Descemos a ladeira bastante inclinada e tivemos de atravessar um riozinho molhando os pés para poder começar a caminhar pela areia. A Praia do Sono é um pouco extensa e levamos 23 minutos para cruzá-la de ponta a ponta, porém a trilha não continua no final da areia e sim atrás das casas (pode-se pegá-la atrás do último bar).
Ali um pulguento de pêlo preto simpatizou conosco e resolveu "aderir à nossa causa", dispondo-se a caminhar conosco o quanto fosse necessário.
Saímos dessa praia às 9h37, passamos por dois bons pontos de água e alcançamos a praça de Laranjeiras às 10h36. A Praia de Laranjeiras foi toda tomada por um luxuoso condomínio e o acesso é controlado. Nem chegamos a vê-la.
Aqui começou nossa aventura de voltar a Parati-Mirim por trilhas sobre as quais tínhamos bem pouca informação. Perguntamos numa vendinha um pouco à frente e o cara foi muito atencioso, porém ensinou tudo errado. Até paramos um pouco ali para mastigar algo e nos abastecer com bolachas, bananas, etc.
Na primeira bifurcação que encontramos foi por água abaixo toda a orientação que ele tinha nos dado. O jeito foi perguntar para todas as pessoas que encontramos, na verdade bem poucas.
O caminho é o seguinte: passada a praça (onde há um ponto de ônibus), deve-se continuar em frente até a rua terminar num T (11h). Toma-se a direita e logo surgem várias ruas. Passe direto pela primeira à esquerda e entre na segunda, imediatamente após o riozinho. É uma rua de terra que logo vira uma ladeira concretada bem íngreme. Lá no alto uma bifurcação à esquerda leva a uma casa.


Continuando à direita chega-se a uma porteira verde de ferro do lado direito, quando a rua faz uma curva para a esquerda.
Cruzamos essa porteira pela lateral e 5 minutos depois nos deparamos com placas de "propriedade particular". Mais à frente outras placas e um portão (11h22). Prosseguimos mesmo assim e continuamos descendo.
O cachorro nosso companheiro se metia no mato quando farejava alguma coisa e às vezes despencava de barrancos tão altos que parecia que não conseguiria mais subir, mas daí a pouco estava ele a caminhar junto a nós de novo.
Pegamos água numa mangueira mais à frente. Logo depois, a trilha faz uma curva para a esquerda e se dirige para a outra margem do Saco do Mamanguá, o qual ainda não pode ser visto por completo, apenas seus picos e morros mais altos. Mais um ponto de água e uma bifurcação importante, às 12h05: a trilha larga continua em frente em direção à Ponta da Foice, no fundo do Saco do Mamanguá, porém nosso caminho era subindo a trilha mais estreita à esquerda. Subida forte, porém curta. A bifurcação durante a subida é só um atalho (caminho normal em frente e atalho à direita). Às 12h15 nova bifurcação ao chegar a um riacho: à esquerda mais placas de "propriedade particular" e uma casa, porém deve-se ir para a direita, ultrapassando o citado riacho. Mais 10 minutos e se tem uma das visões mais espetaculares de toda a trilha: todo o Saco do Mamanguá a partir do fundo com seus morros e picos marcando o horizonte. A trilha desce, passa por alguns riachos e ao lado de um campinho de futebol e alcança a casa do seu Bil, onde paramos às 12h40 para descansar e ter um dedo de prosa. Ele disse que o lugar ali se chama Regato.
Às 13h12 voltamos a andar e ainda pegamos mais informações com os moradores, que até nos ofereceram um café. A dica que eles nos passaram foi a seguinte: na terceira cachoeira (leia-se riacho) haveria uma bifurcação - para a esquerda subiríamos o morro e chegaríamos à estrada de terra que vai da Rio-Santos a Parati-Mirim, exatamente num ponto de ônibus a 2km da rodovia (e teríamos de andar 6,5km pela estrada); para a direita continuaríamos margeando o Saco do Mamanguá até perto de Parati-Mirim, necessitando apenas transpor um morro bem menor. Parece que o segundo caminho é mais longo, porém decidimos por ele por ter uma paisagem privilegiada e não termos de caminhar na tediosa estrada de terra.
E assim fizemos. Passamos pelo primeiro riacho às 13h23 e dez minutos depois a trilha se divide em três. Seguimos para a esquerda, descendo, e encontramos o segundo riacho. Às 13h37 chegamos à tal bifurcação e fomos para a direita, atravessando o terceiro riacho, como foi explicado. Depois das casas é só seguir em frente, desprezando a larga descida à direita.
Às 13h48 passamos pela primeira praia do Saco do Mamanguá, chamada Curupira, onde há uma igreja e uma escola. Em frente à igreja, outro pé de grumixama - dessa vez matei a vontade.

A trilha continua bastante óbvia, passa por uma praia deserta cujo nome não descobri e diversos mirantes de onde se avistam as praias e povoados no outro lado do saco.
Às 14h24 passamos pelo Praia do Pontal margeando a água em vez de seguir pela trilha que dava direto numa casa.
Mais à frente uma bifurcação leva à direita a uma casa, então deve-se subir pela esquerda. Às 14h35 passamos pelo quintal gramado da casa que ocupa a minúscula Praia do Couto (ou Praia do Lopes), onde o Robson e o Marcelo pediram para usar a ducha fria a fim de amenizar um pouco o forte calor.
Continuando pela trilha passamos por um cano vertendo água que parecia boa.
Às 15h06, na bifurcação, descemos à direita em direção à Praia Grande, que nos surpreendeu com seu extenso gramado verdinho e belas casas.
Depois dela a pequena Praia da Paca (15h23).
Às 15h50 a trilha abandonou a costa e começou a se dirigir aos morros densamente cobertos de mata atlântica, prenunciando a fase final da nossa jornada. Às 16h chegamos a uma discreta bifurcação junto a algumas bananeiras: uma trilha estreita desce à direita, mas certamente nosso caminho era subindo à esquerda pela trilha mais larga. A subida foi puxada durante 23 minutos e a descida íngreme durou 17, terminando num T numa cerca. Mais alguns passos para a esquerda e já se vê a praia de Parati-Mirim lá embaixo. Tanto faz descer a escadaria de terra à direita, junto à cerca, ou seguir em frente e descer por outra escadaria de terra.
Botei meus pés na rua da praia de Parati-Mirim exatamente às 16h50 e comemorei a chegada, aliás todos comemoramos o sucesso da empreitada.
Mais algumas fotos do lugar, depois a foto oficial do grupo nas ruínas junto à igreja e fomos nos preparar para partir.
O cachorro que até alguns instantes atrás estava conosco desapareceu de repente, sem deixar notícia.
Fui com o pessoal de carona até Ubatuba, aonde chegamos às 19h20 e fomos informados de que o útimo ônibus da Litorânea havia partido às 19h. Não havia mais ônibus para cidade nenhuma. O jeito foi ir para Caraguá o mais rápido possível e tentar alcançar o das 20h30 (que aliás era o de Ubatuba das 19h). Conseguimos chegar à rodoviária às 20h27 e causei um pequeno atraso na saída do ônibus, que partiu às 20h39. A viagem foi muito rápida e às 23h já desembarcava no terminal rodoviário do Tietê, cansado mas muito feliz pelas paisagens incríveis que contemplei, pelas pessoas com quem conversei pelo caminho, pelos novos amigos que fiz e pelas aventuras que vivemos juntos.

Notas:
. repelente é um item importante nessa travessia pois os mosquitos atacam sem dó
. horários do ônibus circular de Parati a Parati-Mirim: seg a sáb - 5h30, 6h30, 8h, 9h30, 11h, 12h40, 16h, 17h30, 19h e 22h30; dom e feriados - 6h30, 9h30, 13h, 16h, 17h e 19h.
. o ônibus circular Parati-Laranjeiras é bem mais freqüente
. para saber os horários entre São Paulo e Parati pela Reunidas, consulte o site www.reunidaspaulista.com.br ou pelos telefones (11)3619-0910 e 0300-2103000. Às sextas-feiras há mais ônibus à noite.
. há um ônibus de Parati a Guaratinguetá (via Taubaté) às 17h da empresa São José
. o acesso a Parati-Mirim fica entre o km 586 e 585 da rodovia Rio-Santos, cerca de 10km antes  do trevo para Parati, para quem vai no sentido SP-Rio.
. a carta topográfica do IBGE está em ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/topograficos/topo50/pdf/juatinga27714.pdf (50.7 MB)
. despesas:
R$41,10 - ônibus São Paulo-Parati (Reunidas)
R$40 - barco Parati-Mirim a Praia do Engenho (R$10 por pessoa)
R$10 - camping na Praia Martim de Sá
R$10 - PF de peixe e R$7 PF de ovo na Praia Martim de Sá
R$2 ou R$3 - refrigerante em lata, dependendo da praia
R$10 - camping na Praia da Ponta Negra
R$33 - ônibus Caraguá-São Paulo (Litorânea)


TrechoTempo de percursoPontos de água confiáveis
Praia do Engenho – Praia Grande da Cajaíba2h052
Praia Grande da Cajaíba – Praia de Itaoca18 min-
Praia de Itaoca – Praia de Calhaus33 min-
Praia de Calhaus – Praia de Itanema9 min-
Praia de Itanema – Praia do Pouso da Cajaíba33 min-
Praia do Pouso da Cajaíba – Praia Martim de Sá1h301
Praia Martim de Sá – Praia do Cairuçu1h484
Praia do Cairuçu – topo do morro (570m)2h2
topo do morro – Praia da Ponta Negra2h2
Praia da Ponta Negra – Praia de Galhetas16 min-
Praia de Galhetas – Praia de Antiguinhos30 min2
Praia de Antiguinhos – Praia de Antigos3 min-
Praia de Antigos – Praia do Sono27 min-
Praia do Sono – Praia de Laranjeiras1h2
Praia de Laranjeiras – Praia do Curupira2h502 e nas casas
Praia do Curupira – Parati-Mirim3h1 e nas casas

sábado, 25 de outubro de 2008

Parque Nacional da Serra das Confusões (PI) - jul/08

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/29/29.
A cidade-base para conhecer o Parque Nacional da Serra das Confusões é Caracol, no sudeste do Piauí, distante 87km de São Raimundo Nonato por estrada asfaltada em bom estado.
O parque dista 17km da cidade de Caracol por estrada de terra precária. Um carro comum (Corsa, por exemplo) consegue chegar à guarita do parque mas não consegue seguir em frente. Daí em diante é preciso seguir a pé ou em veículo 4x4. Há guias que não aceitam ir ao parque de moto pois a grossa camada de poeira dessa estrada torna a viagem uma aventura bastante arriscada.
O parque é atravessado por uma estrada aberta a picareta que liga Caracol a Cristino Castro e há camionetes "de linha" (paus-de-arara) com tração 4x4 que fazem esse percurso, cruzando o parque. Porém a entrada com fins de visita é controlada pelos vigias da guarita do lado de Caracol (e, segundo me disseram, por outra guarita do lado de Cristino Castro) e o acompanhamento de um guia é obrigatório. Quem quiser arriscar passar pelas guaritas com a maior cara de turista dizendo que só vai atravessar o parque, depois me conte como foi a experiência.
O Serra das Confusões era o maior parque nacional da região nordeste (com área três vezes maior que o segundo colocado) até a criação em 2002 do Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba. Segundo o site do Ibama, o parque tem esse nome curioso pelo fato de a paisagem mudar de configuração de acordo com a iluminação do dia.
(Todos os preços são de julho de 2008)
O guia pode ser contratado em Caracol através da Associação  dos Condutores do PN da Serra das Confusões (ACOPANASC).Os roteiros disponíveis são:
1. Zona de uso intensivo:
. Andorinhas
. Mirantes do Sertão
. Gruta do Riacho dos Bois
. Olho d'água escondido
valor do serviço de condução: R$20,00
(possível fazer a pé a partir da guarita de Caracol)
2. Zona histórico-cultural (trilhas e sítios arqueológicos)
. Toca do Enoque
. Toca do Muquem
. Toca das Andorinhas
valor do serviço de condução: R$30,00
(necessário carro 4x4)
Normas da associação:
. A visitação será viabilizada de segunda-feira a domingo
. O horário de visita se estenderá por todo o dia a critério do visitante, não sendo permitido pernoite
. Número de visitantes por condutor: 15 pessoas
. O tempo de duração de cada visita será de 6 horas
. Em caso da visita ultrapassar o tempo de 6 horas, o preço do serviço será majorado em R$10,00 a cada hora excedente (observação minha: o preço do condutor é perfeitamente negociável)
. O transporte do condutor ficará por conta do visitante
Ibama em Caracol: 89-3589-1208
Em Caracol há quatro hotéis/pousadas bem simples e um restaurante.
1. Pousada Caracol (89-3589-1132):
R$20 com banheiro e café
(me disseram que era a melhor da cidade)
2. Pousada Recreio (89-3589-1167):
R$10 com banheiro, R$8 sem banheiro e R$5 o café
(quartos pequenos e o dono nada simpático)
3. Hotel São Bento (89-3589-1219):
R$10 sem banheiro e R$6 o café
(fica na própria casa da família)
4. Pousada do Valdir (89-3589-1120):
R$10 com banheiro e R$5 o café
(quartos enormes e atendimento muito bom)
Abaixo faço um breve relato da minha visita ao parque:
Em primeiro lugar gostaria de falar da dificuldade que foi chegar até esse parque. Antes da viagem, eu consegui muito pouca informação nos guias impressos e virtuais e nos fóruns de viagens. Na internet os poucos relatos eram de aventureiros que tinham chegado ao parque de bicicleta ou veículo 4x4, o que não era o meu caso. Eu estava indo sozinho e sem carro. Em Teresina e São Raimundo Nonato perguntei para muita gente e cheguei a fazer um contato com o diretor do parque em Caracol, que não me deu muita esperança de conhecer o parque nas condições em que eu viajava. A solução veio muitos dias depois, no contato telefônico com o guia Agnaldo (89-3589-1360), de Caracol, que foi o primeiro a me dizer que a visita ao parque já estava organizada, que havia uma associação de condutores com uma tabela de preços e dois roteiros básicos, e que havia carro para frete em Caracol . Só então fui até lá para conversar pessoalmente com o diretor do parque e negociar com o Agnaldo os preços do serviço dele e do frete do carro para me levar até o parque.
30/07/2008 - qua - de São Raimundo Nonato a Caracol
Há vans e apenas um ônibus por dia de São Raimundo Nonato a Caracol. Peguei a van (R$10) das 12h30 e cheguei a Caracol às 14h45, após uma longa parada no caminho. Esse trecho da estrada foi asfaltado há vários anos e está em boas condições. O problema são os jegues, cavalos, vacas e cabras que perambulam soltos nela. Pesquisei o preço das pousadas da praça central e acabei me hospedando na pousada do Valdir, perto do mercado municipal, onde a relação custo/benefício era bem melhor (R$10 a diária sem café, com banheiro no quarto). Fui em seguida conversar com o diretor do parque (o Júnior, que substituía o Mitinha, de férias) para saber das condições de visitação e se algum carro do parque estaria indo no dia seguinte para lá e se poderia me dar uma carona. Infelizmente não havia nenhum. Só me restou negociar com o guia Agnaldo o preço de uma camionete para nos levar e depois buscar no fim da tarde. O melhor que consegui foi R$60 bastante caro para quem estava viajando sozinho. De moto poderia sair mais barato porém ele desaconselhou pois a estrada de Caracol até o parque é de terra e tem uma grossa camada de pó que encobre valetas traiçoeiras. O preço do seu serviço de guia para o roteiro número 1 ficou em R$40 (para o dia todo). Ou seja, a brincadeira ficaria em R$100. Como eu não tinha mais ninguém para dividir, mesmo estando em pleno mês de férias, era pegar ou largar. Decidi pagar.
A distância de Caracol ao parque nem é tão grande, 17km, porém o acompanhamento de um guia é obrigatório e há guarita na entrada do parque para controlar isso. Nenhum guia vai querer fazer esse percurso a pé. O melhor mesmo é ter outras pessoas para rachar a despesa do carro (ou de um carro alugado). Ou ter muita sorte de conseguir uma carona.
31/07/2008 - qui - conhecendo o parque
O motorista passou na pousada às 6h30, quando ainda estava bem frio (sim, por incrível que pareça faz frio nessa cidade do Piauí à noite e de madrugada). Pegamos a tal estrada de terra que vai para Guaribas e depois desviamos para a direita. Chegamos à guarita do parque às 7h15, onde há uma cancela e um funcionário. Não é cobrado entrada. Carros comuns costumam ir só até essa guarita. A camionete seguiu um pouco mais e nos deixou antes do areião. Caminhamos um pouco e chegamos ao trecho da estrada que foi aberta a picareta na rocha. Dali o visual da planície logo abaixo e das serras ao fundo já é impressionante. Descemos por essa estrada, subimos e descemos algumas das elevações rochosas para tirar belas fotos e chegamos a uma nascente, algo raro de se ver na caatinga. Dali subimos de volta um pouco e fomos conhecer o atrativo mais famoso do parque, a Gruta do Riacho dos Bois. A entrada dela fica bem escondida e é preciso descer o barranco rochoso por escadas fixadas nas paredes, porém o local não é tão preservado quanto se espera pois já foi ponto de reunião dos farofeiros da região antes da criação do parque nacional. Há muitas pichações na entrada, uma delas ironicamente clamando "Preserve a natureza". A gruta é na verdade um cânion muito estreito em que o teto se fecha em certos trechos e se abre em outros formando clarabóias. Nos trechos escuros é necessário ter uma lanterna para não tropeçar nas pedras e para desviar dos sapos. Há uma grande quantidade de andorinhas também, que ficam muito agitadas ao sentirem nossa presença. Fomos até o local batizado de Jardim, uma área aberta maior onde árvores bem altas cresceram.
Voltamos até a entrada da gruta e fomos conhecer o Olho d'água escondido. Caminhamos por um leito seco de rio por cerca de 45 min e chegamos a essa bela nascente, que forma um poço de água verde e transparente.
Retornamos novamente até a entrada da gruta, onde havia um ruidoso grupo de adolescentes, e começamos a cansativa volta à guarita do parque, num horário em que o calor estava insuportável (13h30). Foram só 3km da gruta à guarita, porém o sol escaldante multiplicou por dez o cansaço.
Recuperamos as forças à sombra da casa que serve de abrigo aos funcionários do parque e às 14h40 fomos conhecer o local chamado de Andorinhas. Uma trilha começa bem junto à cancela e penetra na vegetação viçosa, onde encontramos maracujás e cajus maduros e suculentos. Com uns 40 min de caminhada já é possível ver novamente a morraria rochosa que compõe a paisagem típica desse parque, agora por outro ângulo. O nome do local guarda semelhança com o Baixão das Andorinhas do Parque Serra da Capivara pois é aqui que esses pássaros fazem seus ninhos e se recolhem no fim do dia. Infelizmente faltava muito tempo ainda para o pôr-do-sol e tive de me contentar com fotos só da paisagem.
Às 17h estávamos de volta à guarita, onde o motorista da camionete já nos esperava.
No retorno à cidade, fizemos uma breve parada numa casa de farinha para ver de perto o processo de transformação da mandioca-brava, plantada ali ao lado, em farinha.
À noite, jantei (R$8) e voltei logo em seguida à pousada porque estava um pouco frio para caminhar pela cidade.
01/08/2008 - sex - de Caracol a São Raimundo Nonato
A van (R$10) saiu de Caracol às 7h25, depois de percorrer todo o centro e periferia para pegar passageiros em suas casas, e chegou a São Raimundo Nonato às 8h50. Tomei o café da manhã na Pousada Zabelê (R$5) e parti às 11h no ônibus da Gontijo para Salvador (R$88,50).

sábado, 4 de outubro de 2008

Parque Nacional Serra da Capivara (PI) - jul/08

Fotos em http://lrafael.multiply.com/photos/album/26/Pq_Nacional_Serra_da_Capivara_PI_-_jul08

A cidade-base para conhecer o Parque Nacional da Serra da Capivara é São Raimundo Nonato, no sudeste do Piauí. Isso todo mundo já sabe. O que poucos sabem é que se pode trocar o "conforto" da cidade pela rusticidade dos vilarejos próximos à entrada Boqueirão da Pedra Furada (BPF) do parque, estando assim em contato constante com a natureza da região e a bem poucos quilômetros das serras e sítios arqueológicos.

Essa é uma opção que tem menor custo também, em especial para quem for visitar o parque por vários dias e estiver sozinho e sem carro pois elimina a despesa com o transporte.
(Os preços abaixo são todos de julho de 2008)

As vilas em questão são Barreirinho e Sítio do Mocó. No Barreirinho, que fica a 5km da entrada do parque, há um "albergue" (89-3582-1760) no mesmo terreno da oficina de cerâmica. Ali a hospedagem custa R$35 com as três refeições. Os quartos são grandes e possuem várias beliches. No Sítio do Mocó, que fica a 2km da entrada do parque e 28km de SRN, há o Camping Pedra Furada (89-9409-1569/9405-1907) com uma grande área para barracas (que podem ser alugadas no próprio local), cinco quartos e quatro banheiros. A diária dos quartos é R$35 com as três refeições, R$18 só com café-da-manhã, R$15 só para dormir, R$7 o almoço ou janta e R$10 para acampar. O Sítio do Mocó, contudo, sofre muito com a escassez de água, portanto é melhor confirmar se o camping está funcionando antes de tentar se transferir para lá. Também é preciso estar ciente de que se está no meio do mato, portanto a quantidade de insetos (atraídos pelas luzes) é enorme. É recomendável inspecionar o quarto para ver se nenhuma lacraia mais ousada invadiu o seu espaço.

A partir da entrada BPF é possível ir a pé à maioria dos sítios arqueológicos abertos a visitação no parque, como Boqueirão da Pedra Furada, Alto da Pedra Furada, Caldeirão dos Canoas, Caldeirão do Rodrigues, Sítio do Meio, Boqueirão do Pedro Rodrigues, Grotão da Esperança, Baixão das Mulheres, Trilha Hombu e outros.

Já lugares como Desfiladeiro da Capivara, Baixão da Vaca, Toca dos Veados, Boqueirão do Paraguaio, Baixão do Perna e Baixão das Andorinhas têm acesso por outras guaritas do parque, distantes da entrada BPF. A minha sugestão portanto é ter SRN como base para conhecer esses sítios de táxi ou moto-táxi e depois se instalar no camping do Sítio do Mocó para conhecer a pé os outros lugares citados mais acima.

Para quem prefere permanecer em SRN, há várias opções de hospedagem:
1. o Hotel Serra da Capivara (89-3582-1389) é o mais antigo e mais caro. Fica numa das saídas da cidade, a 2km, o que dificulta para quem está sem carro. Diária de R$71 (com ar-condicionado, TV e frigobar) com café da manhã.
2. a Pousada Zabelê (89-3582-2726) fica no centro da cidade e recebe muitos turistas, o que facilita encontrar outras pessoas para dividir as despesas de transporte até o parque. Se não houver hóspedes interessados em formar grupo, a recepção liga para os outros hotéis. Diária de R$22 (com ventilador e TV) e R$38 (com ar-condicionado e TV) com bom café da manhã self-service.
3. o Hotel Real (89-3582-1495) também fica no centro e recebe turistas. Se não houver hóspedes interessados em formar grupo, a recepção liga para os outros hotéis. Diária de R$19 (com ventilador e TV) e R$39 (com ar-condicionado e TV) com ótimo café da manhã self-service.
4. a Pousada Santa Luzia (89-3582-1582) fica perto da Zabelê mas recebe poucos turistas.
5. há dormitórios bem mais baratos no centro.

Em primeiro lugar é fundamental ir ao Museu do Homem Americano para entender o que se vai apreciar nos dias seguintes. As pinturas foram estudadas e divididas em tradições e estilos, assim:
1. Tradição Nordeste (12000 a 6000 anos atrás), bastante dominante no parque, em que as figuras representam ações, há dinâmica de movimento. Possui três estilos:
1.1. estilo Serra da Capivara: as figuras são pintadas inteiramente com tinta lisa, o corpo todo preenchido; a cor dominante é o vermelho

 
a capivara menor é do estilo Serra da Capivara
1.2. estilo Serra Talhada: os corpos das figuras não são preenchidos ou são parcialmente preenchidos ou ainda são preenchidos com pontos; além do vermelho, várias outras cores são utilizadas

 
a capivara maior é do estilo Serra Talhada
1.3. estilo Serra Branca: o corpo é decorado com traços geométricos

 
estilo Serra Branca
2. Tradição Agreste (10000 a 3000 anos atrás), minoritária, caracterizada pelo estatismo. As figuras são representadas paradas, não há movimento, e com dimensões bem maiores do que na tradição Nordeste.

 
Tradição Agreste
O museu fica a 3km de São Raimundo Nonato e é perfeitamente viável ir até ele a pé (evitando se possível o horário do sol mais forte). É preciso sair da cidade pela rodovia BR324 (PI140) mas há calçadas e trechos de terra que evitam ter de andar junto aos carros. Também pode-se pegar um moto-táxi.

É obrigatório contratar um guia para visitar o parque (R$45 por dia divididos pelo número de pessoas do grupo). Recomendo o guia Osmar, que já trabalhou nos sítios arqueológicos e tem grande conhecimento. O ingresso no parque custa R$3 (por pessoa) e não é mais válido para os dias seguintes, ou seja, agora pagam-se R$3 por dia de visita.

Abaixo faço um breve relato dos meus cinco dias no parque para dar uma idéia do que é possível conhecer em cada dia.

25/07/2008 - sex - MUSEU DO HOMEM AMERICANO
Depois de explorar um pouco o mercado central de SRN à procura de frutas regionais, decidi ir a pé ao Museu do Homem Americano. Como já disse, há calçadas e depois uma rua de terra paralela à rodovia, o que evita andar junto aos carros. Levei 35 minutos nesse trajeto. O museu (R$6) tem muitos painéis com mapas e muitos textos para ler. Há também um vídeo bem interessante dividido em três módulos, sendo um deles uma entrevista com a arqueóloga paulista Niède Guidon, diretora-presidente da Fundham (Fundação Museu do Homem Americano), que administra o parque em parceria com o Ibama. Esperei o sol baixar um pouco e voltei a pé. Comecei a procurar outras pessoas para dividir as despesas do táxi até o parque amanhã mas estava difícil, mesmo sendo mês de férias. Havia turistas na cidade mas cada um com seu carro e sem querer dividir as despesas com um desconhecido. Tentei no hotel onde estava hospedado (o Real) e também na pousada Zabelê pessoalmente e no hotel Serra da Capivara por telefone. Não encontrei ninguém. O recepcionista do hotel Real também se esforçou mas não conseguiu nada. Jantei no próprio hotel (R$11,50) porque no centro só havia uma pizzaria aberta.

26/07/2008 - sáb - DESFILADEIRO DA CAPIVARA, BAIXÃO DA VACA, CERÂMICA, CENTRO DE VISITANTES, BOQUEIRÃO DA PEDRA FURADA
Acordei com a ótima notícia de que havia chegado uma moça no ônibus da madrugada e se hospedado no meu hotel. Ela estava sozinha e procurava alguém para rachar as despesas de visita ao parque. O recepcionista chamou um guia e o guia chamou um táxi. O guia se chama Osmar. Ficamos dois dias com ele e gostamos bastante, é muito atencioso e tem grande conhecimento por já ter trabalhado nos sítios. Ele sugeriu começarmos pelo Desfiladeiro da Capivara e à tarde irmos ao Boqueirão da Pedra Furada. A diária do guia custa R$45 e o táxi consegui baixar para R$105 para  arredondar o total para R$150, divididos por dois. Rodamos 38km e entramos no parque pela portaria da BR020. R$3 a entrada.Visitamos o Desfiladeiro da Capivara e o Baixão da Vaca, com um trajeto curto de táxi entre um e outro. A pedido meu fomos conhecer as pinturas que se tornaram azuis com o passar do tempo, que representam veados e emas. Foi preciso caminhar um pouco mais e assim não deu tempo de conhecer o Boqueirão do Paraguaio, muito próximo dali. De táxi, fomos almoçar na vila do Barreirinho (fora do parque), no restaurante da Cerâmica (R$7). Ali há opção de hospedagem também. Voltamos ao parque (5km de táxi), entrando desta vez pela portaria BPF (Boqueirão da Pedra Furada) apenas apresentando o ingresso pago de manhã. No Centro de Visitantes vimos peças encontradas nas escavações e assistimos a um vídeo com diversos módulos (os mesmo três que vi no museu ontem e mais alguns). Visitamos o Boqueirão da Pedra Furada, que tem pinturas impressionantes, inclusive a que foi adotada como símbolo do parque (as duas capivaras correndo), a própria Pedra Furada (de táxi, trajeto bem curto) e algumas tocas próximas. Na volta para a cidade passamos no camping do Sítio do Mocó para eu conhecer e decidir se valia a pena me hospedar ali e não ter mais de me preocupar com a despesa do táxi, já que esse povoado fica a 2km da entrada BPF do parque.

27/07/2008 - dom - CALDEIRÃO DOS CANOAS, CALDEIRÃO DO RODRIGUES, SÍTIO DO MOCÓ, ALTO DA PEDRA FURADA, SÍTIO DO MEIO
Deixei o hotel Real com a mochila para me hospedar no camping do Sítio do Mocó. Saímos com o mesmo guia, o Osmar, e o mesmo taxista. Rodamos 30km e entramos no parque pela portaria BPF novamente (R$3). Passamos pela Pedra Furada e seguimos (de táxi) até o fundo do boqueirão. Dali é preciso subir pelas encostas íngremes para chegar aos sítios do Caldeirão dos Canoas e depois Caldeirão do Rodrigues, com belíssimo visual e ótimas pinturas. É possível voltar ao carro descendo por uma escada de barras de ferro fixadas no paredão rochoso, porém decidimos voltar pela trilha por onde viemos. Fomos de táxi ao Sítio do Mocó (2km; fora do parque) almoçar no camping (R$7). Em seguida saímos a pé para subir a serra atrás do camping e ir ao Alto da Pedra Furada, com visual de toda a região e da Pedra Furada num outro ângulo. A descida da serra dá direto no Centro de Visitantes do parque, onde o táxi nos esperava para finalizarmos a visita de hoje no Sítio do Meio, onde foi encontrada uma machadinha de pedra polida com cerca de 9200 anos. Na volta para a cidade, me hospedei no camping, onde também jantei (R$7). O vilarejo tem apenas um orelhão e estava quebrado. Um grupo de cinco pessoas também se hospedou nessa dia nos quartos do camping e encontrou num deles uma lacraia. É preciso estar preparado para a grande quantidade de insetos no quarto (dormi com um louva-a-deus, alguns gafanhotos, etc) e de pererecas no banheiro.

28/07/2008 - seg - GROTÃO DA ESPERANÇA, BAIXÃO DAS MULHERES
Neste dia saí com o guia Ediran, que fala muito pouco (R$45). A pé percorremos os 2km até a entrada BPF do parque e depois mais alguns quilômetros até o fundo do boqueirão. Subimos as mesmas encostas de ontem, passamos rapidamente pelos sítios do Caldeirão dos Canoas e tomamos a estradinha em direção ao Grotão da Esperança. Caminhamos bastante até alcançar um mirante de onde se avista a vila do Barreirinho. Descemos a encosta e passamos por três sítios denominados Tocas da Subida do Grotão da Esperança, todos com pinturas muito deterioradas. Saindo dos limites do parque, foi preciso pular algumas cercas e passar por roças até alcançar uma estrada e segui-la à esquerda para conhecer um caldeirão de água no fundo do boqueirão. Caminhamos muito, a estrada se transformou em trilha, a trilha se transformou em vara-mato e nada de água. Como o guia não conhecia direito, pedi para voltarmos e irmos conhecer o Baixão das Mulheres. Tivemos de caminhar pela estrada de terra cerca de 1h20 embaixo de um sol escaldante para voltar à portaria BPF, tomar uma água fresca, continuar até o Sítio do Mocó (cerca de 15 min) e de lá ir ao Baixão das Mulheres (mais 40 min), que é o local onde antigamente as mulheres iam lavar a roupa. Há interessantes pinturas rupestres e belas encostas rochosas ao redor.
Jantei no camping (R$7).

29/07/2008 - ter - TRILHA HOMBU, BOQUEIRÃO DO PEDRO RODRIGUES
Nesse dia saí com o guia Nestor (R$45). Em primeiro lugar quis ver os caldeirões de onde a população do Sítio do Mocó retira água para uso em geral, exceto para beber e cozinhar. Logo cedo muitas pessoas percorrem o caminho até esses caldeirões com tambores e baldes, uns a pé, outros de bicicleta. A água era escassa e de aparência não muito boa. Na parte da manhã fizemos a trilha Hombu, que inicia numa portaria do parque que não tem funcionário. Como o pagamento do ingresso é obrigatório, já fizera isso no dia anterior (R$3). A trilha Hombu é interpretativa, o que significa que possui em todo o seu trajeto painéis explicativos dos sítios, flora e fauna. Visitamos alguns sítios interessantes do Circuito da Pedra Caída, Toca da Invenção e outros, depois subimos a encosta por escadas de metal fixadas na rocha e visitamos muitos outros sítios com pinturas interessantes como Baixão da Pedra Preta, Toca dos Caititus e outros. Saímos por uma portaria com funcionário, onde mostrei o ingresso comprado ontem antecipadamente. Dali até o Sítio do Mocó foram 35 min de sol muito forte. Voltamos ao parque pela portaria BPF e fomos visitar o Boqueirão do Pedro Rodrigues, com belo visual (inclusive da Pedra Furada por trás) se o guia levar ao alto das formações rochosas, porém com o sítio arqueológico num local escuro mesmo às 15h. Jantei no camping (R$7).

30/07/2008 - qua - VOLTA PARA SÃO RAIMUNDO NONATO
É possível fazer o percurso SRN-Sítio do Mocó com camionetes de linha. Eu aproveitei uma camionete colocada à disposição por um candidato, que nesse dia saiu às 6h com mais 16 pessoas.


domingo, 21 de setembro de 2008

Chapada das Mesas (MA) - jul/08

As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/23.

A cidade-base para conhecer a Chapada das Mesas é Carolina, no sul do Maranhão. Os aeroportos mais próximos são os de Araguaína (TO) e Imperatriz (MA). Araguaína fica a 110km de Carolina e recebe vôos da Gol (www.voegol.com.br). Imperatriz fica a 222km e recebe vôos da Gol (www.voegol.com.br) e da TAM (www.tam.com.br).

Com este breve relato da minha viagem a Carolina quero dar uma idéia dos atrativos da região e de que formas é possível conhecê-los. Os custos também estão todos discriminados (julho de 2008). As cachoeiras ficam muito distantes da cidade e é preciso recorrer ao transporte público, um carro próprio ou alugado, um táxi, um veículo 4x4 (só em alguns casos) ou um passeio organizado pelas duas agências de ecoturismo da cidade.

Não acredite quando lhe disserem que é necessário um veículo 4x4 para conhecer todas as cachoeiras de Carolina. A verdade é que é preciso carro desse tipo para conhecer apenas as cachoeiras do Prata, São Romão, Capelão e Caverna (e os 5km finais até o Encanto Azul).

Só a duas cachoeiras é possível chegar facilmente usando o transporte público: Itapecuru e Pedra Caída. A Cachoeira do Dodô fica a 1850m da rodovia, segundo a placa, mas não a conheci.

Como eu estava sozinho, alugar carro ou fretar um táxi obviamente estavam fora de cogitação. Precisava então encontrar outros viajantes para dividir despesas e isso só foi possível através das agências. Mesmo viajando em alta temporada (julho/08), não foi fácil encontrar turistas na cidade para formar um grupinho e diminuir os custos dos passeios.

As duas agências em Carolina são: Cia do Cerrado, do Vilmar (99-3531-3222, 99-8122-0017, 99-8122-0315, www.ciadocerrado.com.br, ciadocerrado@ciadocerrado.com.br) e Expedições Ecoturismo, do Marcelo e da Monique (98-9617-7773, 98-8112-4818, 99-9124-1149, www.expedicoesecotur.com.br, expedicoes@expedicoesecotur.com.br). Há também o Wagner que faz passeios e atende pelo 99-3531-3541. A agência Moropóia Aventurismo fechou.

Abaixo alguns preços da agência Expedições Ecoturismo (jul/08). Fique atento pois esses preços são por pessoa, o que torna essa viagem um pouco cara. Para ajudar a diminuir os custos, descrevo à frente algumas alternativas mais em conta que pude apurar.

1. Riachão (Cachoeiras Santa Bárbara e Santa Paula, Poço Azul, Encanto Azul)
2 pessoas - R$175
3 pessoas - R$150
4 pessoas - R$125

2. Cachoeiras São Romão e Prata
2 pessoas - R$175
3 pessoas - R$150
4 pessoas - R$125

3. Cachoeiras Capelão, Caverna, Dodô, Mansinha e Portal da Chapada
2 pessoas - R$145
3 pessoas - R$100
4 pessoas - R$90

03/07/08 - qui - SÃO PAULO/IMPERATRIZ
Cheguei a Imperatriz no vôo da Gol com duas horas de atraso. Não há ônibus do aeroporto à rodoviária. Como não tinha noção da distância e já era muito tarde, peguei um táxi, que me cobrou o absurdo de R$20 por uma corrida de cerca de 5 minutos. Ao lado da rodoviária há diversos dormitórios que cobram R$20 por uma noite sem café e com banheiro no corredor. Dormi num chamado Tropical.

04/07/08 - sex - IMPERATRIZ/CAROLINA e CACHOEIRA ITAPECURU
Ônibus na rodoviária de Imperatriz para Carolina só da empresa Transbrasiliana (R$25; 99-3523-2755, 99-3523-2662), que sai diariamente às 7h (único horário). Perdi esse ônibus por poucos minutos e tive de apelar para a cooperativa de vans atrás da rodoviária, que tem saídas a cada hora ou hora e meia (R$30). A viagem dura 3 horas, inicialmente pela Belém/Brasilia até Estreito e depois continuando pela BR010 até Carolina. Os ônibus e vans não chegam até o centro de Carolina pois a rodoviária fica 3km antes da cidade. Dali é preciso caminhar (o sol é implacável) ou pegar um moto-táxi ou táxi; este após uma regateada fica em R$5. Foi o que fiz. O motorista me deixou na pousada Morro do Chapéu (99-3531-8571), que é muito simples mas tem quartos com ar-condicionado. O quarto com banheiro, TV e ventilador custava R$20 (com café-da-manhã), mas pechinchando dá pra conseguir um preço melhor. A moça da pousada já foi logo me dando dicas de como conhecer as cachoeiras da região e me arranjou uma carona para a Cachoeira Itapecuru à tarde. Almocei no Mocotozim, uma das duas opções de restaurante na cidade (o outro se chama K-Funé). Ótimo comercial de filé mignon por R$12. Esqueci de pedir o guaraná Jesus, refrigerante exótico que só é vendido no Maranhão! A Cachoeira Itapecuru fica a 33km da cidade e também é possível chegar a ela pegando na rodoviária de Carolina a van que vai para Riachão e caminhando 800m da rodovia até a cachoeira. Porém ali tive a minha primeira decepção pois imaginava que essas cachoeiras fossem quase selvagens. Puro engano. Itapecuru é um balneário com chalés, bar, restaurante, garçons que servem as mesas junto ao poço da cachoeira. O volume de água das duas quedas é muito grande, tanto que deu origem à primeira usina hidrelétrica da Amazônia (1941), sendo reconstruída em 1966. As ruínas estão ainda lá.

Alternativa mochileira para conhecer o atrativo de hoje: van de linha de Carolina a Riachão. É só pedir para descer perto da Cachoeira Itapecuru e caminhar mais 800m.

05/07/08 - sáb - PEDRA CAÍDA

Fui conhecer a outra cachoeira possível de ser alcançada por transporte público, a Pedra Caída, a 37km de Carolina. A van (R$5) sai como sempre da rodoviária (3km de Carolina) e segue em direção a Estreito. Desci em frente à propriedade que abriga a Pedra Caída. Ali tive a minha segunda decepção. O lugar não só era um balneário com bar e chalés como a entrada era bem "salgada". R$5 só para pisar lá dentro e usufruir de duas piscinas de água corrente, um riacho e o bar. Nada que me interessasse. Para conhecer o chamado santuário da Pedra Caída, o principal atrativo do lugar, era preciso desembolsar mais R$15 e ir com monitor deles. E para ir até a Cachoeira da Pedra Furada, também com monitor, nada menos que R$40, que podia ser rateado por quatro pessoas. Apesar de chegarem visitantes constantemente, ninguém queria saber de caminhar os 2km até a cachoeira da Pedra Furada. Tive de me contentar com o santuário. E valeu a pena. O percurso é belíssimo, um rio de água cristalina correndo no fundo de um cânion recoberto de samambaias e longas raízes despencando pelas paredes de quase 50m. O cânion se estreita até terminar num recinto fechado em forma de funil onde despenca uma enorme cachoeira.
Consegui carona para voltar a Carolina.
Jantei na outra alternativa que há na cidade, o K-Funé (R$12 o filé de frango). Atendimento péssimo e comida sem sabor.
Depois sorvetes regionais (murici e bacuri) na sorveteria Sabor Natural, a mais antiga da cidade, com 50 anos (R$2,40 duas bolas).

Alternativa mochileira para conhecer o atrativo de hoje: van de linha de Carolina a Estreito. É só pedir para descer na Cachoeira Pedra Caída e atravessar a estrada. Das altas taxas de visitação é difícil se livrar.

06/07/08 - dom - SANTA BÁRBARA, POÇO AZUL E ENCANTO AZUL

Fiz o primeiro passeio contratado com agência da cidade. Fui para o Riachão com a Cia do Cerrado. Junto comigo apenas um casal, o que elevou o custo do passeio a R$150 por cabeça.
O Zezinho passou com o jipe às 6h30 na pousada. De Carolina a Riachão são 104km, a maior parte em asfalto todo esburacado. Depois mais 30km em estrada de terra com pequenos trechos de areia, mas que não exigem carro 4x4 (pelo menos com a areia seca como estava). Após três horas de viagem, chegamos enfim ao Parque Ecológico Santa Bárbara, uma propriedade particular que cobra R$3 a entrada (exceto dos que chegam por agência). De novo as cachoeiras ficam dentro de uma propriedade, porém desta vez não me decepcionei pois o lugar é bem rústico (ou sou eu que já estou me conformando). Ali estão as cachoeiras dos Namorados, Santa Paula e Santa Bárbara, além do encantador Poço Azul, que estava verde ainda. Importante: o Poço Azul só fica azul e transparente (como nas fotos promocionais) bem depois de findadas as chuvas, o que costuma ser lá por agosto ou setembro. Consulte as agências para saber a época certa a cada ano.
A grande dica aqui é: NÃO vá de domingo. O Poço Azul pode ir de paraíso a inferno em poucos minutos. Foi o que aconteceu, para nosso azar. Uma turma enorme e barulhenta, como que saída de um estádio de futebol, invadiu e tomou conta do poço e acabou por expulsar todos os visitantes tamanha a gritaria que faziam.
Saindo do parque ecológico, seguimos por estradas de areia por mais 5km, estes sim exigindo um carro 4x4, até uma outra propriedade onde se encontra o Encanto Azul, um estonteante poço azul e totalmente transparente, mesmo com 6m de profundidade, localizado no fundo de um pequeno cânion. Lugar de natureza muito frágil que precisa ser bem cuidado para que não se deteriore rapidamente pela ação de visitantes descuidados. A dica aqui é levar máscara e snorkel para fazer flutuação.
O Parque Santa Bárbara serve almoço, porém quando subimos para almoçar a comida havia acabado, o que nos obrigou a comer mais tarde num muquifo à beira da rodovia (R$6,50 o PF de carne), perto da cidade de Riachão.

Alternativa mochileira para conhecer o atrativo de hoje: é possível ir de Carolina a Riachão com van de linha e em Riachão procurar alguém (um táxi ou um carro fretado) que leve até o Parque Santa Bárbara (30km). Se for sábado é possível conseguir uma carona. Não vá de domingo, não estrague esse passeio tão bonito. Do parque até o Encanto Azul peça carona (caminhar os 5km pode ser complicado por causa das bifurcações).
Outra alternativa, mais confortável, é fretar um táxi em Carolina com outras pessoas. Negociando o preço com o taxista sai bem mais barato do que com as agências. Procure indicação de um taxista de confiança.

07/07/08 - seg - MORROS DA CHAPADA DAS MESAS

Esse foi um dia em que não apareceu mais ninguém para fazer passeio pelas agências. De manhã, andei pela cidade e tirei fotos do Rio Tocantins. A praia, do outro lado do rio (já no estado do Tocantins), é uma opção para se refrescar do calor. Vi-a de longe apenas e não me atraiu.
No meio da tarde fiz um passeio que nenhuma agência faz. Fechei com um taxista uma corrida até os morros mais bonitos da estrada que vai em direção a Estreito, com paradas onde eu quisesse para fotografar. Depois de muita negociação o preço caiu para R$40. Fomos da cidade até o Morro do Tamanduá com paradas na ida e na volta para fotos e com direito a subida ao Portal da Chapada para uma visão ainda mais bela das Mesas.
Para o jantar, dei mais uma chance ao K-Funé, mas me decepcionou de novo. O peixe (R$15) veio sem sabor e a comida em geral estava meio fria.
Detalhe para os alérgicos a insetos: a quantidade de mosquitos no quarto da pousada à noite era enorme.

Alternativa mochileira para conhecer o atrativo de hoje: em lugar de fretar um táxi para fotografar os morros, pode-se negociar com um moto-táxi um preço bem melhor.

08/07/08 - ter - PEDRA CAÍDA

Dia do segundo passeio com agência. Fui para as cachoeiras do Prata e de São Romão com a Cia do Cerrado. Comigo mais
oito pessoas, o que barateou um pouco o preço (R$80).
O Zezinho passou às 6h30 na pousada. Fomos numa camionete com bancos e cobertura na carroceria. Tomamos a estrada para Estreito e depois uma estrada de terra que logo se tornou um circuito off road em pleno cerrado, com muita areia, buracos, degraus, riachos sem ponte e centenas de bifurcações. Avistamos um veado-campeiro, emas e seriemas no trajeto de quase duas horas.
Próximo à Cachoeira do Prata há casebres rústicos que servem refeição mediante encomenda, mas não comemos ali. Essa cachoeira fica no Rio Farinha e na outra margem já é o município de Estreito.
Dali até a Cachoeira de São Romão foi mais um longo trajeto off road de cerca de duas horas de pulos e solavancos. Uma ponte havia caído no caminho mais curto e foi preciso dar uma volta enorme.
Na São Romão também há almoço sob encomenda, mas todos optaram por lanche de trilha. O meu, comprado no mercadinho, custou um terço do preço que a agência cobrou do resto do pessoal. A curtição aqui é a praia fluvial abaixo da cachoeira e entrar atrás da enorme queda-d'água, onde há uma grutinha toda recoberta de musgo.
Jantei nesse dia no Mocotozim (R$12 o comercial de filé mignon) e finalmente provei o guaraná Jesus. Dizem que tem sabor de canela, mas pra mim tem gosto de framboesa bem artificial.

Alternativa mochileira para conhecer o atrativo de hoje: a alternativa mochileira para hoje é bem complicada. Para os mais radicais, que não suportam a idéia de sair com agência, pode-se tentar uma maneira bem precária de conhecer a Cachoeira São Romão: há uma Toyota de linha (pau-de-arara mesmo) que sai de Estreito e vai até a São Romão, onde pernoita. Pode ser uma opção se for permitido acampar por lá. Como não fiz dessa forma, é melhor confirmar tudo isso antes de arriscar.
Tive notícia de que a estrada de Estreito para essas duas cachoeiras está sendo melhorada, o que pode facilitar o acesso através dessa cidade e diminuir o custo do passeio. Porém para a preservação dessas cachoeiras essa pode não ser uma boa notícia.

09/07/08 - qua - CACHOEIRAS CAPELÃO E CAVERNA

Meu terceiro e último passeio com agência. Dessa vez com a Expedições Ecoturismo, para as cachoeiras Capelão e Caverna.
O Marcelo me apanhou na pousada às 8h30. Fui com mais quatro pessoas e o custo desta vez foi de R$75. Seguimos de novo pela rodovia que leva a Estreito e entramos numa estrada de terra à esquerda, que logo se tornou um off road pesado mas não tão longo quanto o de ontem. Primeiro a Cachoeira do Capelão, bastante selvagem, sem nenhuma estrutura turística próximo. Depois a Cachoeira da Caverna, ainda mais bonita e igualmente selvagem com direito a revoada de morcegos na chegada.

Alternativa mochileira para conhecer o atrativo de hoje: hoje a alternativa está bem complicada também. Seria preciso ter as coordenadas das cachoeiras num GPS para poder chegar a elas a pé. Carro comum não resolve nesse caso.

À tarde, deixei Carolina com destino a São Luís. As opções eram:
1. ir para Imperatriz com van (R$30) e de lá seguir em ônibus para São Luís, com a passagem Imperatriz-São Luís da Transbrasiliana (R$67) e da Açailândia podendo ser comprada ali mesmo em Carolina (passagens das outras empresas - Progresso e Aparecida - só poderiam ser compradas na chegada a Imperatriz pois não têm guichê na rodoviária de Carolina).
2. ir para Balsas com ônibus da Transbrasiliana e depois outro da mesma empresa para São Luís. Essa opção deve ser boa pois havia lotado fazia alguns dias.

Um problema a ser considerado no trecho Imperatriz-São Luís são os assaltos aos ônibus. A Açailândia é a única empresa que tem escolta durante a viagem. Segundo me contaram, isso não impediu a ação de um assaltante que se fez passar por passageiro para cometer o assalto. Uma pessoa me disse que no trecho Balsas-São Luís os assaltos são menos freqüentes do que no trajeto Imperatriz-São Luís.

Há ainda a opção de pegar o trem da Vale do Rio Doce em Açailândia (a 70km de Imperatriz e 293km de Carolina). Preços e horários em julho/2008:
Açailândia-São Luís: terças, sextas e domingos às 12h20 (com chegada às 22h)
São Luís-Açailândia: segundas, quintas e sábados às 8h (com chegada às 17h30)
Preço da passagem: R$51 na classe executiva (ar-condicionado) e R$22,50 na classe econômica.
Para informações: 0800-2857000