As tão aguardadas férias de 2011 estavam finalmente chegando e resolvi
dedicar todos os meus 23 dias de "descanso" às trilhas e montanhas da
serra fluminense.
A primeira semana foi reservada a fazer duas
travessias em Itatiaia que planejava há muito tempo e estava difícil
conseguir realizar, a Alsene-Maromba e a Rui Braga. Como ligação entre
elas resolvi explorar alguns picos, caminhos e paisagens que não
conhecia. Assim nasceu a idéia de uma travessia de seis dias no Parque
Nacional do Itatiaia, partindo da Maromba, atravessando o Rio Aiuruoca e
todo o planalto até desembocar na sede em Itatiaia.
De São Paulo à Maromba
No
sábado, parti de São Paulo no Cometa das 10h para Resende. Desci na
rodoviária do Graal, às margens da Dutra, às 13h30 e me dirigi ao guichê
da empresa Resendense, que leva a Mauá, Maringá e Maromba. Me
informaram que os ônibus saem do subsolo, nos fundos da rodoviária.
Desci as escadas e aguardei o ônibus das 14h, que apareceu com 10min de
atraso. É um ônibus do tipo urbano (o motorista é também cobrador) e a
passagem custa R$6,10. Subimos toda a serra e do outro lado encontramos o
tempo um pouco pior, com céu cinzento e uma fina garoa. Passamos por
Mauá, Maringá (bastante movimentada para um fim de semana de baixa
temporada e tempo feio) e enfim chegamos à Maromba às 15h45. Primeiro
procurei uma pousada, perguntando em várias, e decidi pela Águas Claras,
por R$35 o quarto com banheiro privativo e café da manhã. Até encontrei
preço mais baixo, porém sem café. Na chegada tive a surpresa de cruzar
com dois moradores da Fragária que voltavam para casa com suas mulas
depois de ter vendido o queijo e mel nas vilas, o que me deixou contente
por presenciar já de cara o que vi na ótima matéria do Globo Rural
intitulada "Os Tropeiros do Parmesão", disponível no Youtube.
Nesse dia, seguindo indicação do Sandro,
almojantei num restaurante na rua atrás da igreja, às margens do Rio
Preto, chamado Restaurante da Nuia. A comida é ótima e muito barata, uma
fartura por meros R$10. Andei um pouco pela vila pois não pisava ali
havia muuuuitos anos e fui dormir cedo pois no dia seguinte começaria
minha mais longa jornada solo, a despeito do tempo nada convidativo.
1º dia - Da Maromba à Pedra Preta (ou Pico Serra Negra)
As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/119/119.
O
café da manhã da pousada é um atrativo à parte, tudo preparado pela
dona, bom demais, mas não podia passar a manhã inteira me fartando
daquelas delícias, precisava começar a andar... Assim, parti da Maromba
às 8h55 subindo a rua principal em direção à Cachoeira do Escorrega. Fiz
um desvio de poucos metros à esquerda para rever a Cachoeira Véu da
Noiva e depois parei para fotos do Poção da Maromba, ambos desertos
naquele horário.
Às 9h33 cheguei à bifurcação do Escorrega,
bastante sinalizada, não tem como errar. Em vez de subir à esquerda para
essa cachoeira, continuei à direita e atravessei as duas pontes
seguidas sobre o Rio Preto, passando do estado do Rio de Janeiro
(município de Itatiaia) para o estado de Minas Gerais (município de
Bocaina de Minas). A estrada faz então uma curva para a direita e outra à
esquerda, onde há uma porteira (à direita), que estava fechada a
cadeado. O caminho para a Serra Negra começa exatamente nessa porteira
(seguindo em frente se chega à cara Pousada Tiatiaim, onde quiseram me
cobrar R$120 só por uma noite). Pulei a porteira e subi alguns metros
até o portão de uma casa. Lembrei-me de ter passado por ali há muitos
anos e de ter seguido a rua sempre em frente, o que foi um erro que nos
fez voltar. Dessa vez quis explorar esse caminho para saber enfim onde
iria dar. Segui em frente então. A rua sobe bastante e bifurca logo após
passar por uma casa à esquerda. Decidi tomar a esquerda, subi mais e
após um larguinho a rua se converte em trilha. Nessa hora vesti as
minhas inseparáveis perneiras contra cobra, acessório que passei a usar
depois de vários e inoportunos encontros com esses simpáticos bichinhos.
Bem, a exploração durou pouco pois logo a trilha se dividiu e fechou em
todas as direções. Voltei até próximo da última casa e tomei o ramo da
direita, que subiu bastante por trilha bem marcada e desembocou numa
estradinha gramada que é justamente um caminho alternativo à Serra Negra
que começa na Cachoeira de Santa Clara (à direita). Ok, concordo que
esse caminho que descobri é totalmente inútil já que é um trajeto mais
longo, mas ao menos satisfiz minha curiosidade exploratória. Subi à
esquerda pelo caminho largo, que se estreitou até virar uma trilha, e às
11h05 alcancei a bifurcação onde deveria ter chegado se subisse pela
trilha mais usada (que começa entre a porteira e a primeira casa).
A
trilha a partir daí sobe bastante larga e erodida por causa do trânsito
das mulas dos tropeiros e logo a visão se amplia até a Pedra Selada e a
serra por onde serpenteia a estrada que liga Resende a Mauá. Até esse
momento o céu estava encoberto mas conseguia visualizar a essa
distância. O caminho segue bastante agradável em longos trechos de mata e
às 12h topei com uma placa de "água potável a 50m". Uma recomendação:
só desça até esse ponto de água se estiver muito desesperado pois é uma
pirambeira escorregadia e muito ruim. Nem vale a pena pois meia hora
depois há outra placa indicando água a 140m da trilha principal, esta
bem mais fácil.
Continuei a suave subida e às 13h30 cheguei a um
descampado conhecido como Morro Cavado, onde já havia acampado tempos
atrás. A neblina havia baixado e não conseguia enxergar nem 100m, por
isso perdi a bonita visão das montanhas na direção da Fragária, o Pico
do Papagaio, etc. Também passou despercebida a bifurcação que à direita
leva à Serra Negra e Fragária e à esquerda ao Matão, onde mora o Sr José
Rangel (ou Zé do Anísio), caminho que deveria tomar. Os vários sulcos
paralelos ajudaram a me confundir. Só me dei conta disso ao avistar uma
placa no meio do capim indicando Fragária à direita. Gastei um tempo
explorando os vários caminhos por ali e por fim, confirmando o trajeto
com um cavaleiro que surgiu das brumas com seu fiel cachorro, tomei as
bifurcações sempre à esquerda, o que me fez subir mais um pouco e depois
descer em ziguezagues em direção ao Matão. Nessa vertente, o tempo
estava melhor e já podia ver um pouco das montanhas entre as nuvens.
Resumindo,
é o seguinte: a primeira bifurcação surge imediatamente após uma laje
de uns 20m de comprimento. Como mencionei, a direita leva à Serra Negra e
Fragária e a esquerda ao Matão. Se você deixou passar essa, é só seguir
a placa fincada no meio do capim para descer à Fragária à direita. Para
o Matão, siga em frente (esquerda). Se não viu essa placa, há ainda uma
terceira chance: 100 metros depois dela, uma nova bifurcação discreta
tem os mesmos destinos das anteriores. Eu me mantive sempre à esquerda e
comecei a descer para o Matão por volta de 15h.
Essa descida tem
algumas bifurcações também. A primeira chega a ser uma trifurcação mas o
ramo da esquerda acompanha uma cerca e parece fechar logo. O da direita
desce direto para o Matão, o que não era meu objetivo por enquanto.
Queria na verdade subir a Pedra Preta (ou Pico Serra Negra) ainda nesse
dia, acampando no platô logo abaixo, chamado de Pedra Pequena. Segui em
frente então. Na próxima bifurcação a trilha da direita me pareceu mais
aberta, mas acho que a da esquerda funcionaria como atalho.
Alcancei
assim a trilha mais larga que sobe da casa do Sr José Rangel (à
direita) para a Pedra Preta. Tomei a esquerda e segui pela sombra da
mata. Cruzei um riacho às 16h10, a primeira água desde aquela a 140m da
trilha. Subi um pouco e topei com nova bifurcação. Continuei à esquerda e
depois soube que à direita seria um outro caminho para a Cabana da
Cabeceira do Aiuruoca, meu destino no segundo dia.
Dali em diante
me mantive na trilha principal até chegar às 16h40 a um cercado
abandonado, talvez um antigo curral, junto a um riacho reduzido a um fio
d'água por causa da longa estiagem. Ali a coisa começou a complicar. Eu
tinha dois caminhos gravados no gps, um à direita (sudoeste), alguns
passos antes do riacho, e outro à esquerda (nordeste), atravessando o
riacho e o cercado. Confiei mais na marcação que ia para a direita
(sudoeste).
Andei cerca de 600 metros mata adentro e percebi que a
trilha se afastava do cume da Pedra Preta e divergia da marcação do
gps. Voltei uns 50m e tentei interceptar a trilha do gps, mas varei mato
sem sucesso. Melhor retornar até onde houve a divergência e começar de
novo! Fiz isso e não consegui encontrar a trilha que o gps indicava sair
para a esquerda (sudeste). Fui e voltei várias vezes, entrei um pouco
na mata, mas nada. Como a noite começava a cair e eu ainda não tinha uma
solução, decidi voltar ao cercado abandonado e acampar por lá mesmo,
com água ao lado. Altitude de 2060m.
Nesse dia caminhei 21km (contando as explorações de trilhas).
2º dia - Da Pedra Preta (ou Pico Serra Negra) à Cabana da Cabeceira do Aiuruoca (ou quase)
As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/123/123.
O tracklog da Pedra Preta está em http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=2297266.
O segundo dia amanheceu radiante, com sol e céu azul. E felizmente o tempo se manteve assim pelo restante da travessia.
Desisti
de bater cabeça na trilha do dia anterior e fui tentar a outra trilha
marcada no gps, a qual queria evitar por estar com o traçado incompleto.
Desmontei
acampamento e comecei a caminhar às 8h20 na direção nordeste por uma
trilha bem mais larga que a do dia anterior. Na primeira clareira pude
ver lá no alto a Pedra Pequena, onde planejava ter acampado esta noite.
Na segunda clareira me deparo com uma trifurcação. Tinha informação de
que o caminho da esquerda levaria de volta à Maromba, o que ainda
precisa ser conferido. Segui em frente e consegui chegar à encosta da
Pedra Pequena, já visível acima da minha cabeça, à direita. Tentei subir
por uma trilha mas ela logo desapareceu. A recompensa para essa nova
tentativa frustrada foi avistar na direção da Maromba um belo tapete de
nuvens encimado por um céu estupidamente azul. Desci de volta à
trifurcação e peguei o caminho da esquerda (à direita quando passei pela
primeira vez), menos visível que os outros dois. Apesar disso, a trilha
tinha mais continuidade e eu estava mais próximo da marcação do gps, o
que não significou andar por um caminho fácil. Muito pelo contrário.
Achei e perdi resquícios de trilha umas trinta vezes, bati cabeça de
novo, fui e voltei procurando atravessar a mata pelo caminho menos
fechado e íngreme. Isso tornou a caminhada demorada e bastante
cansativa. Consegui enfim alcançar às 10h44 a trilha principal da subida
(ela existe!) num ponto entre o cume e a Pedra Pequena, cerca de 100
metros acima desta. Descansei algum tempo e desci um pouco para
contemplar a paisagem a partir da Pedra Pequena, que é um platô-mirante a
2331m onde é possível acampar (sem água). Depois escondi a mochila e
parti para um ataque ao cume da Pedra Preta. O caminho dali para cima
também estava por vezes camuflado pela grande quantidade de folhas no
chão, mas o avanço foi bem mais fácil do que antes. A mata foi se
transformando em campo de altitude e começaram a aparecer as lajes
inclinadas e os platôs de pedra.
Olhando de baixo, o topo aparece
como um extenso paredão de pedra, o que dá a expectativa de ser uma
subida difícil e arriscada. Mas vencidas as lajes um caminho bastante
acessível vai aparecendo à esquerda. Assim, às 12h27 cheguei ao cume da
Pedra Preta, que com seus 2572m de altitude (2573m no meu gps) consta do
Anuário Estatístico do Brasil, editado pelo IBGE (http://biblioteca.ibge.gov.br/visualiza ... EB2010.pdf),
como a 22ª montanha mais alta do Brasil, com o nome de Pico Serra
Negra. A visão é espetacular, 360º literalmente. Na direção norte o Pico
do Papagaio com o Morro Cavado em primeiro plano, no quadrante sudoeste
a Serra Fina e a Pedra Furada, a leste avista-se Visconde de Mauá e ao
sul os picos do parque nacional, como Couto, Altar e Sino.
Procurei
o livro de cume mas não encontrei. Parece que fica dentro do totem, mas
não consegui vê-lo e não quis desmontar o totem inteiro para ver se
estava escondido lá dentro.
Comecei a descida às 13h10, peguei a
mochila escondida, passei pela Pedra Pequena e continuei descendo por
uma trilha bem marcada que encontrei. Estava muito curioso em saber onde
ela me levaria pois devia ser a trilha oficial que eu ainda não havia
conseguido encontrar. As marcas de facão nas árvores confirmavam isso.
Por fim, desemboquei na trilha que percorri no dia anterior num ponto
onde não havia nenhuma indicação e não cheguei a explorar tanto. Havia
finalmente descoberto a trilha certa. Deixei algumas marcações com tiras
de plástico numa árvore para orientar os próximos aventureiros pois a
conexão com a trilha principal é realmente discreta e quase
imperceptível. Se os guias não retiraram, as marcações devem estar lá
ainda.
O caminho de volta passou pelo cercado abandonado (às
14h45) com seu riachinho quase seco, onde fiz uma pausa e depois desci à
esquerda. Na próxima bifurcação tomei a direita, mais à frente saltei o
riacho maior e depois passei direto pela trilha por onde cheguei no dia
anterior. Dali foram cerca de 500 metros até a casa do sr José Rangel,
morador que fiz questão de conhecer, filho do quase lendário sr Anísio,
já falecido. Cheguei ali às 15h40. Conversamos algum tempo, não recusei o
café pois é falta de educação numa casa mineira e ao sair ele me
indicou a continuação da trilha em direção ao Alsene, abaixo de sua
casa. Nas montanhas em frente, na direção do parque, se destacava a
Pedra Grande, com seu formato piramidal vista por esse ângulo e com
acesso por trilha. Me despedi dele e saí às 16h25. Atravessei uma
pequena ponte e segui pela trilha bem marcada, que subiu bastante em
meio à mata. Passei por dois pontos de água, o curral de um sítio
aparentemente abandonado à direita, mais dois pontos de água e... a
noite caiu. Não consegui alcançar a Cabana da Cabeceira do Aiuruoca,
ainda mais de 1km à frente, mas por sorte encontrei um ótimo gramado
onde montar a barraca, logo após um charco. Altitude de 1841m.
Nesse
dia caminhei só 12,84km, mas houve subidas e descidas, como o desnível
de 513m do cercado abandonado até o cume da Pedra Preta.
O sr José Rangel aluga dois chalés construídos ao lado de sua casa. O telefone é (35)9965-6515.
3º dia - Da (quase) Cabana da Cabeceira do Aiuruoca ao antigo Alsene, com Pedra Furada e Pedra do Camelo
As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/124/124.
Desmontei
acampamento e comecei a caminhar às 7h35. Logo me deparei com um charco
e no desvio à direita notei o que parecia ser um outro caminho, mas não
fui explorar. Talvez leve à Vargem Grande ou à Serra Negra, algo a ser
verificado numa próxima oportunidade. Mais 240m e alcanço então às 8h a
Cabana da Cabeceira do Aiuruoca, que é uma casa de madeira grande ao
lado de outra menor, igualmente de madeira. Elas ficam junto ao
belíssimo e gelado Rio Aiuruoca, com suas águas incrivelmente
transparentes, e podem ser alugadas pelo telefone que aparece nesta foto.
Salvo engano, pertencem a um sobrinho do sr José Rangel. Explorei esse
aprazível local por algum tempo e encontrei a trilha que leva à
Cachoeira do Aiuruoca, que fica bem próxima das nascentes desse rio,
aliás as nascentes mais altas do país segundo algumas fontes (segundo
outras, seria a nascente do Rio Claro, na Serra Fina, a mais alta do
Brasil).
Às 9h atravessei o Aiuruoca próximo aos restos da ponte
de pedra e segui o caminho bastante largo em frente que sobe para o
antigo Hotel Alsene, fechado pela Justiça em outubro de 2009 por lançar
esgoto num riacho próximo. Esse caminho largo se transforma em trilha e
depois alarga novamente, parecendo ter sido mesmo uma estrada no
passado. A visão se amplia no horizonte à medida que subo e num dado
momento, após uma casinha à esquerda, começo a ver o Morro Cavado (por
onde passei no primeiro dia) e o cume da Pedra Preta. A Pedra Grande se
mostra num formato já bem diferente daquele visto da casa do sr José
Rangel.
Às 10h06 topei com uma cerca de arame farpado que me
obrigou a passar rastejando no capim. Ao passá-la tive a primeira visão
do Alsene com a Pedra do Camelo atrás. O caminho se estreita de novo
para atravessar um trecho de mata e 15 minutos depois dela passo por
outra casa à esquerda. Mais um pouco e começo a ver o cume da Pedra
Furada.
Às 11h cruzo uma ponte rústica de troncos sobre um riacho
que acredito ser o que o Alsene poluía. Não imaginava que ainda
acabaria voltando a esse local nesse mesmo dia...
A subida desde a
Cabana foi penosa, 514m de desnível sob sol forte. Alcancei a
bifurcação à direita para a Pedra Furada às 11h25 e parei na primeira
sombra para largar a mochila e descansar. Essa bifurcação fica menos de
250m antes da estrada de terra que vem da Garganta do Registro e que é
praticamente o único acesso de carro à parte alta do parque. Enquanto
descansava, ouvi barulho de motos se aproximando e passaram por mim dois
funcionários do parque. Tomaram a direção da Pedra Furada também, assim
como eu fiz às 11h47.
O caminho para a Pedra Furada é bem largo e
tem trechos com muita erosão. É um atrativo bastante interessante pela
visão espetacular a partir do cume e por ficar aquém da portaria do
parque, ou seja, é gratuito. O nome peculiar se deve a um conjunto de
pedras amontoadas que se equilibra na sua encosta leste e apresenta um
buraco nos encaixes entre si.
A trilha para o cume sai desse
caminho largo uns 150m depois de uma porteira, para a esquerda. O
caminho largo continua e me disseram que chega à Pousada dos Lobos. O
desnível até o topo a partir da porteira é de apenas 150m e em relação
ao Alsene é de 214m, ou seja, é uma caminhada fácil. Alcancei o cume às
13h e graças ao dia limpo pude desfrutar da bela panorâmica de 360º. Da
primeira vez que subi, há alguns anos, a neblina não me deixou ter a
menor idéia da visão impressionante que se tem dali. Fora isso, a
satisfação de ticar mais uma montanha da lista do IBGE pois a Pedra
Furada, com seus 2589m (2577m no meu gps), é oficialmente a 20ª mais
alta do Brasil. E o que se avista de lá? A sudeste, Agulhas Negras,
Morro do Couto, o antigo Alsene; a leste a Pedra Selada de Mauá; a
nordeste, a Pedra Preta; ao norte, o Pico do Papagaio; a sudoeste, a
Serra Fina (com vários focos de incêndio) e ao sul o Vale do Paraíba, só
para citar alguns lugares.
Na descida, iniciada às 13h45,
aproveitei para fotografar o conjunto de pedras com o furo que dá nome à
montanha toda. As fontes de água nas imediações estavam todas secas, o
que começou a me deixar preocupado.
Voltei pelo mesmo caminho e,
tomando a direita na trilha principal (a que sobe das cabanas do
Aiuruoca), em menos de 250m alcancei a estrada de terra que vem da
Garganta do Registro, curiosamente uma rodovia federal, a BR485, na
altura do km 11,7. Esse ponto marca também o meu retorno ao estado do
Rio de Janeiro, saindo de Minas. Ao chegar ao Alsene, às 15h15, fechei a
primeira etapa dessa caminhada: completei a travessia Alsene-Maromba,
só que ao contrário e incluindo a Pedra Preta.
O Alsene, fechado
há dois anos, está abandonado, sujo, depredado, e nem o vigia parecia
estar por lá. Bem em frente, a Pedra do Camelo chamava a minha atenção e
havia ainda tempo suficiente para explorá-la. Comecei a subir pelo lado
esquerdo dela (que chamei de rabo do camelo) mas encontrei um lance um
pouco exposto e não cheguei ao topo pois não quis me arriscar sozinho.
Desci de volta à estrada e caminhei até a extremidade direita da pedra
(que apelidei de cabeça do camelo). Aí a subida foi bem tranquila e se
tem bonita vista da Serra Fina. Fui até a passagem exposta e parei de
novo. Fiquei algum tempo estudando uma forma mais segura de descer e
acabei conseguindo. Ainda subi mais uma vez porque tinha deixado de ir
ao topo da cabeça e à ponta do rabo. Numa dessas passagens pela estrada
topei com uma cobra, isso a 2359m, uma surpresa já que não esperava
encontrar tão facilmente um bicho desse nessa altitude.
O único
ponto de água que encontrei nas imediações foi um riacho na base da
Pedra do Camelo, mas acampar por ali não seria recomendável pois é
proibido e eu estaria muito próximo da portaria. Resolvi voltar até o
riacho da ponte rústica de troncos pois ali a água era garantida e havia
um bom local para montar a barraca. Depois amaldiçoei essa idéia pois
desci 1,5km e teria que subir tudo mais uma vez no dia seguinte.
Altitude de 2224m na ponte.
Nesse dia caminhei 19km.
4º dia - Do antigo Alsene ao camping do Rebouças, com Morro do Couto, Serrilha dos Cristais, Morro da Antena e Pedra do Altar
As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/125/125.
Desmontei
acampamento e comecei a caminhar às 7h20 em direção à portaria do
parque. Passado o Alsene, continuei pela estrada mais 560m e entrei no
atalho à esquerda que elimina uma grande curva em ferradura que a
estrada faz. Havia água bem no começo do atalho. Na portaria (Posto
Marcão, a 2458m de altitude), às 8h10, apresentei a autorização para
acampar no Rebouças e fazer a travessia Rui Braga em dois dias a partir
do dia seguinte. Preenchi e assinei o termo de responsabilidade e paguei
as taxas: R$11 pela entrada, R$1,10 pelo segundo dia, R$1,10 pelo
terceiro dia (por serem dias de semana) e R$6 pelo camping. Peguei a
braçadeira do Morro do Couto, deixei a mochila com os guardas e parti
para a primeira aventura dentro do parque: chegar à desconhecida
Serrilha dos Cristais.
Saindo do Posto Marcão às 8h30, entrei na
primeira estradinha à direita (com uma cerca e placa de Furnas) e subi
sempre em frente como se fosse ao topo do Morro da Antena. Passei pela
única bica de água desse caminho e estava seca. A trilha para o Morro do
Couto sai dessa estrada num ponto não sinalizado, à direita, onde há
uma clareira de ambos os lados. Em seguida, um trecho com muitas pedras e
depois o caminho segue entre o capim-elefante. O ataque final ao platô
do Couto, onde está fincada a antena (2639m de altitude), é bem fácil e
tranquilo, e cheguei às 9h25. A partir dali, a subida até o cume é na
base do trepa-pedra e exige mais atenção e cuidado. O cume do Couto é
considerado o 8º mais alto do país, com 2680m, segundo o IBGE. Mas o meu
destino nesse dia era a Serrilha dos Cristais e não era preciso
alcançar o cume. Do platô, já é possível ver as pequenas cristas
rochosas da Serrilha na direção sul (direção do Vale do Paraíba) e a
descida a elas inicia próximo à antena. A trilha é muito pouco usada mas
procurando bem dá para encontrá-la. Há alguns totens para ajudar. Tive
algumas dúvidas e só cheguei lá às 11h30, mas não tem muito mistério: é
só descer até o vale na direção da serrilha mais à esquerda, subi-la e
passar para sua vertente oposta (sul), de onde se tem vista magnífica da
intrigante pedra chamada Grande Capucho, além da irmã menor, o Pequeno
Capucho, ambos de frente para o Javali. É possível descer mais e chegar
ao aglomerado de rochas chamado Pedra do Cone, mas não fiz isso pois não
encontrei a trilha e o que tinha visto até ali já tinha compensado todo
o esforço. Belíssimo lugar desconhecido e esquecido!
Às 11h50
voltei pelo mesmo caminho ao Couto (13h) e à estrada (13h44), onde subi à
direita para ir ao topo do desprezado Morro da Antena (13h50), que com
seus 2584m de altitude poderia muito bem figurar na lista do Anuário
Estatístico do IBGE. A vista lá de cima é igualmente bonita e ampla.
Desci
às 14h, peguei a mochila na portaria e segui para o Rebouças, aonde
cheguei às 15h25, montei a barraca no camping completamente vazio e saí
rapidamente para subir ainda a Pedra do Altar. No caminho para o Altar
topei com um sapinho flamenguinho, animal-símbolo do parque, que fugiu o
mais rápido que pôde.
O caminho do Altar é o mesmo das Agulhas
Negras até pouco depois da ponte pênsil. O início é no Abrigo Rebouças,
onde se deve atravessar o Rio Campo Belo pela barragem e continuar pela
trilha superbatida. Uns 150m depois da ponte pênsil há uma bifurcação,
com uma trilha que sobe para a esquerda, a qual tomei (seguindo em
frente é para as Agulhas). Vinte metros depois, outra bifurcação: à
direita se vai para a Asa de Hermes, à esquerda para a Cachoeira do
Aiuruoca. Fui para a esquerda. Mais 1000m de trilha e surge a bifurcação
à direita para a subida do Altar, já bem visível. Seguindo em frente
(esquerda) se desce às nascentes do Aiuruoca (e sua cachoeira), caminho
das travessias da Serra Negra e Rancho Caído.
Mesmo com as muitas
paradas para fotos, levei só uma hora para chegar ao cume do Altar.
Mais uma montanha importante, 11ª na lista do IBGE com 2665m (2650m no
meu gps). Também o ponto culminante de toda a minha travessia. E o que
se vê lá de cima? Prateleiras ao sul, Agulhas Negras a sudeste, Ovos da
Galinha e Pedra do Sino a nordeste, Pedra Preta (ou Pico Serra Negra) ao
norte, Pedra Furada a noroeste, Morro da Antena a oeste, Morro do Couto
a sudoeste, entre outras montanhas.
Comecei a voltar pouco
depois das 17h30 e pude assistir ao incrível espetáculo da mudança de
cores do maciço das Agulhas Negras conforme o sol ia baixando, com tons
indo do alaranjado ao vermelho e finalmente voltando à cor original da
rocha. Levei uma hora também para voltar e foi preciso usar a lanterna
no final. Cheguei ao Rebouças às 18h37.
O camping dispõe de
banheiros com ducha fria e pia com água potável, o que foi um alívio com
a dificuldade que estava tendo para encontrar água. A altitude é de
2389m.
Nesse dia caminhei 19,77km.
5º dia - Do camping do Rebouças ao Abrigo Macieiras, com Morro do Urubu
As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/126/126.
Dia de começar a tão esperada travessia Rui Braga, que liga o Abrigo Rebouças (parte alta) à sede do parque, na parte baixa.
Desmontei
acampamento e comecei a caminhar às 8h40 pela estrada na direção das
Prateleiras (oposta à portaria). Incrível é ver que ainda existem restos
de asfalto nela, prova da idéia maluca de se fazer uma rodovia num
lugar como esse. Em menos de 15 minutos passo pela Cachoeira das Flores,
mas não desci a trilha para me aproximar dela. Em 20 minutos chego à
bifurcação que sobe à direita para as Prateleiras, mas meu destino é em
frente. Uma placa ali informa que a Rui Braga tem 20,5km do Rebouças à
sede.
Às 9h15 já começo a ver o resultado de tantos anos de uso
dessa trilha em forma de enormes erosões, pois embora a travessia tenha
ficado proibida durante 15 anos (de 1992 a 2007), essa trilha foi o
primeiro acesso usado pelos desbravadores do planalto do Itataia, razão
pela qual os abrigos pelos quais passarei são de grande importância
histórica. Felizmente há um trabalho de recuperação da trilha com
contenções feitas de madeira e bambu, com desvios abertos no capim.
Caminhei
bastante pelo grande vale do Rio Campo Belo, com montanhas de pedras em
volta e uma paisagem de tirar o fôlego. As montanhas de pedra são na
verdade a Serra do Itatiaia à esquerda (norte) e a Serra das Prateleiras
à direita (sul). Às 10h07 alcanço um ponto da travessia, a 2321m de
altitude, onde já é possível avistar o Vale do Paraíba (encoberto ainda
nessa hora por nuvens) e que é a saída do vale do Rio Campo Belo, que se
afasta na direção leste para adentrar um outro vale gigantesco que
acompanharei mais de perto mais tarde, depois do Abrigo Massena. Nessa
hora também aparecem os picos do Gigante e do Ovo, que ficam mais à
direita do maciço que aos poucos vai se abrindo a nordeste, revelando
minutos depois montanhas como Cabeça de Leão, Cabeça de Leoa e Pico da
Maromba.
Às 10h25 avistei no horizonte a casa da torre de TV que
fica acima do Abrigo Massena e as ruínas do posto meteorológico de 1910,
primeiro abrigo do parque. Mas para alcançá-los ainda desci um pouco,
atravessei uma mata, um vale e subi de novo. No vale, a paisagem mudou e
pude ver pela primeira vez o Morro do Urubu à direita (sudoeste) e para
trás (oeste) as Prateleiras e a Pedra Assentada. Ao final da subida, a
trilha bifurca. O caminho da direita, mais estreito, leva às ruínas do
posto meteorológico e o da esquerda, ao Abrigo Massena. Fui primeiro
para a direita. Andei apenas 170m e às 10h55 estava de frente com uma
construção muito importante para a conquista das montanhas do Itatiaia e
consequentemente para a história do montanhismo no Brasil. O posto,
construído em 1910, serviu de abrigo para os primeiros corajosos que
decidiram se aventurar pelos desconhecidos picos do planalto do
Itatiaia. Mais tarde, na década de 1940, o local e a própria trilha
foram caindo em desuso com a abertura da BR485 e infelizmente nem a
memória foi preservada, estando hoje o abrigo de pedras em ruínas, sem
telhado, janelas e portas.
Bem, mas meu objetivo ia além das
ruínas do posto meteorológico, queria mesmo chegar ao Morro do Urubu,
34º da lista do IBGE. Peguei a trilha que sai dos fundos do abrigo às
11h05 e desci a um vale a oeste, onde cruzei um riacho. Subi a encosta
oposta por uma trilha um pouco erodida, atravessei uma área de arbustos
com a trilha mal definida e cheguei a um lugar sui generis: o leito de
um grande lago seco, que formava uma visão completamente diferente de
tudo que já tinha visto no parque. Atravessei-o e subi o morro em
frente, que ainda não era o cume do Urubu, o qual veio logo a seguir,
com seus 2270m de altitude (2260m no meu gps). Cheguei ali às 12h17 e a
visão é ainda mais ampla e abrangente do que teria depois na casa da
torre de TV que fica acima do Massena. Por estar mais a oeste, o Morro
do Urubu proporciona uma visão rara das encostas da Serra da
Mantiqueira, com o Morro do Couto e a Serrilha dos Cristais na borda,
bem no alto. E também uma vista privilegiada da Serra Fina (que
continuava em chamas). Além desses, ainda se avistam Prateleiras e Pedra
Assentada por um ângulo inusitado, Vale do Paraíba e toda a cadeia a
nordeste que vai do Pico da Maromba até os Três Picos. Mais um cume da
lista conquistado!
Voltei pelo mesmo caminho às 12h45, passei
pelo lago seco e depois pelo riacho, mas a água não era de acesso fácil e
deixei para pegar na bica próxima ao Massena (isso foi um grande erro).
Passei pelas ruínas do posto meteorológico e na bifurcação fui para a
direita, chegando enfim ao Abrigo Massena às 14h40 (altitude de 2198m). O
Massena foi construído na década de 1950 (assim como o Rebouças) e é
enorme, mas lamentavelmente está abandonado e caindo aos pedaços. Há
muitos quartos, vários banheiros (sem condições de uso), uma sala grande
com lareira e uma mesa de madeira com bancos. A área da cozinha era
grande também. Nos cômodos onde o telhado desabou cresceram árvores.
Fui
procurar a coisa mais importante naquele momento: água. Voltei uns 240m
até próximo da bifurcação do posto meteorológico e notei um riacho
seco. Entrei no meio das touceiras de capim e encontrei a bica...
completamente seca! Subi um pouco mais mas nada de água. E a minha já
tinha acabado. Isso significava que dormir ali estava inviável. Teria
que descer ao Abrigo Macieiras e torcer para encontrar água por lá ou no
caminho.
Mas antes de seguir, subi à antiga casa da torre de TV
por uma trilha curta nos fundos do Massena para admirar a vista e tirar
fotos. De lá pode-se ver o Vale do Paraíba ao sul, o Morro do Urubu a
oeste, Prateleiras e Pedra Assentada a noroeste e a cadeia do Pico da
Maromba, Cabeça de Leão, Cabeça de Leoa, Pico do Gigante, Pico do Ovo e
Três Picos a nordeste. Desci de volta ao Massena para pegar a mochila e
zarpei às 15h55. Nesse dia já tinha passado por dois charcos que estavam
secos, mas os mais complicados estavam por vir. Por sorte, devido à
longa estiagem, o primeiro deles estava seco e o seguinte estava apenas
úmido, sem dificuldade alguma na passagem.
Em seguida, a trilha
toma uma direção que parece que vai voltar, mas é só a preparação para
descer de vez a encosta do imenso vale do Rio Campo Belo (sim, comecei a
me aproximar dele novamente). Às 16h23 cheguei a um local que ficou na
minha memória desde a primeira vez que fiz essa travessia, em 1991: uma
erosão gigante bem do lado esquerdo da trilha, encosta abaixo. Há
trabalhos de recuperação ali também mas são mínimos em vista do tamanho
do estrago. Em dado momento, o Vale do Paraíba, meu destino final, se
abre bem à minha frente. E eis que às 16h56, uma hora depois de deixar o
Massena, surge o líquido preciosíssimo para matar a minha sede e me
abastecer para o resto do dia e noite. É a primeira água desde o Abrigo
Rebouças, de onde saí às 8h40 da manhã (isso sem contar a do Morro do
Urubu que eu vacilei em não pegar). Eu já estava me preparando
psicologicamente para dormir sem água esta noite, o que seria terrível
com o calor que estava fazendo. Mas eu estava entrando numa transição de
vegetação de altitude para mata atlântica e outros três pontos de água
ainda apareceram, incluindo uma surpreendente cachoeira. A trilha entrou
na mata fechada e às 18h topei com a bifurcação à esquerda que tem o
Abrigo Macieiras ao fundo, bem na hora de parar para montar acampamento
pois a luz do dia estava indo embora. Fui verificar a água nos fundos do
abrigo mas também encontrei um riacho seco. Altitude de 1853m.
Nesse dia caminhei 16km (contando o desvio para o Morro do Urubu), com desnível negativo de 536m.
6º dia - Do Abrigo Macieiras à sede do PNI
As fotos estão em http://lrafael.multiply.com/photos/album/127/127.
Quando
amanheceu é que fui conhecer o abrigo, todo de madeira, um dos mais
antigos do parque já que data de 1926. É muito pequeno se comparado com o
Massena. Tem sala, cozinha, três quartos, banheiro com bidê e está em
péssimas condições também.
Comecei a caminhar às 6h35 neste
último dia da minha travessia. Em menos de 10 minutos alcancei a
bifurcação que à direita leva às antenas de TV e resolvi ir conhecer.
Ouça o que eu digo: não perca seu tempo com isso. Andei 2,5 km (só ida)
para não ter visão nenhuma por causa da mata fechada do caminho e do
mato alto nas antenas. Procurei um mirante mas não encontrei, acho que
só escalando uma das torres. Há uma casa com equipamentos e alguns
móveis. A surpresa ficou por conta de um ninho no vitrô da cozinha com
três ovinhos. A trilha até ali tem várias muretas de concreto, algo
muito pitoresco. Satisfeita a curiosidade, voltei à bifurcação e
continuei a travessia.
A trilha entra num ziguezague e passa por
diversos pontos de água e muitas muretas de concreto. Às 9h50 o caminho
se alargou um pouco e à direita uma discreta trilha sobe ao Abrigo
Lamego, surpreendentemente bem conservado, inclusive com maçaneta na
porta - funcionando! Ele não é grande, mas tem uma sala espaçosa,
cozinha com fogão a lenha, dois banheiros e um quartinho. Apesar de
bastante pichado e sujo, está muito melhor que os outros. E é mais
antigo que o Massena, já que foi construído na década de 1940.
O
ziguezague e as muretas continuam e por volta de 11h passo por uma rara
janela na mata onde consigo visualizar as montanhas. Em seguida um
trecho de bambus onde tive que passar me arrastando. Às 11h15 um portão
de ferro marca o fim da trilha, que entronca numa estrada interna do
parque que leva a algumas casas. Sim, a parte baixa do parque, por
estranho que pareça, tem propriedades particulares e hotéis. E
finalmente às 11h30 chego ao posto de guarda da Piscina do Maromba,
final da travessia, a 1124m de altitude. Ali o vigilante anotou meu nome
e RG. Até ali caminhei 16,2km (contando o desvio para as antenas de
TV), com desnível negativo de 729m.
Aproveitei o pouco tempo que
tinha até o ônibus chegar e fiz um pouco de turismo, assim como os
visitantes que chegavam de carro. Desci as escadarias bem em frente para
visitar a verdíssima Piscina do Maromba e sua cachoeira formadas pelo
já nosso conhecido Rio Campo Belo, que vinha acompanhando desde o Abrigo
Rebouças. Logo depois da ponte sobre esse rio, outra escadaria à
esquerda é o acesso às cachoeiras Véu da Noiva e Itaporani, mas não
havia tempo para conhecê-las.
Tomei a estrada para chegar ao
ponto do ônibus que me levaria à cidade de Itatiaia. Deveria caminhar
até a bifurcação para o antigo Hotel Simon, cerca de 2km, mas aceitei a
carona de um funcionário, que me contou que a Cachoeira Poranga estava
com o acesso fechado não por causa das condições da trilha mas sim pelos
assaltos que estavam ocorrendo nela. Em vez de ficar na bifurcação do
Hotel Simon, rodei com ele mais 1,4km e fui conhecer o Centro de
Visitantes, que eles chamam de museu. A exposição Montanhismo em
Itatiaia é extremamente interessante, com muitos textos e fotos que são
um documento raro sobre a história do parque mais antigo do Brasil,
criado em 1937. Além disso, uma grande maquete e outras exposições pelas
quais tive que passar correndo pois estava no horário do ônibus, às
13h. Apesar de ser uma sexta-feira havia bastante gente visitando essa
parte do parque.
Pena que não pude parar para fotos no Mirante do
Último Adeus, a 2,2km do Centro de Visitantes. A portaria do parque
fica a 4,4km do Centro e a cidade de Itatiaia (Via Dutra) a cerca de
9km. O ponto final do ônibus é na praça da matriz, no lado direito da
Dutra para quem vai de SP para o RJ. Desci antes do final para ir à
rodoviária já que o ônibus não passa por ela, que fica no lado esquerdo
da Dutra.
Informações adicionais:
Os horários do ônibus cidade de Itatiaia-sede do PNI (R$2) são:
sentido Itatiaia-PNI: 7h, 12h, 15h e 18h
sentido PNI-Itatiaia: 8h, 13h, 17h, 19h
Os horários do ônibus Resende-Maromba (R$6,10), empresa Resendense, são:
sábados:
sentido Resende-Maromba: 5h30, 14h e 15h
sentido Maromba-Resende: 7h40, 11h, 17h15
domingos e feriados:
sentido Resende-Maromba: 8h, 14h e 16h
sentido Maromba-Resende: 9h, 10h15, 16h45
O telefone da Resendense na rodoviária do Graal de Resende é (24) 3354-1878.
Horários checados com a empresa em julho/2012.
Pousadas mais baratas na Maromba em nov/2011 (todas na Praça da Maromba, preços para casal):
Pousada Águas Claras - R$120 com café, TV e lareira, mas dá para negociar
Pousada do Moisés - R$50 com TV e R$40 sem TV (sem café)
Pousada do Bar-budo - R$35 sem café
Rafael Santiago
setembro/2011