Pedra Aguda
As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaDaSerraDaPedraAgudaItajubaMGFev14.
A travessia da Serra da Pedra Aguda é uma caminhada de largas e belas paisagens e um clássico entre os montanhistas da região de Itajubá. Resolvemos nesse fim de semana explorar essa trilha marcada por fortes subidas e descidas e para nossa surpresa fomos presenteados com a ótima companhia dos mais experientes trekkers locais.
Eu e o Ronald deixamos o Hotel Real logo cedo e rumamos para o bairro Medicina, na região central de Itajubá. Estacionamos o carro na esquina das ruas Orlando Mohalen e Delfim Moreira e às 8h10 demos início à pernada subindo a própria rua Orlando Mohalen na direção do prédio da Panorama FM (nordeste), já visível dali. Em 8 minutos cruzamos um portão elétrico de ferro e continuamos subindo pela rua calçada de blocos sextavados. Ao atingir o prédio da rádio por trás, avistamos a pequena estátua do Cristo e fomos em sua direção, ganhando o largo pátio. Apesar da pouca caminhada, a visão dali já era muito ampla, indo desde a Pedra Chita de Piranguçu a sudoeste até o Morro do Cantagalo a leste, com a cidade toda a nossos pés.
O nosso próximo objetivo também estava visível e bem próximo: o Morro das Antenas, coroado por um conjunto delas de tamanhos e formatos variáveis. Indo em sua direção dávamos início então à famosa travessia da Serra da Pedra Aguda. O começo é um tanto pitoresco, ao passar ao lado de uma casa e por dentro de um curral, com a devida licença do dono (e das vacas), para alcançar uma estradinha à direita toda coberta de capim. Ultrapassadas duas cercas através de quebra-corpo, às 8h52 já estávamos ao lado das antenas contemplando um visual ainda mais impressionante da cidade, das serras e montanhas. Já era possível distinguir melhor o Pedrão de Pedralva/Maria da Fé ao norte, visualizado por sua face recoberta de pasto e mata (suas faces oeste e norte são um alto e longo paredão de granito).
À esquerda das antenas um portão de ferro dá acesso a uma estradinha de terra que as atravessa e proporciona visão de algumas das montanhas que fazem parte dessa serra e estão no caminho da travessia, como o Pico do Galo e a própria Pedra Aguda. Depois de uma porteira e de uma outra antena solitária à esquerda, a estrada faz uma curva para a esquerda. E foi exatamente aí, 200m após a última antena, que deixamos a estradinha em favor do pasto em frente, caminhando por trilha muito bem marcada pela crista da serra. Trilha esta que logo está correndo entre arbustos e penetra enfim no frescor da mata, às 9h19. Seguimos à esquerda nas duas bifurcações seguintes e logo caímos numa outra estradinha de terra que sobe da esquerda. Fomos para a direita e num instante a ladeira se torna bastante íngreme e erodida, embicando na direção de uma torre de alta tensão, onde ela termina, ou melhor, transforma-se numa trilha que passa sob a torre, quebra para a direita e sobe até um paredão de pedra, às 9h44.
Pico do Galo
Pela altura e dificuldade desse paredão, uma corda foi fixada para apoio e segurança, mas nós tivemos a sorte de encontrar, além de uma corda novinha, duas escadas de metal fixadas na rocha, o que facilitou bastante a pequena escalada. Mas depois soubemos que esse privilégio só se deu pelos preparativos que a trilha toda está recebendo para uma competição a se realizar no próximo domingo, dia 16. Além da limpeza com facão, a trilha está recebendo uma nova sinalização com fitas laranja (em quantidade enorme, para ninguém botar defeito) e fitas zebradas para evitar que eventualmente se saia do caminho certo.
Depois da corda, a subida continua por trilha. Esse morro que estamos subindo é o Morro Grande (ou da Canastra) e atingida a altitude de 1252m, às 9h55, começa a descida. Uma passagem inusitada por um "caramanchão" baixo, de cerca de 1m de altura e alguns metros de extensão, deverá servir como obstáculo à pressa dos competidores durante a prova. Entre o arvoredo à frente já se avista um dos próximos picos a subir, o Pico do Galo. Na descida bastante íngreme do Morro Grande, alguns degraus foram escavados na terra e uma sequência de quatro cordas facilita a descida, evitando maltratar demais os joelhos. Ao final da descida, às 10h10, surge uma bifurcação em T onde seguimos à direita, subindo suavemente. Ao alcançar uma cerca, reparamos no enorme jequitibá à direita, talvez a maior árvore que se vê em toda a travessia.
Atravessada a cerca, tomamos a trilha que sobe forte à esquerda, rente a ela, iniciando a subida do pequeno Morro do Garnisé. A inclinação da trilha e a terra solta dificultam um pouco o avanço. Em poucos minutos a trilha cruza a cerca novamente à esquerda e atingida a altitude de 1275m, às 10h31, já estamos descendo o Garnisé. Aos 1247m iniciamos a subida do Pico do Galo, a princípio bem suave mas depois numa sequência de trepa-pedras. Até aqui já havíamos alcançado um casal de Itajubá que começou a travessia um pouco à nossa frente, mas no cume no Galo, às 11h05 e 1395m de altitude, conhecemos todo o pessoal que estava fazendo a travessia e a manutenção da trilha para a competição, num total de 14 pessoas.
Após um breve descanso, seguiu-se a descida do Galo, novamente íngreme e com terra solta, até alcançar uma grande clareira com uma enorme touceira de bambu no meio. O que marca esse local também é a trilha que sai à direita e desemboca na estrada que liga a cidade ao bairro de Anhumas, dando a possibilidade de fazer meia travessia da serra apenas.
No mirante da Pedra Aguda
A subida a seguir se abre para um pequeno pasto à direita e proporciona bela visão dos picos seguintes: a Pirâmide e a Pedra Aguda. Mais à frente cruzamos uma cerca e atravessamos um trecho de mata de uns 300m que nos lançou a outro grande gramado, assim que pulamos outra cerca. Novamente o grupo fez uma pausa para descanso e jogar conversa fora. Partimos às 11h54 e dali em diante começamos a subida do Pico da Pirâmide pela trilha que percorre a parte mais alta do pasto, bem junto à mata à esquerda, até adentrá-la por fim. Às 12h28 passamos rapidamente pelos 1532m do cume da Pirâmide, descemos aos 1483m e iniciamos enfim a subida da Pedra Aguda, o último e mais alto dos picos dessa serra. O avanço foi um pouco lento pois o grupo da frente ia limpando a trilha com facão e amarrando fitas laranja para reforçar a sinalização. Eles disseram que as fitas vermelhas são as mais antigas, da época da abertura da travessia, em 2006. A direção geral da travessia, que era para o sul, passa a ser grosso modo para sudoeste.
E assim às 13h20 atingimos o cume da Pedra Aguda, a 1587m, segunda montanha mais alta do município de Itajubá, perdendo apenas para a Pedra de Santa Rita (ou Pedra do Rio Manso). O mirante natural que se tem está voltado para os quadrantes norte e oeste, em que se avistam a Pedra Vermelha e o observatório de Brasópolis a sudoeste, e Itajubá, o Pedrão de Pedralva/Maria da Fé e a Serra da Pedra Branca de Conceição das Pedras/Cristina ao norte, além é claro de uma infinidade de montanhas e serras a perder de vista.
Após um descanso, um lanche e muitas fotos, às 13h54 demos início à descida final da serra mergulhando na sombra da mata novamente através de uma trilha bastante íngreme e de altos degraus naturais de raízes e pedras. Pela forte inclinação, a descida foi rápida. Aos 1380m, numa grande clareira, a descida suaviza e a trilha quebra para a direita e começa a acompanhar uma cerca. Logo a sombra da mata fica para trás e o sol inclemente passa a ser nosso companheiro enquanto cruzamos o pasto à esquerda na direção de um final de estrada de terra vermelha.
Seguindo pela estrada cruzamos uma porteira de arame e tivemos a última visão da cidade de Itajubá para trás num lugar chamado de Portal. Às 14h45 chegamos à Gruta do Quilombo, à direita da estradinha, cercada por lendas mas que se resume apenas a uma boca com rochas desmoronadas e muitos morcegos lá dentro apesar da luz que entra pela frente e por uma abertura no fundo. A turma toda se reuniu de novo para a descida final da estrada em direção aos carros, estacionados mais abaixo. Apesar do grande número de pessoas, nos ofeceram carona até a cidade, o que aceitamos sem pestanejar já que isso nos pouparia 7,5km de estrada num calor desumano.
Da gruta então bastou continuar descendo e atravessar outra porteira de arame. A visão do paredão rochoso da Pedra Vermelha bem mais perto é sensacional. Já nos carros, às 15h36, foi só cruzar a última porteira de madeira e cair na estrada de terra que vem de Itajubá (direita) e vai aos bairros Berta e Estância (esquerda). Após uma breve parada num sítio do caminho, às 15h57 estávamos de volta ao carro, deixado no bairro Medicina, agradecendo a mais que bem-vinda carona.
Se fosse sábado, teríamos a opção de voltar ao centro pegando o ônibus que sai do bairro Berta às 17h15 e tem ponto inicial no mercado municipal de Itajubá.
Pedra Aguda
Informações adicionais:
Importante: essa travessia não possui nenhuma fonte de água. Deve-se levar toda a água a ser consumida. Felizmente não é uma travessia muito exposta ao sol, há muita sombra da mata, mas se a volta for a pé pela estrada é bom se precaver com chapéu, protetor solar e mais água.
Horários de ônibus Itajubá/Berta:
Expresso Valônia - fone 35-3621-1414
. de Itajubá (mercado) ao bairro Berta:
seg a sáb - 5h45, 12h e 16h30
dom e feriado - não há
. do bairro Berta a Itajubá (mercado):
seg a sáb - 6h30, 12h45 e 17h15
dom e feriado - não há
Carta topográfica de Itajubá: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SF-23-Y-B-III-3.jpg
Rafael Santiago
fevereiro/2014
Travessia na carta topográfica do IBGE (clique na imagem para ampliar) |
Travessia na imagem do Google Earth (clique na imagem para ampliar) |