terça-feira, 10 de novembro de 2015

Travessia Cabeça de Boi-Cardeal Mota (Serra do Cipó-MG) - jul/15


Rio do Peixe pouco antes de despencar no cânion de mesmo nome

Se você, caro leitor, correu os olhos por este relato e viu que eu cumpri o roteiro em quatro dias, deve estar pensando - que exagero! E está certo, foi um pequeno exagero mesmo para um trajeto que pode ser feito tranquilamente em três dias, ou até em dois para os mais apressados. Mas houve vários motivos para esta esticada e os colocarei ao longo do texto. O que eu não poderia deixar de fazer é relatar mais essa caminhada para sugerir (e detalhar) mais um roteiro pela Serra do Cipó. O tempo de caminhada vai depender da disponibilidade e da disposição de cada aventureiro que o quiser seguir.

1º DIA: DE CABEÇA DE BOI AO LIMITE DO PARNA SERRA DO CIPÓ (OU QUASE)

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaCabecaDeBoiCardealMotaSerraDoCipoMGJul151Dia.

Na rodoviária de Belo Horizonte tomei o primeiro ônibus da Saritur para Itambé do Mato Dentro, às 8h30, um tanto tarde para quem vai começar uma travessia. Dormi boa parte da viagem e ao desembarcar em Itambé por volta de meio-dia procurei saber de algum táxi que me levasse a Santana do Rio Preto, povoado mais conhecido como Cabeça de Boi (não há ônibus para lá, nem que vá naquela direção). Tive a ajuda do rapaz de um bar que chamou o Adair, que logo apareceu com seu Uno todo empoeirado. Em poucos minutos de prosa vencemos a estrada de terra de 9,6km até o povoado. A corrida custou-me 30 reais.

Em frente à pequena igreja, às 12h52, iniciei a caminhada continuando em frente (oeste) pela rua principal. Altitude de 646m. Passado o mata-burro acaba o calçamento da rua (e também o vilarejo) e volta a ser estrada de terra, que desce até o Córrego Cabeça de Boi. O rio é largo mas a travessia é feita por uma ponte pênsil cujo acesso se dá por uma trilha à direita da estrada uns 60m antes do rio. Ao retomar a estradinha cruzo uma porteira junto a uma casa com curral e sigo à direita na bifurcação (em frente há uma porteira). Volto a subir, caminho pela sombra de uma mata e continuo à direita na bifurcação (a esquerda é apenas o acesso a uma casa de fazenda). Sempre que olho para trás confiro a presença constante da bela Serra do Lobo, com seus diversos cumes, sendo o mais conhecido deles o Pico do Itacolomi (não confundir com aquele mais famoso de Ouro Preto). Dez minutos após uma casa antiga azul e branca, às 13h42, cruzo um riacho pelas pedras (Córrego Mandioca, segundo a carta do IBGE), uma porteira e volto a subir. Do alto tenho visão panorâmica do fundo vale do Rio Preto do Itambé. Cruzo mais uma porteira, outro riacho (de água melhor) e um conjunto de casas após uma porteira aberta.

Às 14h36, após descer, alcanço uma bifurcação com três porteiras de ferro, uma ao lado da outra. A porteira da direita leva ao Poço do Lajeado, a da esquerda é só um acesso ao pasto e a da frente, por onde irei, vai ao Complexo do Entancado, conjunto de cachoeiras e corredeiras que costuma lotar nos finais de semana, segundo disseram. Por ser área particular, pode haver cobrança de ingresso (nunca estive ali em final de semana para confirmar isso). Por já ter visitado todos os atrativos do complexo muito recentemente passarei direto por todos. Dessa forma, na bifurcação cruzei a porteira em frente e desci ao largo e escuro Rio Preto do Itambé (junção do Córrego do Riacho com o Córrego Entancado), o qual cruzei num ponto mais raso e estreito tirando as botas. Esse local é chamado de Prainha e a junção dos rios se dá 270m acima. Aproveitei para um lanche naquele local tão aprazível (e deserto) e retomei a caminhada às 15h20.


Serra do Lobo e vila de Cabeça de Boi 

Caminhei apenas 60m pela margem esquerda do rio e já localizei a tronqueira que deveria cruzar. Logo após, atravesso um gramado e sob algumas árvores pego as trilhas que sobem para a direita. Na bifurcação uns 100m acima a trilha da esquerda me leva a um curral, onde ela parece morrer. Para reencontrá-la basta dar uma guinada de oeste para norte, ou seja, quebrar 90º para a direita bem na entrada do curral. Com isso, subo mais e começo a contornar o morro com topo rochoso logo acima. Após contornar toda sua extremidade leste, ainda subindo adentro um pequeno vale entre ele e o morro vizinho do lado norte.

Ao sair desse vale estreito às 16h09 me deparo com uma nova e empolgante visão: um vasto campo com serras ao fundo, cenário das próximas horas dessa travessia. A trilha por esse campo está bem marcada e apresenta pequenas variantes, mas me mantenho sempre na principal, na mais larga e pisada. O sentido é oeste, grosso modo.

Às 16h57 encontro uma bifurcação que poderia gerar alguma dúvida, porém a continuação da trilha na encosta seguinte é visível dali, confirmando que devo seguir à esquerda. E isso me leva em 140m a um riacho (afluente do Córrego do Riacho) que abastece meus cantis já que será a última água boa e fácil do dia. Várias trilhas de gado saem desse riacho, mas mantendo-me ligeiramente à direita alcanço a trilha mais acima avistada antes de descer ao riacho.

A subida agora se acentua um pouco e se dá à esquerda de um leito rochoso sem água. No alto novamente a paisagem à frente se renova, abrindo-se para um grande vale e altas encostas a seguir. Mas a proximidade do pôr-do-sol me obriga a deixar tudo isso para o dia seguinte e procurar logo um local de acampamento. Por sorte, ali mesmo encontro um espaço plano e forrado de capim para o pernoite, com visão de serras e vales como pano de fundo para a minha tranquila noite de sono. Altitude de 1072m.

Nesse dia caminhei 11,4km.


Caminho percorrido desde o Entancado 

2º DIA: DO LIMITE DO PARNA SERRA DO CIPÓ A CRISTA LESTE DO PARQUE

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaCabecaDeBoiCardealMotaSerraDoCipoMGJul152Dia.

De todos os cantos da Serra do Cipó, essa região parece ser a que tem o tempo mais instável. Já observei isso por diversas vezes. Quando faz sol nas outras áreas da serra, aqui sempre há nuvens pesadas, neblina e até garoa. E foi o que aconteceu, de novo. Amanheceu chovendo e com muita neblina no topo das encostas à minha frente, o que dificultaria muito a orientação. Por isso, só levantei acampamento bem tarde, às 11h38 (mais um motivo para essa pernada ter totalizado quatro dias... hehe)

Saindo do morrote onde acampei, a trilha desce suavemente a encosta até entrar na mata (as variantes aqui podem confundir um pouco). Ao sair, após 80m, surpreende a presença de um cânion à direita que abre visão para os paredões do Cânion do Rio do Peixe ao fundo. Às 12h atinjo um ponto de referência, uma tronqueira que marca o limite do parque nacional, embora não haja nenhuma placa ou aviso sobre isso. Aliás o próprio cânion avistado é o limite do parque. Cruzando a tronqueira adentro a área do ParNa Serra do Cipó. Ao final da matinha de árvores baixas, atravesso um campo e logo inicio a longa subida para as cristas mais orientais do parque nacional. A trilha continua bem marcada e cruza um riacho no começo da subida, primeira água desse dia, as quais correrão para o Cânion do Rio do Peixe. Às 13h o céu abriu e o sol finalmente iluminou os campos e morros. Mais acima a trilha desaparece por alguns metros mas deve-se manter o sentido oeste ainda. Num momento de distração cheguei a tomar uma trilha bem batida que me levou na direção norte, mas voltei e retomei o rumo oeste, mesmo com a trilha quase apagada. Mais acima aproveitei um ponto com uma bonita vista para um lanche de dez minutos. Podia avistar todo o caminho percorrido, o Cânion do Rio do Peixe ao norte e a Serra do Lobo a sudeste.

Chegando ao alto, a trilha novamente sumiu por vários metros. Já estou caminhando pelas cristas mais altas dessa porção do parque nacional e registro a maior altitude da travessia: 1493m. Encontrei às 15h15 uma trilha perpendicular bastante pisada pelo gado e tomei-a para a direita. Mas 100m depois, quando ela quase se perde no capim, saio para uma trilha discreta à direita para me manter no rumo noroeste. Assim, desço suavemente para dentro de um largo vale cujo córrego vai se formando à minha direita (um dos muitos afluentes do Rio do Peixe). Porém esse córrego despencará numa encosta íngreme mais à frente (uma cachoeira não visível daqui) e a trilha, por sua vez, fará um desvio para o sul (esquerda) para descer essa encosta de forma mais branda. Saio portanto desse vale para a esquerda, subo gradativamente uma encosta até a crista e tomo as trilhas que surgem mais à direita para descer para o largo vale que já avisto abaixo a oeste. Finalmente às 16h44 alcanço esse vale e encontro a trilha que me levou do Travessão ao Pico do Curral, roteiro descrito no relato travessia-alto-do-palacio-serra-dos-alves-serra-do-cipo-mg-mar-15-t111785.html. Porém desta vez meu sentido é o oposto, ou seja, vou descer para a direita (norte), no sentido do Travessão.

Desço suavemente por cerca de 1km e um local de capim plano e abrigado do vento me convida para um confortável acampamento, exatamente quando a luz natural começa a se esvair, às 17h30. Altitude de 1392m.

Nesse dia caminhei 6,7km (descontados os erros e explorações).


Um morador do parque 

3º DIA: DA CRISTA LESTE DO PARNA SERRA DO CIPÓ AO VALE DO RIO CONGONHAS

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaCabecaDeBoiCardealMotaSerraDoCipoMGJul153Dia.

Esse dia amanheceu bem melhor, sol forte logo cedo prometendo um dia bem quente. Comecei a caminhar às 8h50. Continuei descendo suavemente o vale no sentido norte e à medida que a trilha tendia para a esquerda (noroeste) foi-se formando à minha direita um profundo vale do riacho que eu vinha acompanhando. Esse despencará vertiginosamente no Cânion do Rio do Peixe, cujos paredões avisto dali. Quando a paisagem se abriu à minha esquerda (oeste) e a crista em que eu passei a caminhar se dirigiu a uma elevação, era hora de retomar o meu rumo oeste, ou seja, descer dessa crista pela encosta da esquerda (mesmo sem trilha) e alcançar abaixo o largo vale das nascentes do Rio do Peixe.

E assim o fiz às 9h48. Encontrei os dois primeiros córregos formadores do Rio do Peixe com água parada, mas o seguinte já tinha água corrente e abundante. Uns 115m depois dele a trilha afunila para uma passagem entre morrotes de pedras até ganhar o campo abaixo, onde mantenho o rumo oeste mesmo sem trilha. Cruzo ainda dois riachos e uma vala com água.

Às 11h mudo minha direção de oeste para norte e cruzo pelas lajes o Rio do Peixe já um pouquinho maior, reunindo as águas de todos aqueles córregos lá atrás. Caminho 220m pelo campo na direção noroeste até encontrar a trilha batida que me levará ao Travessão. Na primeira descida é preciso atentar para uma trilha que sai à esquerda e tomá-la descendo ao riacho (Rio do Peixe de novo) já que em frente a trilha aparentemente não leva a lugar nenhum. Após cruzá-lo pelas lajes a trilha continua bem marcada para o norte até o Travessão, aonde cheguei às 12h19 (no caminho há uma variante à direita que leva a um ótimo mirante do enorme Cânion do Rio do Peixe).

A passagem pelo Travessão como de costume foi um pouco demorada pois não me canso de admirar e fotografar aqueles paredões monumentais e vales profundos. Para quem não leu meus outros relatos e não sabe, o Travessão funciona como uma ponte ou selado ligando os dois lados de uma imensa fenda, e ostenta por isso a função de divisor de águas entre duas grandes bacias: a leste corre o Rio do Peixe, que deságua no Rio Santo Antônio e depois no Rio Doce, encontrando o mar no Espírito Santo, enquanto que para oeste segue o Córrego Capão da Mata, que se junta ao Rio Bocaina e depois ao Mascate para formar o Rio Cipó, desaguando no Rio das Velhas e depois no Rio São Francisco.


Pepalantus 

Depois do Travessão a longa subida sob o sol por trilha e trechos de lajes até a Lapa dos Veados, cruzando um afluente do Córrego Capão da Mata no meio do caminho. Passei pela lapa às 13h23, depois o acesso à direita à Cachoeira dos Espelhos (não desci) e mais à frente o trecho entre samambaias até parar para um lanche às 13h56 junto ao Córrego Capão da Mata. A vegetação ao redor ainda se recupera de um incêndio, o próprio córrego não tem mais a generosa sombra que possuía. Até aqui encontrei três pessoas no Travessão e um grupo na cachoeira, apesar de ser uma sexta-feira comum.

Retomei às 14h37 enfrentando nova subida com o sol ainda bem quente. Essa trilha larga e batida me levaria a Duas Pontes, porém o meu objetivo era Cardeal Mota, onde teria mais opções de ônibus para BH. Assim, cerca de 980m após o riacho onde lanchei, ainda na subida para noroeste, procurei uma trilha saindo à esquerda (oeste) e encontrei uma bem pouco usada. Tomando-a me afastei da rota tradicional Duas Pontes-Cabeça de Boi para sugerir uma travessia um pouco diferente.

A trilhazinha cruzou um leito seco e praticamente desapareceu. Atravessei o campo de capim baixo sem trilha na direção oeste ainda, subindo suavemente até o alto, onde visualizei novos (e belos) horizontes à frente. No meu caminho o grande vale de um afluente do Córrego Congonhas. À esquerda, distante, o profundo vale do Rio Bocaina com as serras da Farofa, da Bandeirinha e da Lagoa Dourada ao fundo.

Iniciando a descida, sempre na direção oeste, procuro um local propício para cruzar um córrego (também afluente do Córrego Congonhas) e ao encontrar surge uma trilha do outro lado. Dali foi só seguir essa trilha, atravessando um largo campo em linha reta descendo até a mata ciliar de um córrego de água incrivelmente transparente (outro afluente do Córrego Congonhas). Ao cruzá-lo, às 15h51, a trilha me leva 130m para a esquerda (sul) até as ruínas de uma casa de pedra cuja parede ainda em pé possui quatro janelas. Ali não encontrei trilha, mas foi só subir a encosta para oeste por 280m que tropeço numa trilha bem larga correndo de norte a sul. É a trilha que vai de Duas Pontes (norte) para o Córrego Congonhas (sul).

Eram 16h15. Faltava pouco mais de uma hora para o pôr-do-sol e não seria tempo suficiente para alcançar Cardeal Mota ainda nesse dia. Como o caminho à frente era em parte desconhecido, resolvi procurar um local para acampar por ali mesmo. Desci então para a esquerda (sul) e gostei do abrigo de uma mata com palmeiras à esquerda da trilha, já com sinais de acampamento. Montei minha casa na entrada da mata. Porém alguns minutos depois, já com as coisas arrumadas dentro da barraca, percebi duas ou três saúvas do lado de fora da tela já tentando cortá-la para iniciar a destruição da minha barraca, novinha em folha!!! Enfiei tudo rapidamente na mochila de novo, calcei as botas e retirei a barraca do local o mais rápido que pude. Revistei com a lanterna cada canto da barraca para ver se não estava carregando alguma saúva mais insistente e me mudei para uns 50m fora da mata. Ainda me mantive atento por mais de uma hora à procura dos raivosos insetos, mas felizmente consegui me livrar deles. Altitude de 1159m.

Nesse dia caminhei 10,4km.


Rochas apontando para o oeste, típicas da Serra do Espinhaço 

4º DIA: DO VALE DO RIO CONGONHAS AO CAMPING VÉU DA NOIVA

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaCabecaDeBoiCardealMotaSerraDoCipoMGJul154Dia.

Sem nenhuma pressa nesse último dia de travessia, comecei a caminhar às 10h09 retornando um pouco pelo mesmo caminho, ou seja, subindo para o norte, como se fosse para Duas Pontes. Mas em determinado ponto abandonei a trilha batida para uma guinada para a esquerda (oeste). Aqui contudo não há sinal de trilha saindo da principal e a única referência que posso dar para encontrá-la é a proximidade com as ruínas da casa de pedra (bem abaixo, à direita). Por cerca de 80m caminhei pelo capim ralo para oeste até encontrar um sinal de trilha quase sem uso, mas que ia na direção desejada, descendo ao vale do Córrego Congonhas. E já era visível na encosta do outro lado do vale uma trilha subindo. Desci e me surpreendi ao encontrar sinais de civilização: um telhadinho sobre um banco de madeira e os restos de um curral 40m antes do rio. Ali a trilha quebra para a esquerda exatamente na direção da encosta a ser vencida, aquela em que avistei a trilha de subida. A partir do telhadinho a direção geral muda para sudoeste, e permanecerá assim por mais de uma hora.

Depois de cerca de 170m acompanhando o rio (afluente do Córrego Congonhas) após o telhadinho, atravesso-o facilmente num pulo às 11h09 e percebo que ali ele se junta ao próprio Córrego Congonhas, que vem do lado oeste. Subo o Congonhas por 120m, primeiramente pelas lajes, depois por uma trilha, até me afastar dele por uma trilha que sai para a esquerda (sul) e sobe a encosta pelo caminho avistado durante a descida.

No alto atravesso campos com ampla visão das serras do parque nacional, cruzo um riacho de água parada, sigo à esquerda numa bifurcação e às 11h59 entronca uma trilha vindo da esquerda (também do Córrego Congonhas, porém de um ponto bem mais abaixo dele). Começa a descida da serra gradativamente. Às 12h16 cruzo um riacho cujas límpidas águas despencarão no Rio Bocaina, muito abaixo à esquerda. Mais 7 minutos de caminhada e encontro uma grande placa do parque anunciando "acesso somente com autorização", logo a seguir a cerca que o delimita. A tronqueira estava difícil de abrir então passei pela cerca mesmo. Nesse momento saio da área do ParNa Serra do Cipó.

Diversas trilhas se cruzam ali mas me mantive na mais pisada, no sentido noroeste, descendo suavemente pelo campo com cavalos e algumas vacas. Às 12h43 começo a descer um degrau da serra já visualizando as esparsas casas do bairro Mãe-d'água e a continuação do caminho depois dele. A trilha de descida é bem marcada e com muitas pedras. Às 13h14 tem fim a descida e logo passo pela primeira casa do local, com aparência de abandonada. O caminho ainda é uma trilha. Uns 75m depois de um riacho (onde já há calçamento de pedras) alcanço o final de uma estrada de terra, junto ao portão de uma casa cor-de-abóbora (onde havia gente e um carro estacionado). Em frente ao portão, do meu lado esquerdo, tomo uma discreta trilha. Em 60m alcanço outra estrada, vou à esquerda por mais 30m até seu final e prossigo pela trilha à direita. Quebro para a esquerda e passo por uma placa verde de "proibido acampar", entrando logo na mata ciliar. Se continuar em frente vou me deparar com um rio difícil de atravessar, então caio para a direita dentro da mata e caminho sem trilha no sentido oeste e depois sudoeste até reencontrar a trilha. Quando a reencontro, ela cruza outra e ainda por cima bifurca para a frente, me dando quatro opções de caminho. Sigo para a frente tendendo para a direita (oeste) e observo abaixo à esquerda o rio que não precisei atravessar. Já é o rio da Cachoeira Véu da Noiva, do camping da ACM. Logo alcanço uma trilha mais larga e prossigo à direita. Às 13h51 chego ao bem conservado calçamento da Trilha dos Escravos, iniciando a última descida dessa travessia. Depois de muitas fotos da vila de Cardeal Mota (atualmente denominada Serra do Cipó) e do Morro da Pedreira, point de escalada, atinjo o asfalto da MG-010 às 14h20. Mais 5 minutos à esquerda e estou em frente ao Camping Véu da Noiva da ACM esperando o ônibus das 15h para Belzonte. Altitude de 837m.

Nesse dia caminhei 7,4km.
Total da travessia: 35,9km.


Início do calçamento da Trilha dos Escravos 

Informações adicionais:

Horários do ônibus BH-Itambé do Mato Dentro (www.saritur.com.br):
seg a sáb - 8h30, 15h45
dom - 8h30, 17h45

De Itambé do Mato Dentro a Cabeça de Boi não há ônibus. A distância é de 9,6km em estrada de terra em boas condições. O táxi custa R$30 ou R$35. Um dos taxistas é o Adair, fone 31-99858-6938.

Horários dos ônibus que passam no Camping Véu da Noiva em direção a BH:
. viação Saritur (www.saritur.com.br)
seg a sex - 6h55, 9h45, 15h25
dom - 8h55, 9h45, 17h55

. viação Serro (www.serro.com.br)
seg e qua - 8h30, 10h, 11h30, 12h, 15h30, 17h, 19h30
ter, qui e sáb - 8h30, 10h, 11h30, 12h, 15h30, 19h30
sex - 8h30, 10h, 11h30, 12h, 15h30, 17h, 19h30, 21h
dom - 8h30, 10h, 12h, 15h30, 17h, 18h, 19h30

Cartas topográficas de:
. Conceição do Mato Dentro - http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SF-23-Z-D-I.jpg
. Baldim - http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-23-Z-C-III.jpg

As denominações de rios e serras usadas aqui foram extraídas das cartas topográficas do IBGE e podem não coincidir com as denominações dadas pelos moradores da região, ou podem mesmo estar erradas.

Rafael Santiago
julho/2015


Percurso na imagem do Google Earth - parte 1 (a linha vermelha marca os limites do ParNa Serra do Cipó)


Percurso na carta topográfica - parte 1 (a linha magenta marca os limites do ParNa Serra do Cipó)


Percurso na imagem do Google Earth - parte 2 (a linha vermelha marca os limites do ParNa Serra do Cipó)


Percurso na carta topográfica - parte 2 (a linha magenta marca os limites do ParNa Serra do Cipó)

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Travessia Capivari-Milho Verde com subida do Pico do Raio (Serra do Espinhaço-MG) - mai/15

ImagePico do Raio

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaCapivariMilhoVerdeComSubidaDoPicoDoRaioSerraDoEspinhacoMGMai15.

A subida do Pico do Raio é um belo e interessante complemento para uma travessia entre São Gonçalo do Rio das Pedras e Capivari já que se situa exatamente entre essas duas localidades pertencentes ao município do Serro-MG. Porém essa travessia já não era novidade para mim, e na época que a fiz nem sonhava com a existência do tal Pico do Raio, muito menos com uma trilha de acesso ao seu topo. Para não repetir a caminhada já feita, encaixei a subida do pico numa outra travessia, de Capivari a Milho Verde, esta ainda inédita para mim, e de uma forma bem interessante, subindo pela face norte e descendo pela sul, ou seja, o pico como parte do percurso da travessia e não como apenas um complemento.

Saí de Capivari às 8h37 pela estrada que leva ao Serro (sentido oeste). Cruzei as duas pontes (córregos Rico e Condadinho) e subi até a igreja na saída do povoado (Capela de São Geraldo), onde deixei a estrada e entrei na trilha à direita, junto à cerca. Altitude de 1185. A trilha cruzou uma estrada abandonada, fez uma curva suave para a esquerda e chegou a uma porteira junto a um riacho (Córrego Cruz do Coelho). A esta altura já tinha o Pico do Raio ao alcance do olhar.

Cruzei o riacho pelas lajes às 9h21 e tomei a trilha imediatamente à direita, mais estreita, abandonando a principal, que sobe. Caminhei tendo o Ribeirão Capivari à minha direita (a menos de 100m) até uma porteira (aberta) e uma estradinha, onde fui para a direita. Ignorei as saídas para a esquerda e desci até o córrego, que cruzei pelas pedras. Às 9h57 cheguei à porteira de uma propriedade e entrei. Ali é (ou era) a casa do seu Zé e da Dona Maria, mas não havia ninguém (só os cachorros) e a casa está totalmente diferente do que há três anos, com varanda e gramado na frente. Fiquei sem saber se eles ainda moram lá. Do quintal a vista do Pico do Raio é privilegiada. Continuei a caminhada descendo até o riacho (Córrego Ponte Queimada) que agora tem uma pinguela, em seguida uma subida de 1,2km e do alto inicia imediatamente a descida. Aí me distancio do vale do Ribeirão Capivari, que vinha acompanhando desde o povoado. Cruzei uma porteira, um riacho e no córrego seguinte deveria abandonar essa trilha antes que começasse a descer para São Gonçalo do Rio das Pedras.

ImageMilho Verde vista do Pico do Raio

Porém não encontrei trilha à esquerda (perto do córrego) que levasse para o alto na direção do pico. O que eu tinha uns 100m à esquerda era uma encosta por onde escorria o minguado córrego que passava ali aos meus pés. Sem encontrar uma trilha, resolvi caminhar pelas pedras da margem para tentar subir a encosta por onde ele despencava em patamares sucessivos. Confesso que não levava muita fé nessa subida (não encontrei nenhum relato na internet sobre a subida desse pico), mas fui em frente. Às 10h47 abandonei a trilha e caminhei para a esquerda pelas margens do córrego até a encosta, a qual escalaminhei pela direita da queda-d'água sem dificuldade. Ao atingir o topo da encosta encontrei uma trilha do lado esquerdo do riacho. Mas antes uma pausa para tomar uma água e admirar a paisagem que se ampliava. Essa trilha me orientou por uns 100m apenas e desapareceu. Teimei em encontrar uma continuação no meio das rochas acima mas o certo mesmo era voltar ao leito do riacho e caminhar por ele. Subi até uma quedinha, onde abandonei o riacho e encontrei uma trilha no campo acima às 11h47. Só aí acreditei que minha aventura teria sucesso pois o cume já estava visível e bem próximo.

Subi até um platô com grandes blocos rochosos, mas ainda demorei um pouco para encontrar a trilha que me levaria ao cume. Após algumas tentativas sem sucesso de escalaminhada encontrei uma trilha bem fácil e alcancei o cume às 12h48. Altitude de 1416m apenas mas um visual belíssimo: Capivari e Serra do Arrependido a leste, Pico do Itambé e Serra da Bicha a nordeste, São Gonçalo do Rio das Pedras a noroeste, Milho Verde a sudoeste e bem distante ao norte a inconfundível Serra dos Poções. Além disso, visualizei uma trilha no campo ao sul e uma provável descida do pico até ela. Resolvi arriscar de novo pois seria um caminho bem mais curto do que o que eu havia planejado.

Desci do cume até o platô logo abaixo, comi um lanche rápido e iniciei a descida pela encosta sul às 14h35. Demorei um pouco para encontrar a trilha, desci por ela até o campo e ela logo sumiu. Continuei na direção sul sem trilha, cruzei uma valeta com água corrente, até que encontrei uma trilha bem marcada perpendicular às 15h20. Não arrisquei ir para a direita pois seria uma exploração para a qual não havia tempo nesse dia. Fui para a esquerda pois tinha a chance de alcançar uma trilha de descida dessa serra para Milho Verde. Minha direção mudou de sul para sudeste pelo campo. Tomei a direita na bifurcação junto a vários montes de terra, resultado de escavação provavelmente de garimpo. Na bifurcação seguinte, ao lado de grandes formações rochosas, fui à direita novamente. E aqui precisei ficar atento pois a trilha mais batida continuava para sudeste e deveria desembocar nalguma estrada, mas esse não era o meu objetivo, e sim descer a serra por trilha. Cerca de 330m depois da última bifurcação e 100m antes de uma porteira, procurei com atenção e encontrei uma trilha estreita que cruzou meu caminho sem que eu percebesse, ao lado de uma valeta seca. Era nessa trilha que eu tinha que confiar para descer a serra... Peguei-a para a direita, mudando meu rumo de sudeste para sudoeste, e logo cheguei à borda, começando a descida às 16h.

ImageSão Gonçalo do Rio das Pedras vista do Pico do Raio

O visual dessa descida é muito bonito, com grandes morros rochosos e vista bem larga para o sul e sudoeste, inclusive de Milho Verde. Atravessei uma faixa de mata de 80m com um fio d'água no final que em breve deve secar. Um cano branco atravessado na trilha indica que há captação de água por ali. Uns 70m após a mata desço um degrau alto e entro numa outra matinha onde fui para a direita, cruzando outro fio d'água. Essas águas são as nascentes do Córrego Lajeado, em cujo vale caminharei para chegar a Milho Verde. Ao sair da matinha caminho por uma encosta rochosa e desço mais degraus. Observo uma casa bem abaixo à esquerda, mas não passarei por ela pois meu caminho será para a direita ao final da descida. Quase ao final, paro um pouco para admirar os paredões de pedra e uma interessante "pedra do equilíbrio", um enorme bloco rochoso que se apóia numa pequena base, lembrando a Pedra da Tartaruga do ParNa Itatiaia.

Às 16h36 termino de descer a serra e continuo na direção sudoeste por trilha bem marcada. Atravesso 40m de mata e encontro um alagado que me obriga a desviar para a esquerda até uma casa vazia no meio de eucaliptos. Pego a trilha da direita na frente dela, cruzando uma tronqueira e mudando minha direção para oeste pelo campo forrado de capim baixo, dourado naquele momento pelo sol baixo. Até Milho Verde caminharei pelo vale do Córrego Lajeado acompanhando a serra (onde estava hora antes) à minha direita. Ao alcançar o leito largo e erodido de um afluente do Córrego Lajeado, o qual cruzei num salto às 17h09, a trilha some na areia branca. O melhor aqui é continuar pela areia acompanhando o rio até encontrar uma placa de "recuperação ambiental - não entre", uma boa referência para retomar a trilha correta de forma confiável (há diversas outras trilhas). Passei por mais um alagado e tomei a esquerda nas duas bifurcações pois eram o lado mais marcado. Às 17h39 a trilha terminou numa rua de Milho Verde, com uma tronqueira e uma placa dizendo "proibido a entrada de motos - mantenha fechado". Altitude de 1100m. Das ruas do vilarejo ainda pude ver o cume do Pico do Raio a nordeste.

Para chegar ao camping do Nozinho, o único do povoado, segui em frente uma quadra e tomei a esquerda e depois direita para alcançar a rua principal, que é a estrada de terra que atravessa a vila, onde fui para a esquerda de novo. Esquerda na bifurcação, mais 320m e o camping fica ao lado de uma quadra de esporte cercada. Pela diferença pequena de preço acabei ficando no quarto, assim não teria que desmontar a barraca cedinho para pegar o ônibus das 6h30 para o Serro no dia seguinte. Por sorte eles tinham janta ali também pois não havia mais nenhum lugar aberto que servisse comida.

Essa travessia totalizou 14,4km.

ImageSerra da Bicha e Pico do Itambé vistos do Pico do Raio

Informações adicionais:

Horário do ônibus de Capivari (Transfácil - 38-3541-4091):
. Serro-Capivari: seg a sex - 12h30
. Capivari-Serro: seg a sex - 5h45
sáb, dom e feriado não há

Horários do ônibus de Milho Verde (Transfácil - 38-3541-4091):
. Serro-Milho Verde:
seg a sex - 11h45, 16h30
sáb - 13h
dom e feriado - não há
. Milho Verde-Serro:
seg a sex - 6h30, 13h30
sáb - 6h30
dom e feriado - não há
(tempo de viagem: 45min)

Na vila de Capivari há o programa de receptivo familiar.
Mais informações no site www.turismosolidario.com.br. Em Capivari o valor da diária é R$45 para hospedagem com café da manhã.

O Pico do Raio, embora eu não tenha visto placa nenhuma, fica dentro da UC Monumento Natural Estadual Várzea do Lajeado e Serra do Raio (www.ief.mg.gov.br/noticias/3306-nova-categoria/1760-monumento-natural-estadual-varzea-do-lajeado-e-serra-do-raio).

Carta topográfica de Rio Vermelho: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-23-Z-B-I.jpg

As denominações de rios e serras usadas aqui foram extraídas das cartas topográficas do IBGE e podem não coincidir com as denominações dadas pelos moradores da região, ou podem mesmo estar erradas.

Rafael Santiago
maio/2015

Percurso na carta topográfica




Percurso na imagem do Google Earth

domingo, 4 de outubro de 2015

Travessia Pq Est do Rio Preto-Pq Est do Pico do Itambé (Serra do Espinhaço-MG) - mai/15

ImagemCachoeira do Crioulo

Quando subi o Pico do Itambé pela primeira vez em 2012 (http://trekkingnamontanha.blogspot.com.br/2012/08/relato-circuito-pelo-pico-do-itambe_3694.html) a intenção era continuar a caminhada até o Rio Preto, realizando assim a travessia dos dois parques vizinhos. Mas o Parque Estadual do Rio Preto estava fechado para reformas e não me foi dada a autorização. O projeto ficou na gaveta por três anos e este foi o momento oportuno de realizá-lo.

A travessia entre os dois parques rasga todo o PE do Rio Preto no sentido norte-sul acompanhando o curso do Rio Preto até suas nascentes, que são protegidas por essa unidade de conservação. No meu roteiro, ao deixar a bacia do Rio Preto (e consequentemente o PE do Rio Preto) na direção sul, cruzei o pequeno bairro da Bica d'Água. Em seguida entrei na área do PE do Pico do Itambé, onde subi o pico pela face oeste e desci pela leste, visitando as cachoeiras a caminho de Santo Antônio do Itambé. A caminhada terminou no povoado de Capivari, após percorrer a Trilha dos Tropeiros.

ANTES DA TRAVESSIA: CONHECENDO O LINDO PARQUE ESTADUAL DO RIO PRETO

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/ParqueEstadualDoRioPretoSerraDoEspinhacoMGMai15.

Deixei São Gonçalo do Rio Preto às 7h50 no táxi do Edmundo e, após 13km de estrada de terra em condições razoáveis, estávamos na portaria do Parque Estadual do Rio Preto às 8h19. Identifiquei-me para o funcionário e confirmei que iria acampar e fazer a travessia para o Parque Estadual do Pico do Itambé, tudo devidamente agendado por e-mail e confirmado pelo Tonhão, chefe do parque. Continuei no táxi mais 4,6km até o centro de visitantes, onde o Edmundo me deixou às 8h39. Assisti à palestra sobre o parque e resolvi pegar a saída das 10h para as cachoeiras para ver se aparecia mais alguém. Enquanto isso fui montar minha barraca na área de camping, a 350m dali. Havia cerca de dez outras barracas, mas todos estavam arrumando as coisas para ir embora pois era domingo, final de feriado prolongado. Ali comecei a me surpreender com a ótima estrutura do parque, por exemplo os banheiros adaptados para deficientes físicos, inclusive o chuveiro, algo que eu nunca tinha visto nem em camping particular. Além disso, são limpíssimos, têm sabonete líquido e papel higiênico. O caminho para a Prainha, a 150m do camping, também é acessível a deficientes. Aliás, foi o meu primeiro passeio, aproveitando os minutos que faltavam para a saída das cachoeiras. Um lugar encantador, a primeira das muitas praias de areia branquíssima que eu conheceria nas caminhadas ao longo do Rio Preto.

Da Prainha voltei ao camping e peguei um atalho de 450m para o restaurante, de onde saem os passeios monitorados. Lá chegando, conheci pessoalmente o Tonhão, que me disse que destacaria um funcionário para me acompanhar no dia seguinte até a casa da Chapada. Apesar de eu ter o caminho marcado no gps, ele não quis que eu fosse sozinho. Agradeci e lhe dei os parabéns pelo belo parque que gerencia. 

Não apareceu mais ninguém para a caminhada das cachoeiras e saí sozinho com o monitor Valdir. A caminhada até a Cachoeira do Crioulo, a mais distante, é espetacular, pois caminha-se pela encosta da margem esquerda do Córrego das Éguas, bem acima dele, com linda vista do vale e das serras ao redor, inclusive com três mirantes de madeira onde se pode sentar e admirar a paisagem. O Morro Dois Irmãos, o Morro do Alecrim e o Morro da Serraria se destacam. Às 11h38 cruzamos o Córrego das Éguas e descemos em 10 minutos à Cachoeira do Crioulo, belíssima, com um grande poço de águas negras contrastando com a areia branca que o rodeia e acompanha o rio. Pausa para o lanche e às 12h25 retomamos a caminhada, agora mais difícil, sempre pela margem do rio. Apesar de um pouco mais difícil e demorada, a volta pelo rio reserva alguns recantos incrivelmente bonitos. 

ImagemPoço do Veado

Cruzamos o rio por um tronco e continuamos pelas lajes inclinadas, com alguns pontos mais delicados, possíveis de se escorregar. Pegamos um trecho de trilha e descemos de volta às lajes do rio por uma escada rústica. Cruzamo-lo de novo num salto e chegamos ao alto da Cachoeira Deitada às 13h. Mais 20 minutos caminhando pelas lajes e descemos à Cachoeira Sempre-Viva, na minha opinião não tão impactante e encantadora quanto a do Crioulo mas muito bonita também, despencando diretamente nas grandes lajes abaixo, sem poço. Permanecemos apenas 7 minutos e às 13h27 deixamos o local descendo por outra escada de madeira e continuando pela margem direita. Atravessamos o rio algumas vezes de maneira fácil mas às 14h07, na Forquilha, precisamos tirar as botas para cruzar o Córrego das Éguas, que encontra o Rio Preto 50m abaixo, por isso o nome do local. Aliás outro lugar paradisíaco que merecia mais tempo para ser curtido. A trilha entrou na mata e 420m depois pegamos uma saída à direita para visitar o Poço de Areia. Reencontramos a trilha da ida numa bifurcação pouco antes de um riacho e chegamos ao restaurante às 15h05.

Como iria sair no dia seguinte cedo para a Chapada, corri para conhecer um outro grande atrativo próximo, o Poço do Veado. Fui sem o monitor. Do restaurante peguei a estradinha principal, passei pelo centro de visitantes (a 300m) e fui para a direita na bifurcação, como se fosse voltar à portaria do parque. Uns 40m depois da ponte sobre o Córrego das Boleiras entrei às 15h23 na trilha à direita, com placa mostrando a extensão (4,6km, mas no meu gps deu 6km ida e volta sem contar as saídas para os atrativos) e os atrativos da Trilha do Cerrado, todas ao longo do Rio Preto, sendo o Poço do Veado o primeiro deles. A trilha é larga e bem batida e com 950m uma placa indica a descida para o poço, que fica a 120m. Há um mirante de madeira na descida.

Até ali muita gente vai, inclusive cruzei com várias pessoas voltando. Mas a partir dali a trilha fica mais estreita e aparentemente menos pessoas se "arriscam". Eu não poderia deixar de explorar o local por completo (só depois vi que a placa do início diz que é obrigatório o acompanhamento de um condutor nessa Trilha do Cerrado). 

O próximo atrativo sinalizado com placa foi o Rio Lento, apenas um remanso do Rio Preto a 540m da bifurcação do Poço do Veado. Mais 360m e chego a um outro local muito bonito e agradável, o Vau Bravo, onde a mansidão do rio se transforma em bonitas corredeiras. Continuando, cerca de 160m após a trilha entrar na mata uma outra sai à direita sem placa. É o caminho para o Poço de Pedra, onde entrei também. Ao sair da mata é melhor caminhar para a direita pelo leito seco e depois passar entre as pedras para chegar ao poço, que é gigante. Voltando à trilha principal há uma bifurcação 280m depois também não sinalizada. À direita se volta ao rio num local sem nada de especial. À esquerda, em mais 520m alcanço a placa que indica à direita o Vau das Éguas, com poção e pequenas cachoeiras. O que impressiona ali é ver a que nível o Rio Preto chega em época de chuva, como mostram os galhos e gravetos espalhados pela margem. 

A trilha principal continua, meio fechada, mas já eram 16h42 e não havia mais tempo para explorações. Retornei pelo mesmo caminho e às 17h47 estava de volta à estrada.

A noite foi tranquila com o camping todo só para mim e não cheguei a ver ou ouvir o lobo-guará que faz visitas regulares ao local.

Altitude de 773m no camping.
Nesse dia caminhei 22km.
A maior altitude do dia foi 970m.

ImagemMorro Dois Irmãos

1º DIA DA TRAVESSIA: DA SEDE DO PARQUE ESTADUAL DO RIO PRETO À CASA DA CHAPADA

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaPqEstDoRioPretoPqEstDoPicoDoItambeSerraDoEspinhacoMGMai151Dia.

Desmontei acampamento e às 7h48 encontrei o Valdir, que seria de novo meu guia, mas só até encontrar outro funcionário do parque que sairia da base da Chapada para nos encontrar. Saímos às 7h54 na direção das cachoeiras, como no dia anterior, porém na bifurcação após o riacho tomamos a esquerda. No Poço de Areia cruzamos o Rio Preto facilmente pelas pedras e começamos a longa subida, que iria durar o dia todo praticamente. Às 8h33 cruzamos a ponte sobre o Córrego da Embira (segundo a carta) e 12 minutos depois fomos à direita na bifurcação pois a esquerda leva ao aceiro que é o limite leste do parque. Às 8h56 uma trilha sai à direita e leva às Corredeiras do Rio Preto, que é um passeio monitorado que sai somente às 10h. Logo depois encontramos com o funcionário que saiu da Chapada para nos encontrar, o Jaime, que estava num cavalo. Dali o Valdir voltou. Cruzamos uma tronqueira e às 9h29 entroncou uma trilha que vem da cidade de Felício dos Santos, com placa sinalizando. No riacho 280m depois (Córrego da Lapa) consegui achar um ponto onde pudesse atravessar num pulo, sem ter que tirar as botas. A subida deu uma trégua e atravessamos um grande platô, mas no final dele mais subida pelas lajes até cruzar uma porteira e chegarmos às 9h56 à Lapa da Santa. De lapa mesmo não há nada, é apenas um grande bloco de rocha com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida a seus pés e inscrições rupestres pichadas. Paramos para descanso e às 10h20 prosseguimos. 

Às 11h02 outra lapa, a do Tropeiro, essa uma lapa mesmo, um abrigo rochoso, onde muita gente já morou na época de grandes colheitas de sempre-vivas. Ela fica 30m à esquerda da trilha. Mais 200m e cruzamos o Córrego Lapa do Tropeiro, continuando à direita na bifurcação. Às 11h29 a terceira e última lapa do caminho, a Lapa do Filó, a maior de todas, sob um enorme bloco rochoso. Nela há algumas pinturas rupestres em bom estado. Cruzamos um riacho pelas lajes (afluente do Rio Preto; o Rio Preto estranhamente aparece na carta topográfica do IBGE com o nome de Córrego Taioba) e nos aproximamos muito do Rio Preto, correndo a menos de 50m à nossa direita. Mais à frente avistamos uma casa, na verdade duas. Descemos um pouco, cruzei o riacho (outro afluente do Rio Preto) num salto e fomos na direção das casas pela trilha da direita. A primeira delas (12h16) eles chamam de Casa de Mozart, nome do antigo morador. A segunda, 300m à frente, era usada como base pelos guardas antes de eles se transferirem para uma casa mais próxima do limite sul do parque. Fizemos uma segunda pausa para descanso e comer alguma coisa. O sol resolveu mostrar a cara, e bem forte. Até ali o céu esteve encoberto, bom para caminhar mas ruim para as fotos. Quando as nuvens dissiparam pude ver e fotografar o Morro Dois Irmãos já bem mais próximo.

ImagemPlantas aquáticas num afluente do Rio Preto

Às 12h51 retomamos a caminhada pegando a trilha que sai na direção sudeste, logo cruzando um riacho (mais um afluente do Rio Preto) por uma pontezinha de madeira. Às 13h02 entroncou à esquerda a trilha que vem diretamente da Casa de Mozart. Com mais 11 minutos fomos à direita numa bifurcação mas é apenas uma variante que encontra a trilha principal de novo 60m depois. Apenas 15m depois, às 13h15, chegamos à bifurcação que leva ao Morro Dois Irmãos, onde o Jaime continuou em frente (direita) em direção à casa dos guardas e eu fui para a esquerda encontrar com o Miltinho e o Ereni, que me acompanhariam na subida da montanha. Encontrei-os poucos metros à frente e seguimos com uma visão já bem próxima e desafiadora do Dois Irmãos. Cruzamos dois riachos (também afluentes do Rio Preto) e pegamos um atalho pelo capim até o aceiro no limite do parque, onde uma longa cerca impede que o gado da fazenda ao lado entre. Deixei a cargueira escondida nas pedras e seguimos apenas 150m pelo aceiro na direção do pico, tomando logo uma trilha à esquerda como atalho. Mas logo abandonamos a trilha e subimos à direita pelo capim na direção da montanha, reencontrando o aceiro num ponto bem acima. Cruzamos a cerca às 14h34 e nos dirigimos por trilha à base à direita (leste) do pico, ponto mais fácil de subida pois é uma crista ascendente. A picada logo some e a subida do pico é feita sem trilha demarcada, porém sem dificuldade pois há caminho entre a vegetação. Atingimos o cume oeste do Morro Dois Irmãos às 15h, de 1830m de altitude, e de lá se vê que o cume leste é bem mais baixo, apesar de parecerem quase da mesma altura de longe. Dali é possível ver várias cidades, como Diamantina (a oeste), Felício dos Santos e São Gonçalo do Rio Preto (norte). Além das cidades, víamos o Morro Redondo, no limite do parque, e a 21,6km o Pico do Itambé, meu objetivo nessa travessia. A vista é magnífica! Iniciamos a descida às 15h27 e em 24 minutos estávamos de volta à cerca do aceiro. Pegamos o mesmo atalho sem trilha até o local onde deixamos a cargueira, andamos só mais 260m pelo aceiro na direção sul e o abandonamos para atalhar pelo capim na direção da casa dos guardas, que estava a sudoeste, aonde chegamos às 16h50. 

A casa tem dois quartos com duas camas cada um, cozinha equipada e banheiro com ducha aquecida pelo fogão a lenha. Eles passam a semana toda lá, revezando com a outra equipe de três guardas toda segunda-feira. Pensei em acampar no quintal mas como havia uma cama vaga, dormi nela com o saco de dormir. E não recusei a gentil oferta da janta farta e deliciosa preparada por eles.

Altitude de 1563m.
Nesse dia caminhei 23,2km.
A maior altitude do dia foi 1830m, no Morro Dois Irmãos

ImagemPico do Itambé e Serra da Bicha

2º DIA: DA CASA DA CHAPADA À BICA D'ÁGUA

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaPqEstDoRioPretoPqEstDoPicoDoItambeSerraDoEspinhacoMGMai152Dia.

Deixei a casa dos guardas na Chapada às 7h44 e o Miltinho ainda fez questão de me acompanhar até a porteira que limita o parque. A neblina estava muito densa e não consegui ver o Morro Redondo mesmo passando ao seu lado. Nem mesmo avistar a nascente do Rio Preto, sinalizada por uma placa. Na porteira me despedi do Miltinho agradecendo a atenção toda e a disposição em me acompanhar na subida do Morro Dois Irmãos no dia anterior. A partir dali deixaria para trás a bacia do Rio Preto e caminharia basicamente na direção sul por uma crista descendente, com nascentes vertendo para leste e oeste, e nada de água na crista.

Caminhei pela estrada precária de terra descendo suavemente e quando a neblina dissipou parei para admirar a paisagem e visualizar o caminho até o Pico do Itambé, que demorou a sair de trás das nuvens. Mas eu não tinha pressa e esperei. Quando me dei conta tinha ficado ali 1 hora e 50 minutos, das 9h24 às 11h14! Continuei a descida pela estradinha sem entrar nos atalhos e às 11h58 surgiu uma fonte de água à direita que parecia um pequeno canal pois era muito reto. Aproveitei que ainda estava num local alto e abasteci os cantis. 

Às 12h09 alcancei uma porteira com um cruzeiro de madeira ao lado e a placa de uma tal Fazendinha Chapadocia para a esquerda. Mas continuo em frente, cruzo a porteira e vou para a direita, descendo ainda. Passo a caminhar por estrada de terra batida (até aqui era uma estrada estreita e bem precária). Uns 200m abaixo da porteira a água daquele canal onde abasteci atravessa a estrada. Passei por uma placa que sinaliza que a estrada que entronca à esquerda vem de uma localidade chamada Santa Cruz e em seguida cruzei uma porteira. Uns 90m depois, às 12h24, uma bifurcação que causou alguma dúvida e me tomou um bom tempo. Sabia pelo gps que para a direita chegaria ao bairro da Bica d'Água, porém dando uma volta enorme por estradinhas. Desconfiei que à esquerda poderia encontrar um atalho e, contando sempre com a minha sorte nessas horas, apareceu um senhor a cavalo que não só me ensinou o caminho como me levou ao início da trilha. Ele era tio do Miltinho! 

A propósito, o bairro aqui se chama Covão. Da bifurcação fomos então para a esquerda e esquerda pois o entroncamento ali forma um triângulo, como se tivesse uma "praça" central. Cerca de 900m abaixo passamos pela escola do bairro e 50m depois sai uma trilha para a direita. O homem repetiu as instruções sobre o caminho e seguiu pela estrada. Eu entrei na trilha às 13h16, cruzei uma tronqueira e entrei na sombra da mata. Na bifurcação com tronqueira à direita fui para a esquerda por uma trilha mais ruim, uma descida com pedras, e cruzei outra tronqueira. À direita, além da cerca, tenho os fundos da casa que se acessa pela direita na última bifurcação. O capim estava um pouco alto, sinal de trilha pouco usada. Outra tronqueira. Na bifurcação com porteira à direita fui em frente (esquerda), conforme as recomendações, e logo passei por uma tronqueira aberta. Após um outro trecho de capim alto, de novo dentro da mata, notei uma trilha saindo para a direita, mas continuei em frente pois logo depois essa mesma trilha entronca à direita, formando uma bifurcação, onde fui para a esquerda. 

ImagemCórrego Bica d'Água

Na bifurcação seguinte a trilha mais aberta desce à direita e leva ao Sumidouro (14h13), local em que o Ribeirão Soberbo corre por baixo das pedras e dele só se ouve o ruído. Porém os blocos de pedra são muito grandes e há gretas fundas entre eles. Um escorregão nas pedras poderia me causar sérios problemas. Achei mais seguro procurar outro local para atravessar o rio. Subi de volta à última bifurcação e fui para a direita (lado da esquerda quando vim), menos batida. Cruzei uma tronqueira e passei ao lado de um barulho de motosserra, mas não vi quem estava ali. Outra tronqueira marca o final da mata e o início de um campo de samambaias. Do outro lado do rio vejo vacas pastando e casas. A trilha bifurcou na descida e acompanhei a cerca, indo mais para a direita e logo voltando ao Ribeirão Soberbo. Se tivesse pego trilhas à esquerda em meio às samambaias acredito que teria cruzado o rio num ponto ainda mais fácil. Nesse ponto do rio em que cheguei tive que tirar as botas, mas estava bem raso, na altura da canela. Peguei a trilha na outra margem mas ela prometeu bem mais do que cumpriu pois após a tronqueira ela sumiu no capim alto do pasto. O segredo aqui é subir suavemente pelo pasto na direção oeste, desprezando trilhas à esquerda que somem logo, até um curral, depois uma casa à esquerda e finalmente a estrada, bastante precária, aonde cheguei às 15h27.

Devo ter economizado alguns km nesse caminho, mas a maior vantagem mesmo foi ter conhecido mais uma trilha em lugar de andar só por estradas. Desci para a esquerda, passei uma porteira abaixo e começou a longa subida. Essa estrada corta o pequeno bairro da Bica d'Água, de poucas casas espalhadas, e praticamente termina na casa do Seu Santo, morador antigo que dá apoio aos trilheiros e ciclistas durante a travessia com alimentação, banho quente, pernoite e aluguel de mula a quem necessitar.

Às 15h46 uma estradinha à esquerda parece levar a uma cachoeira no Rio Soberbo, mas não fui conferir. Mais 500m e alcanço uma parte alta da estrada com bonita visão das montanhas, inclusive o Pico do Itambé. Após diversas porteiras de madeira e de arame, às 16h58 cruzei uma ponte de madeira, logo depois outra porteira (aberta) e cheguei à casa do Seu Santo às 17h04. É uma casa bege e verde à direita com uma placa de "Bem-vindo à Bica d'Água" e uma sequência de quedas e poços no Córrego Bica d'Água em frente (Córrego Serra da Bicha consta na carta). Fica aos pés da acidentada e bonita Serra da Bicha. A estradinha termina ali, depois é trilha. Chamei e quem me atendeu foi a Dona Maria. Mas não demorou ao Seu Santo chegar a cavalo.

Sua casa é coberta de folhas de palmeira, algo que encanta os visitantes pelo visual mas que ele mesmo não gosta pois não dura muito tempo. A energia vem de placas solares então não dá para ter nada mais do que um mero liquidificador. Portanto essa noite foi recheada de muitas conversas ao pé do fogão a lenha, ele me contando muitos "causos" locais de moradores e visitantes. Ele não é funcionário do parque mas sabe sobre todos os trilheiros e ciclistas que estão fazendo a travessia pois os guardas de ambos os parques entram em contato para avisar, mais por questão de segurança do visitante.

Jantei com eles e novamente não montei a barraca, dormi num dos quartos da casa.

Altitude de 1068m.
Nesse dia caminhei 17,5km (descontados os erros e explorações).
A maior altitude do dia foi 1642m, na porteira do limite sul do PE do Rio Preto

ImagemVale do Córrego Bica d'Água

3º DIA: DA BICA D'ÁGUA AO PICO DO ITAMBÉ

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaPqEstDoRioPretoPqEstDoPicoDoItambeSerraDoEspinhacoMGMai153Dia.

Amanheceu com céu encoberto e logo veio a chuva, o que me segurou um pouco na casa do Seu Santo e da Dona Maria, a qual logo cedo já estava na casa de farinha ralando um montão de mandioca. Eu não deixei o local sem passar pelo pé de mexerica e encher uma sacola... rsrs... para consumo imediato e "para viagem". 

Saí da casa do Seu Santo às 9h30 tomando a trilha em que se converte a estradinha por onde cheguei. Cruzei uma porteira e logo surgiu uma outra casa à direita, mas a Dona Maria disse que essas casas mais acima estão vazias pois todos se mudaram. Por 270m a trilha alargou como uma estrada, mas voltou a estreitar novamente. Cruzei dois riachos e duas tronqueiras e às 10h17 a paisagem à esquerda se abre para um pasto às margens do Córrego Bica d'Água, com vacas pastando. Mais 420m e aparece uma casa isolada à direita. Cruzei uma tronqueira aberta e a trilha me levou ao curral à direita. Esse local causa alguma dúvida pois há várias trilhas curtas próximas a um riacho e a continuação do caminho está camuflada pela vegetação. Não era necessário me aproximar do curral, simplesmente descer ao riacho quase sem trilha, atravessá-lo e subir a outra encosta tendendo para a esquerda. Mas antes disso a cobertura precária do curral me serviu de abrigo da chuva que voltou, logo depois de eu ter passado protetor solar por causa do sol ardido. Aproveitei também para ver de perto uma "casa" de folhas de palmeira que alguém construiu embaixo de uma enorme rocha, tal como nas lapas de antigamente vistas no Parque do Rio Preto. Para vê-la tive de cruzar uma cerca por uma tronqueira, à esquerda do ponto onde cheguei. Gastei ainda algum tempo ali procurando a tal da Cachoeira da Cortina, mas era preciso cruzar o Córrego Bica d'Água tirando as botas e não sabia a distância até ela. Como não conseguia avistá-la e não podia gastar muito tempo nisso resolvi prosseguir na travessia.

Cruzei o riacho próximo ao curral (e também uma tronqueira ao lado dele) às 11h39 e a trilha na outra encosta sobe até um ponto em que se vê a Cachoeira da Cortina lá embaixo. Foi aí que percebi como cheguei perto dela. Paciência... Ali no alto cruzei uma tronqueira, depois a trilha bifurcou (mas tanto faz o lado), atravessei um riacho e percebi que estava caminhando cercado de paredões por todos os lados, sinal de que as montanhas estavam próximas. Logo noto o Itambé me observando à esquerda. Após outra tronqueira cruzo um ribeirão de águas negras, com um incrível poço preto à direita. Segundo a carta esse é o próprio Córrego Serra da Bicha, chamado localmente de Córrego Bica d'Água. Todos os riachos que cruzei desde a casa do Seu Santo são afluentes dele.

ImagemPico do Itambé

A essa altura a chuva havia voltado. Às 12h39 alcanço uma porteira que me lança a um pasto, numa mudança brusca de vegetação e de ambiente. Logo surge a primeira casa, com curral na frente e ninguém para perguntar do caminho pois as trilhas de vaca estavam começando a me levar para diversos lugares errados, fugindo da rota. Não vi uma trilha a oeste da casa que me indicaram depois como sendo a ligação com o bairro do Poço Preto, a caminho de Capivari. Embaixo de chuva e sem ver essa trilha, resolvi seguir direto no rumo da trilha de subida do pico, a que vem do Poço Preto (roteiro que fiz em 2012). Para isso, ao passar pela casa, continuei para sudoeste até encontrar uma mata, que contornei pela direita. Após a tronqueira, no segundo riacho (afluentes do Córrego Serra da Bicha), resolvi subir o pasto sem trilha na direção sudoeste pois a trilha que encontrei não serviu (ela contornou o morro e sumiu logo). Nessa subida acabei encontrando um final de trilha que me levou a uma tronqueira e logo depois a uma casa com vários cachorros meio estressados, às 13h26. Ali encontrei o Lindomar, funcionário do Parque do Pico do Itambé, que me esperava pois a subida do Pico do Itambé estava agendada e confirmada. Descansei um pouco na sua casa (ao lado da casa dos cachorros) enquanto a roupa do corpo secava, assinei o termo de responsabilidade e às 14h34 retomei a caminhada, agora na companhia dele. Saímos da casa por uma trilha que em 400m interceptou a trilha de subida do pico que vem do Poço Preto. Comecei a ver as primeiras setas brancas de madeira para orientação, que não existiam em 2012.

Com apenas 380m de subida chegamos a uma porteira. O Lindomar me indicou um lugar próximo onde se encontra água e disse que iria ficar por ali. Eu continuei a subida, mas já avistava focos de chuva no horizonte. Cerca de 300m acima da porteira e 90m depois de uma placa "leve seu lixo", alcancei o ponto onde muita gente se perde. Fincaram no chão uma seta branca apontando para a direita exatamente onde se deve abandonar a trilha e subir a parede, mas sem dificuldade. O importante é não seguir em frente pela trilha pois não leva a lugar nenhum. Com 320m de subida chego à base do pico, onde se pode contemplar ele todo. Mas nessa hora a chuva me pegou. E estava frio, então o negócio era subir rápido para esquentar. Um totem e uma seta não deixam dúvida quanto ao caminho de aproximação do pico e às 15h43 começou a subida de verdade, mais inclinada, até com trechos de escalaminhada. Alcancei o primeiro buraco, bem estreito, e não quis tirar a capa e a cargueira para não ficar molhado de chuva, então me espremi todo e passei. Uns 70m depois o segundo buraco, ainda mais apertado, e arrisquei de novo ir de cargueira e tudo. Quase fiquei entalado, me contorci mais que lagartixa, mas consegui. Com mais uns 150m a subida suavizou, sinal de que atingi o platô que antecede o cume. Logo passei pela área de acampamento, alagada, de onde sai uma trilha à direita que leva a um ponto de água. Às 16h44 cheguei ao cume do Pico do Itambé, com neblina total, chuva e muito frio. Deixei a mochila na casa sem portas que há no topo e ainda tentei encontrar o ponto de água próximo ao acampamento, mas as trilhas terminavam no nada. Ela deve estar no fundo de algum buraco entre as rochas. Coletei água da chuva para beber. Com o acampamento alagado, só me restava montar a barraca dentro da casa, abrigado do vento gelado. À noite cheguei a ver as luzes de alguma cidade, quando a neblina se abriu um pouco.

Altitude de 2059m.
Nesse dia caminhei apenas 9km (descontados os erros e explorações), porém o desnível foi de 992m.

ImagemFlora abundante no Pico do Itambé

4º DIA: DO PICO DO ITAMBÉ À CACHOEIRA DA FUMAÇA

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaPqEstDoRioPretoPqEstDoPicoDoItambeSerraDoEspinhacoMGMai154Dia.

O dia amanheceu quase tão ruim quanto o final do dia anterior, mas pelo menos a chuva forte havia passado, restando uma garoa. O Lindomar apareceu logo cedo para ver se estava tudo bem. 

O objetivo nesse dia era descer do pico pelo lado leste e dormir em Santo Antônio do Itambé. Esse é o caminho mais usado por quem sobe o Itambé, é mais longo mas menos íngreme que o lado oeste, por onde subi. Saí da casa às 9h08, passei pelo cruzeiro de concreto e comecei a descer. Descer com chuva foi bem pior do que subir pois as lajes de pedra estavam escorregadias, exigindo bastante cuidado. Muitas setas brancas orientam para não se tomar a direção errada nas lajes, principalmente no caso de neblina forte, como nesse dia. O Pico do Itambé tem formações rochosas bem interessantes, com formatos curiosos, além de diversas fendas profundas. Isso sem falar na flora, muito bonita e peculiar. Em alguns momentos o Itambé me lembra o Monte Roraima. Às 9h54 passei pela pedra do pato, uma das rochas de formato mais curioso, e às 10h19 cheguei à ponte do Rebentão, uma das fendas profundas. Depois atravessei um campo absurdamente florido, flores cor-de-rosa cujo nome ainda não descobri. Às 11h15 passei pelo riacho que, como alerta a placa, é a última água para quem sobe o pico (nascentes do Córrego da Serra). Mais 325m de descida e exploro rapidamente a Lapa do Morcego, à direita da trilha. É um abrigo natural sob um enorme bloco rochoso, assim como as lapas do Parque do Rio Preto. Segui pela trilha mais batida (ignorando as menores que foram surgindo) e às 12h21 alcancei a casa de taipa do sr Joaquim Moacir (antigo morador que foi retirado e indenizado). Há uma bica ao lado. Ali a trilha vira uma estradinha precária. 

Com 1,1km de estrada surge à esquerda a placa que marca o início da trilha para a Cachoeira do Rio Vermelho, distante 2,6km dali (segundo o meu gps). Minha idéia desta vez era conhecer as três cachoeiras do caminho de descida do pico, mas pelo horário (12h47) eu precisaria apertar o passo já que a portaria do parque fecha às 17h. Entrei rapidamente então e mudei totalmente minha direção de leste para norte. 

ImagemCachoeira da Água Santa

Essa trilha está bastante adaptada para facilitar o acesso à cachoeira. Há pontes, corrimãos e calçamento de pedra nas áreas alagadiças. Após uma tronqueira seguida de uma ponte deve-se subir à esquerda na bifurcação. Ao atingir o alto logo é possível avistar a cachoeira, enorme! E na encosta à sua direita a trilha que desce ao Rio Vermelho. Às 13h36 cheguei à parte alta dela, com uma ponte de concreto horrível que é vista até lá de baixo e enfeia a imagem da cachoeira. Cerca de 80m depois dessa ponte uma trilha sai à direita da principal e desce ao rio (como avistado na chegada). Uma vez no rio tive de varar alguns metros de arbustos para atingir um ponto de observação melhor, enquadrando a cachoeira inteira na câmera. Por incrível que pareça, até ali a neblina atrapalhou as fotos. 

Às 14h15 retornei pelo mesmo caminho e em 43 minutos estava de novo na estradinha do parque, que aliás continua bem ruim para carros, com pedras soltas e valetas nas partes inclinadas. Às 15h19 entrei à direita na trilha sinalizada da Cachoeira do Neném, a 700m. Em 10 minutos cheguei à sua garganta. Uma trilha à esquerda leva à escadaria de 54 degraus que dá acesso ao seu grande e escuro poço. Subindo de volta a escada e continuando ainda por essa trilha, na direção rio abaixo, chega-se a um interessante sumidouro, onde as águas do Córrego Água Santa desaparecem sob as pedras para reaparecer na forma de uma cachoeira poucos metros depois. 

Às 15h54 estava de volta à estrada e 27 minutos depois avisto Santo Antônio do Itambé, ainda bem distante. Depois passei pelo acesso a uma casa à direita, onde ainda há morador, próximo de uma antena de celular. Às 16h32 finalmente cheguei à trilha que leva à Cachoeira da Água Santa, à esquerda, e desci quase correndo os 550m em 11 minutos. A trilha termina no rio (Córrego Água Santa), com a cachoeira um pouco longe ainda, mas só dava tempo de ir até ali mesmo. A subida de volta foi dura! Na estrada foram só mais 3 minutos até a portaria, aonde cheguei às 16h56. Altitude de 851m, ou seja, desnível de 1207m desde o cume do Pico do Itambé. Os dois funcionários me esperavam e parei para um longo descanso. Um deles, o Reginaldo, me ofereceu hospedagem nos chalés da sua família, na Cachoeira da Fumaça. Ele é filho do sr Adair, que conheci na viagem anterior durante a travessia para Capivari, e que lamentavelmente faleceu no final do ano passado com apenas 48 anos.

Anoiteceu e não recusei a carona do Elias, o outro funcionário do parque, até próximo da casa do Reginaldo, onde fui recebido pela sua mãe, a Teresinha, que já preparava um delicioso jantar mineiro. O local se chama Recanto do Sossego.

Altitude de 796m.
Nesse dia caminhei 19,9km.

ImagemCachoeira da Fumaça

5º DIA: DA CACHOEIRA DA FUMAÇA À VILA DE CAPIVARI PELA TRILHA DOS TROPEIROS

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaPqEstDoRioPretoPqEstDoPicoDoItambeSerraDoEspinhacoMGMai155Dia.

Pernoitar próximo à Cachoeira da Fumaça teve várias vantagens sobre dormir na cidade de Santo Antônio do Itambé. Primeiro, por estar na zona rural, no meio do mato mesmo, segundo por já me encontrar no caminho da Trilha dos Tropeiros, meu "passeio" de hoje, economizando 3,7km que caminharia por estrada desde a cidade. Isso sem contar a hospitalidade e simpatia da Teresinha e sua família.

Mais um dia de céu encoberto e um pouco de garoa. Após o farto café fui rever a Cachoeira da Fumaça, linda, logo ali nos fundos, a 430m, no Ribeirão Areia. Que privilégio! Às 9h47 me despedi de todos da casa e peguei o atalho para a parte alta da cachoeira junto à placa do parque. Esse atalho dispensa ter de subir de volta à estrada principal e caminhar até o acesso à parte alta da Fumaça, num trajeto com 2,1km a mais. Peguei à esquerda nas duas bifurcações do caminho e às 9h58 cheguei a uma cerca, que cruzei por baixo. A trilha que acompanha a cerca vem da estrada acima e desce à cachoeira. Desci portanto à esquerda e após uma escadaria de madeira cheguei à parte alta da Cachoeira da Fumaça. Pausa para fotos. Às 10h06 subi de volta margeando a cerca até uma passagem que dá acesso à estrada, mas ainda não é a estrada principal. Uma placa sob uma mangueira enorme aponta para a parte alta da cachoeira. Subi 13 minutos até alcançar a estrada principal, com placa indicando a Trilha dos Tropeiros, e fui para a esquerda (à direita iria para Santo Antônio do Itambé). Logo fui alcançado pelo Reginaldo, que já estava em serviço, fazendo a ronda do parque de moto. Às 10h42 a estrada termina e vira uma trilha. Logo depois cruzo uma porteira e mais à frente me deparo com uma casa com morador, onde se deve descer pelo pasto para a esquerda (antes da tronqueira da casa) e atravessar outra porteira. Uns 400m após essa porteira, às 11h, chego ao novo portal da Trilha dos Tropeiros, com a mesma placa dando informações sobre a trilha: 11.993m de extensão, grau de dificuldade alto, tempo aproximado de 7 horas e obrigatório o acompanhamento de condutor. Apenas 40m depois do portal uma bifurcação que vale a pena observar pois se você tomar a direita vai ter que tirar as botas para cruzar as águas negras do Córrego Palmito, se for para a esquerda não (da vez passada, fui para a direita sem saber disso). Dessa vez desci à esquerda e atravessei o córrego pelas pedras. 

Logo depois dele começa uma subida que vai durar mais de uma hora, com pouca visão de paisagem por causa da mata. Logo no começo da subida notei a erosão que corrói a trilha a cada chuva. Mais acima apareceram as pedras molhadas e escorregadias, tornando o caminhar mais lento. Às 11h35 surge um ponto de água à direita da trilha, um riacho meio escondido. Mais à frente vou acabar cruzando-o, ainda subindo. É um afluente do Ribeirão Areia. Nesse momento a garoa voltou. Às 12h08 a trilha estabiliza um pouco depois de tanta subida, e às 12h17 começa a descida. A paisagem se abre à direita, mas a neblina não deixa ver quase nada. Atravesso uma curiosa e inusitada faixa de 140m de pura mata atlântica, com direito até a samambaiaçus. Logo depois, onde havia uma porteira, restando apenas os mourões da cerca, o caminho alarga e aparecem marcas de pneu de moto dos funcionários do parque. A paisagem abre um pouco mais, porém a neblina dificulta a visão. Ainda assim, consigo admirar uma extensa cachoeira que desce do morro rochoso à direita. Quando o panorama se abre ainda mais para serras à minha direita, desço até uma porteira que é o limite do parque, onde dois funcionários já me aguardavam, o Genésio e o Derlei, às 13h05. Parei para um dedo de prosa com eles e depois um lanche. 

ImagemTrecho de mata atlântica na Trilha dos Tropeiros

Prossegui a caminhada às 14h cruzando a porteira e imediatamente tomando a esquerda na bifurcação pois a direita me levaria a uma estrada. Desci pelo campo de capim baixo até cruzar uma porteira e a seguir o Córrego Capivari Pequeno pelas pedras. Subi a outra encosta, ultrapassei um trecho de mata onde a trilha dá uma guinada para a esquerda (sul) e consigo ver finalmente o Pico do Itambé, porém bastante encoberto por nuvens. A trilha atravessa um campo onde vacas pastavam e cruza um alagado, voltando a subir. Duas trilhas de vaca entroncam à esquerda, onde uma seta branca foi colocada para orientar quem faz a travessia ao contrário. Atinjo o ponto mais alto do dia (1372m) e às 15h41 cruzo uma porteira e começo a descer. Visualizo bem distante o Pico do Raio, meu destino no dia seguinte a caminho de Milho Verde. Começa um trecho da travessia que acho muito bonito: um enorme vale se abre à minha direita e a trilha tem visão panorâmica dele, contornando toda sua extremidade sudeste. Logo depois de uma tronqueira à esquerda (que não cruzo, apenas sigo em frente) vou à direita na bifurcação pois a esquerda se fecha logo. Já na bifurcação seguinte, às 16h35, tanto faz a direita ou esquerda pois se juntarão poucos metros à frente. Ali há muitas formações rochosas estranhas e curiosas também, e a trilha avança por um corredor entre elas. Na bifurcação seguinte tanto faz descer à direita ou à esquerda também, e a visão se abre à frente para a vila de Capivari, distante ainda 2,6km (em linha reta). 

Na descida, cruzo uma porteira e acompanho a cerca para a direita por cerca de 550m. Logo depois já vejo Capivari um pouco mais perto, descendo suavemente até a estrada, aonde chego às 17h15. Desço para a direita (conforme a seta branca indica) e atravesso um outro trecho com formações rochosas à beira da estrada, dos dois lados, estas bem altas. Às 17h40 passo pelas primeiras casas do povoado e em 3 minutos entronca uma estrada à direita, onde há um mata-burro e a estrada trifurca. Das três opções tomei a da direita, chegando às 17h50 ao "centro" da vila, onde procurei a casa do Renato pois ele tem receptivo familiar (www.turismosolidario.com.br). Podia ter ficado novamente na casa do Gonçalo e da Noeme, que me receberam muito bem da outra vez, mas quis conhecer e conviver um pouco com outra família. O Renato já foi funcionário do parque e é dono das terras onde fica a Cachoeira Tempo Perdido. Seu receptivo familiar é praticamente uma pousada, com os quartos independentes da casa e com banheiro privativo. O jantar ficou por conta de sua esposa Franciene, que mesmo de improviso, caprichou.

No dia seguinte fiz a travessia dali de Capivari a Milho Verde com um desvio para subir o Pico do Raio. Essa caminhada será relatada em breve.

Altitude de 1180m.
Nesse dia caminhei 15,1km. 
A maior altitude do dia foi 1372m.

Total da travessia: 84,7km

ImagemTrilha dos Tropeiros

Informações adicionais:

Horários do ônibus de São Gonçalo do Rio Preto (Pássaro Verde - http://gabrasil.com.br/site):
. Diamantina-São Gonçalo: 
seg e sex - 6h, 11h45, 14h45, 15h
ter, qua e qui - 6h, 11h45, 14h45
sáb - 6h, 11h45, 15h
dom - 6h, 15h, 16h
. São Gonçalo-Diamantina: 
seg e sex - 6h55, 7h25, 10h45, 17h55
ter e qui - 6h55, 10h45, 17h55
qua - 6h55, 10h45, 17h55
sáb - 7h25, 17h55
dom - 7h25, 10h45, 11h25, 17h55

Horário do ônibus de Capivari (Transfácil - 38-3541-4091):
. Serro-Capivari: seg a sex - 12h30 
. Capivari-Serro: seg a sex - 5h45
sáb, dom e feriado não há

O site oficial do Parque Estadual do Rio Preto é www.ief.mg.gov.br/areas-protegidas/196 e do Parque Estadual do Pico do Itambé é www.ief.mg.gov.br/areas-protegidas/206.

De São Gonçalo do Rio Preto à portaria do parque são 13km de estrada de terra, e dali mais 4,6km até o centro de visitantes, camping e restaurante.

Não há ônibus até a portaria do parque. O táxi custa R$70. Os contatos são: Edmundo - fone 38-9978-4551 e João - fone 38-9971-4456.

Em São Gonçalo do Rio Preto há vários hotéis e pousadas porém na noite que passei lá só a Pousada São Gonçalo estava funcionando. Fica na parte de cima de um sobrado onde há uma mercearia, e o dono de ambos é o Hermes. A diária é de R$30 com WC privativo e café da manhã.

Em São Gonçalo do Rio Preto e Capivari há o programa de receptivo familiar. Mais informações no site www.turismosolidario.com.br. Em Capivari o valor da diária é R$45 para hospedagem com café da manhã.

O Parque Estadual do Rio Preto funciona de terça-feira a domingo das 7h às 17h. Não abre às segundas-feiras (em feriados sim), mas quem está acampado ou hospedado dentro do parque pode fazer os passeios normalmente, inclusive com os condutores.

Os passeios curtos (Prainha, Poço do Veado, Poço de Areia e Forquilha) podem ser feitos sem condutor. Para as cachoeiras mais distantes (Crioulo, Sempre-Viva) e Corredeiras do Rio Preto é obrigatório o acompanhamento de um funcionário do parque e as saídas ocorrem às 9h, 10h e 11h (para as corredeiras somente às 10h).

O camping, o alojamento e a travessia do parque para a Chapada (limite sul) devem ser agendados com antecedência pelo telefone 38-9976-5621 ou e-mail antonio.almeida@meioambiente.mg.gov.br.

O Parque Estadual do Pico do Itambé funciona de quarta a segunda-feira das 8h às 17h. Para subir o Pico do Itambé é preciso solicitar autorização com pelo menos 24h de antecedência, seja com pernoite ou não, seja por Santo Antônio do Itambé ou por Capivari. O telefone é 33-3428-1372 e o e-mail é peitambe@meioambiente.mg.gov.br. Para fazer a travessia Santo Antônio do Itambé-Capivari pela Trilha dos Tropeiros também é necessário pedir autorização com 24h de antecedência. A única área de acampamento do parque fica no pico, por sinal bem pequena e com água de acesso meio complicado. 

Ambos os parques são bastante monitorados e vigiados, e os funcionários se comunicam o tempo todo por rádio. No Rio Preto as trilhas longas são sempre acompanhadas de um condutor, no Itambé não, nem mesmo o pernoite no pico é mais acompanhado de um guarda. Mas independentemente disso eles sempre sabem onde você está e para onde está indo. Para quem não gosta de ser monitorado dessa forma, isso pode causar certo incômodo. Não é o meu caso. Apesar de costumar fazer trilhas sozinho e com roteiro próprio, não me incomodou essa situação. A beleza desses parques e da travessia em si compensa tudo.

Carta topográfica de Rio Vermelho: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-23-Z-B-I.jpg

As denominações de rios e serras usadas aqui foram extraídas das cartas topográficas do IBGE e podem não coincidir com as denominações dadas pelos moradores da região, ou podem mesmo estar erradas. O Rio Preto, por exemplo, aparece na carta com o nome de Córrego Taioba.

Rafael Santiago
maio/2015
Percurso no PE do Rio Preto na carta topográfica (clique na imagem para ampliar)
Percurso no PE do Rio Preto na imagem do Google Earth
Percurso do 1º dia na carta topográfica
Percurso do 1º dia na imagem do Google Earth

Percurso do 2º dia na carta topográfica

Percurso do 2º dia na imagem do Google Earth

Percurso do 3º dia na carta topográfica
Percurso do 3º dia na imagem do Google Earth

Percurso do 4º e 5º dia na carta topográfica
Percurso do 4º e 5º dia na imagem do Google Earth