Início: 4km além do acampamento 6 da Reserva Altos de Lircay
Final: povoado de Radal
Duração: 2 dias
Distância: 34,7km
Maior altitude: 2210m
Menor altitude: 639m
Dificuldade: média
Final: povoado de Radal
Duração: 2 dias
Distância: 34,7km
Maior altitude: 2210m
Menor altitude: 639m
Dificuldade: média
Esta é a segunda parte da travessia Parque Tricahue - Reserva Altos de Lircay - Reserva Radal Siete Tazas que durou no total cinco dias. A primeira parte está em https://trekkingnamontanha.blogspot.com.br/2018/04/travessia-parque-tricahue-reserva-altos.html.
Os três parques citados situam-se na região de Maule, no Chile, próximos às cidades de Molina e Talca, cerca de 215km e 270km ao sul de Santiago respectivamente. Eles não chegam a ter área contígua mas a proximidade é tão grande que me inspirou a querer cruzar os três num único trekking.
04/04/18 - 4º DIA - Travessia Reserva Altos de Lircay - Reserva Radal Siete Tazas - trilha bem marcada mas nenhuma sinalização
Início: 4km além do acampamento 6 da Reserva Altos de Lircay
Final: acampamento El Bolsón da Reserva Radal Siete Tazas
Duração: 9h25
Distância: 14,8km
Maior altitude: 2210m
Menor altitude: 1635m
Dificuldade: fácil
Final: acampamento El Bolsón da Reserva Radal Siete Tazas
Duração: 9h25
Distância: 14,8km
Maior altitude: 2210m
Menor altitude: 1635m
Dificuldade: fácil
A temperatura mínima da noite foi de -0,1ºC. Saí da barraca às 8h com 0,2ºC.
Deixei o local de acampamento às 9h25 e logo após uma suave subida entrei num amplo vale onde encontrei o lugar que procurava na tarde anterior para acampar: uma infinidade de gramados planos ao lado de água boa e fácil. Se tivesse andado mais alguns metros...
Água boa eu só encontraria novamente ao final desse dia, já chegando ao acampamento El Bolsón.
A trilha me levou para o fundo desse vale, diretamente em direção aos belos paredões do Cordón del Guamparo. Após uma curta subida (na qual os paredões do cordón se mostram ainda mais bonitos) a trilha bifurcou às 10h58. Segundo o gps os dois lados estariam corretos, seriam apenas variantes, mas a trilha da direita (descendo) ganhou um pasto e começaram a aparecer trilhas de gado para todos os lados, me desviando do caminho certo. Voltei à bifurcação e tomei o lado da esquerda (direita na volta), que subiu, subiu e alcançou o alto exatamente onde havia outra bifurcação (também sem sinalização). Segundo o gps o lado da esquerda leva a uma tal Laguna Colorada (entre outros destinos), então fui para a direita na direção de um chapadão. Agora caminho sobre os paredões da extremidade leste do Cordón del Guamparo. Perdi a trilha por alguns metros mas a reencontrei bem marcada mais à esquerda. Um bonito gavião procurava comida entre as pedras e pude me aproximar um pouco para fotografá-lo. No final da subida, às 12h53, passei próximo a uma estrutura de ferro já meio tombada e sem uso. A trilha desceu e se alargou numa estrada abandonada, a qual subiu e desceu em direção a um gramadão. Aqui o caminho mais visível era a continuação da estrada abandonada para a esquerda, mas não. A travessia continuava por uma discreta trilha que sai para a direita alguns metros antes de iniciar o gramadão. Nenhuma placa ali também. Na sequência passei à direita de uma pequena lagoa onde pastavam cavalos (água ruim) e continuei por esse pequeno vale onde não encontrei água boa. Vi formações rochosas bem interessantes mais à frente e à direita parecia haver até um mini Enladrillado.
Às 14h48 alcancei o ponto mais alto do dia (2210m) e a paisagem se abriu de maneira espetacular para a Reserva Radal Siete Tazas, podendo ver o acampamento El Bolsón, ainda muito distante, meu destino final nesse dia. Atrás dele a montanha chamada de Colmillo del Diablo (Dente Canino do Diabo). Para trás ainda podia ver quase todo o percurso do dia de hoje. No horizonte a sudeste ainda se destacavam os vulcões Descabezado Grande e Quizapú/Cerro Azul e à direita (mais abaixo um pouco) visualizava os paredões do vale do Rio Claro. Um mirante realmente de tirar o fôlego.
A trilha de descida era bem visível na encosta à direita, mas o trecho inicial exige cuidado (e um bastão, de preferência) pois é bem inclinado e com pedrinhas soltas. Depois fica mais fácil, porém ao dobrar ao outro lado da encosta volta a piorar e se torna uma ladeira de terra e pedras soltas bastante cansativa e que parece não ter fim. Cheguei ao limite das árvores às 17h04 e logo caminhava por um bonito bosque. Cruzei um riacho por um tronco e conversei com um homem que estava ali arrumando a tralha para pôr nos cavalos. Por causa dos cavalos essa água não era confiável para beber. Nesse local registrei a menor altitude do dia: 1635m.
Saí da mata, caminhei por uma trilha entre pedras e cruzei o profundo leito de um rio seco. Depois dele a única trilha que encontrei estava me levando na direção errada, então cruzei aquele chapadão de pedras sem trilha mesmo, apontando o gps para o El Bolsón (norte) para chegar logo. Um jovem a cavalo com uma espingarda me parou para perguntar se havia visto suas ovelhas e me pediu um cigarro. Às 17h56 cheguei a um rio que cruzei facilmente pelas pedras. Parei para um lanche rápido e matar a sede. Essa foi a primeira água boa desde o vale próximo ao local onde acampei.
Continuei no rumo norte para o acampamento, atravessei uma estradinha de rípio, cruzei o límpido Rio Claro (esse é outro) pelas pedras e entrei assim na área do Parque Nacional Radal Siete Tazas. Fui para a direita após o rio e cheguei às 18h50 ao acampamento El Bolsón. Havia apenas uma barraca, depois chegou um casal chileno que vinha também da Reserva Altos de Lircay seguindo as minhas pegadas...
Nesse acampamento há um chalé que funciona como refúgio, uma casa de pedra em estado precário, sanitários e duchas separados para homem e mulher, dois lavatórios. Água potável pode-se pegar no rio ou nas torneiras. Gramados para acampar são quase infinitos e os arbustos protegem do vento.
Subi a um mirante próximo para fotos do Salto del Indio e do pôr-do-sol. Nessa hora passou um cavaleiro com seus cachorros. Mais ao fundo do gramadão de acampamento vacas pastavam. Será que estou mesmo num parque nacional?...
Altitude de 1676m.
05/04/18 - 5º DIA - saída da Reserva Radal Siete Tazas e final da longa travessia
Início: acampamento El Bolsón da Reserva Radal Siete Tazas
Final: povoado de Radal
Duração: 6h10
Distância: 10,4km de trilha + 9,5km de estrada
Maior altitude: 1688m
Menor altitude: 639m
Dificuldade: fácil
Final: povoado de Radal
Duração: 6h10
Distância: 10,4km de trilha + 9,5km de estrada
Maior altitude: 1688m
Menor altitude: 639m
Dificuldade: fácil
A temperatura mínima da noite foi de 0,5ºC. Saí da barraca às 7h50 com 5ºC.
Se eu não tivesse que chegar a Santiago no dia seguinte (e tivesse comida para mais um dia) teria percorrido os pontos principais desse setor do parque, como a Laguna de las Animas, o Valle del Indio e o Colmillo del Diablo. No caminho para o acampamento Parque Inglês (caminho da saída do parque) havia ainda as trilhas La Montañita, Mala Cara, Chiquillanes e El Coigüe. E em outros setores do parque havia as famosas cachoeiras Siete Tazas (Sete Xícaras), La Leona e Velo de la Novia, mas nestas ainda poderia passar já que ficavam na estrada para o povoado de Radal, onde tomaria o ônibus para Molina e de lá a Talca (onde deixei parte da minha bagagem).
Queria sair cedo pois iria tentar uma carona até Radal ou mesmo a Molina. Desmontei acampamento com muito frio pois o sol demoraria a chegar ao vale. Saí às 9h20 e cruzei pelas pedras um riacho 5 minutos depois. Uns 300m adiante passei por uma estaca que marcava 11km, distância que faltava para o acampamento Parque Inglês e a saída do parque segundo a medição da Conaf (o meu gps marcou 9,5km até o Parque Inglês). A trilha é bem marcada já que é muito usada e não gera dúvida pois é bem sinalizada. Percorre a encosta direita do vale do Rio Claro. Às 10h15 cruzei um riacho de água boa para consumo. Às 11h38 passei pela entrada da trilha La Montañita à direita (6h de duração). Às 11h54 passei pela entrada da trilha Mala Cara à esquerda (1h de duração). Às 12h passei pela entrada da trilha Chiquillanes à direita. Aí começou a chover e tive de guardar a câmera e vestir as roupas impermeáveis. Às 12h45 passei pelo acampamento Parque Inglês. Mais 150m passei pela administração e com outros 190m saí do parque.
Na estrada de terra fui para a direita na esperança de uma carona até o povoado mais próximo, Radal. A chuva deu uma amenizada. Mas não havia movimento de carros nessa altura da estradinha. Poderia ter mais sorte a partir das Siete Tazas, atrativo muito visitado. Primeiro passei por um acesso particular às Siete Tazas e Salto la Leona, que é pelo camping Valle de las Catas, que cobra CLP 2500 (R$13) para visitar as Siete Tazas e as outras quedas do Rio Claro. Cerca de 650m adiante cheguei ao acesso oficial da Conaf, que cobra CLP 5000 (R$26) o ingresso de estrangeiros. Como chovia passei batido e continuei pela estrada para não perder alguma possível carona. Fiz sinal para quatro carros mas nenhum parou. Às 14h50 passei pela grande cascata Velo de la Novia, visível da estrada e sem cobrança de ingresso.
Por fim, às 15h30 cheguei ao povoado de Radal. Altitude de 639m. A chuva havia parado. Ainda bem que foi tudo descida, nem pareceu que caminhei 20km. Ônibus para Molina só no dia seguinte às 7h30 (ainda é noite nesse horário). Havia diversas opções de camping, até por CLP 2500 (R$13). O camping da Conaf, na saída do povoado, era muito bonito e cobrava só CLP 4000 (R$21). Mas minha esperança de carona não morria. Tentaria até o final da tarde, se não conseguisse acamparia ali para tomar o ônibus no dia seguinte.
Me posicionei num local de boa visão para os carros e continuei "haciendo dedo". Até que um carrão bonito e caro parou. Eram duas garotas colombianas e se dispuseram a me levar até Molina com a maior boa vontade. Imagine uma situação dessa no Brasil... No caminho ainda pegaram um casal da Venezuela que também dependia de carona para voltar a Santiago naquele dia.
Chegamos a Molina às 17h33 e fui ao terminal de ônibus em frente ao mercado municipal tomar o ônibus das 18h10 para Talca, onde estava minha mochila pequena com as coisas que deixei no hostal.
DADOS DA TRAVESSIA COMPLETA
Travessia Parque Tricahue - Reserva Altos de Lircay - Reserva Radal Siete Tazas
Início: portaria do Parque Tricahue setor Tricahue
Final: povoado de Radal
Duração: 5 dias
Distância: 70,5km
Maior altitude: 2233m
Menor altitude: 490m
Dificuldade: muito alta por não haver trilha definida no 2º dia
Início: portaria do Parque Tricahue setor Tricahue
Final: povoado de Radal
Duração: 5 dias
Distância: 70,5km
Maior altitude: 2233m
Menor altitude: 490m
Dificuldade: muito alta por não haver trilha definida no 2º dia
Informações adicionais:
Ônibus de Molina a Radal:
Molina-Radal:
jan e fev:
seg a qui: 12h30, 18h15, 20h15
sex e sáb: 11h30, 12h30, 18h15, 20h15
dom: 7h45, 14h, 19h30, 22h
resto do ano: 17h
jan e fev:
seg a qui: 12h30, 18h15, 20h15
sex e sáb: 11h30, 12h30, 18h15, 20h15
dom: 7h45, 14h, 19h30, 22h
resto do ano: 17h
Radal-Molina:
jan e fev:
seg a qui: 7h10, 10h30, 15h45
sex e sáb: 7h10, 10h30, 15h45, 18h30
dom: 10h30, 13h30, 15h30, 18h45
resto do ano: 7h30
jan e fev:
seg a qui: 7h10, 10h30, 15h45
sex e sáb: 7h10, 10h30, 15h45, 18h30
dom: 10h30, 13h30, 15h30, 18h45
resto do ano: 7h30
Ônibus de Talca a Vilches (para quem for diretamente à Reserva Altos de Lircay):
Talca-Vilches:
seg a dom e feriado: 7h15, 12h, 16h50
seg a dom e feriado: 7h15, 12h, 16h50
Vilches-Talca:
seg a sáb: 7h15, 9h15, 17h10
dom e feriado: 9h15, 14h, 17h10
O grau de dificuldade que coloco nos relatos é uma avaliação pessoal e considera que o trilheiro esteja acostumado a caminhadas de vários dias com mochila cargueira. Para um iniciante considere todas as trilhas como difíceis. Para um iniciante que não esteja em boa forma física é melhor procurar trilhas fáceis de um dia para ganhar experiência e condicionamento.
Rafael Santiago
abril/2018
seg a sáb: 7h15, 9h15, 17h10
dom e feriado: 9h15, 14h, 17h10
O grau de dificuldade que coloco nos relatos é uma avaliação pessoal e considera que o trilheiro esteja acostumado a caminhadas de vários dias com mochila cargueira. Para um iniciante considere todas as trilhas como difíceis. Para um iniciante que não esteja em boa forma física é melhor procurar trilhas fáceis de um dia para ganhar experiência e condicionamento.
Rafael Santiago
abril/2018
Aqui também os detalhes e as belezas descritos me fez percorrer imaginariamente esses caminhos.
ResponderExcluirMuito bom!