domingo, 17 de maio de 2020

Glaciar Martial (Ushuaia, Argentina) - jan/20

Ushuaia vista do Cerro Martial
Início: centro de Ushuaia
Final: centro de Ushuaia
Distância: 2,5km do centro de Ushuaia ao início da trilha no Hotel Altos Ushuaia; 6,3km do início da trilha no Hotel Altos Ushuaia à neve do glaciar
Maior altitude: 842m na neve do Glaciar Martial
Menor altitude: 0m no centro de informação turística; 127m no início da trilha no Hotel Altos Ushuaia
Dificuldade: fácil, apesar do desnível de 842m desde a cidade ou de 715m desde o Hotel Altos Ushuaia

O Glaciar Martial é a trilha mais próxima do centro de Ushuaia e a primeira trilha da maioria dos que visitam a cidade. Não se alcança a geleira propriamente dita, não se toca no gelo, mas é possível brincar na neve logo abaixo dela mesmo no verão. A maioria dos visitantes sobe de carro até um estacionamento a 323m de altitude e dali caminha 1h30 até tocar na neve. O caminho de carro sobe a montanha num longo ziguezague nada interessante para se fazer a pé. Eu descobri que além dessa estrada de asfalto há também algumas opções de trilha e lá fui explorá-las. 

Vale a pena dizer que as águas que vertem do Glaciar Martial são a principal fonte de abastecimento da cidade de Ushuaia.

18/01/2020 - Saí do hostel bem tarde, às 11h56. Os dias longos do verão no extremo sul do continente deixam a gente bem relaxado com relação ao horário das caminhadas. Os argentinos por exemplo muitas vezes iniciam as caminhadas no meio da tarde. Há luz do dia até depois das 21h30 nessa época (janeiro). 

Do centro de Ushuaia subi pela Rua Juana Fadul até a Avenida Hernando de Magallanes (uma avenida larga, de duas pistas) e a tomei para a esquerda (oeste). Andei 1,5km e virei à direita na Rua Aldo Motter às 12h17. Uma placa na esquina aponta a direção do glaciar. Na pequena Plazoleta Republica del Paraguay tomei a rua que sobe à esquerda em diagonal, continuação da Aldo Motter. Nessa esquina a placa não cita o glaciar mas outra placa subindo a Aldo Motter em diagonal sim. Cerca de 600m depois da plazoleta cheguei ao Hotel Altos Ushuaia. À direita do hotel inicia o Sendero del Glaciar Luis Martial com uma grande placa e um mapa mostrando a estrada sinuosa e a trilha-atalho. 

Arroyo Buena Esperanza
A trilha inicia bem larga dentro do bosque e já subindo. Entrei nela às 12h42. Altitude de 127m. A sinalização em cor amarela serve de orientação. Subi 400m e cruzei a estrada junto ao Hotel Las Hayas, continuei pela trilha e cruzei a estrada de novo. Uma placa ali me chamou a atenção para outras trilhas que levam a mirantes, percurso que eu exploraria um mês depois (relato aqui). Passei na frente do Hotel Los Acebos e retomei a trilha, agora já mais estreita. Alcancei uma pequena ponte de madeira sobre um profundo cânion mas não a cruzei, em vez disso tomei a trilha para a esquerda e me aproximei do rio que percorre o cânion, o Arroyo Buena Esperanza, que se origina no Glaciar Martial. A trilha se torna mais ruim nesse trecho junto ao rio, com troncos caídos. Apareceu uma saída para a esquerda mas não a tomei porque desembocava na estrada. Continuei dentro da mata e ainda junto ao rio pela sua margem direita verdadeira. 

Numa área mais aberta do bosque vi restos de fogueira apesar do aviso de proibição de acampar e fazer fogo. Apareceu outra saída para a esquerda que dava diretamente numa casa amarela, mas continuei no bosque. A partir daí a trilha se alargou e apareceram até passarelas de madeira em bom estado. Saí novamente no asfalto e aí tinha duas opções (na volta descobriria uma terceira opção, a da casa de chá): caminhar pela estrada apenas 360m e chegar ao estacionamento onde todos iniciam a caminhada ou tomar outra trilha que sai à direita da estrada e chega a um local já bem acima do estacionamento. Como sempre, optei pela trilha. 

Essa trilha da direita mantinha ainda a sinalização amarela e iniciava cruzando uma pequena ponte de troncos sobre o Arroyo Buena Esperanza. Eram 13h49. Uns 60m após essa ponte abandonei o caminho principal e subi à esquerda por uma trilha estreita mas com marcação amarela. Cruzei uma ponte improvisada de dois troncos e numa abertura da mata pude ver o Canal de Beagle para trás. O solo nesse local é de turfa (turba, em espanhol), encharcado e parecendo uma esponja ao pisar. A trilha terminou às 14h37 junto à estação terminal do teleférico que existia nessa montanha até 2014. Dali tomei outra trilha em forma de escadaria de pedras que me levou a um nível acima da trilha principal que vai do estacionamento ao glaciar. Mas logo os dois caminhos paralelos se juntaram. Foi então que saí do bosque e pude visualizar a montanha em que está pendurado o Glaciar Martial, com seus quatro circos principais, bem como a trilha em diagonal na encosta que leva até ele.

Cerro Martial
Avançando mais um pouco as últimas moitas de lenga ficam para trás, cruzo um riacho e inicio a subida da encosta por um caminho de pedras em ziguezague. A visão para o canal se amplia e é possível ver perfeitamente a península onde está o aeroporto de Ushuaia. Alcancei a neve às 15h20, numa altitude de 842m. Ali a visão se abre para a porção leste do Canal de Beagle com as montanhas da Ilha Navarino, território chileno, à direita. 

Iniciei a descida às 16h07 e decidi fazer o caminho do estacionamento para ver como era. Mas antes de chegar à estação final do teleférico resolvi percorrer o Sendero del Filo, apesar da placa de "cerrado". Caminhei 950m em 17min por essa trilha, que corta a encosta do Cerro Godoy, até um local em que há uma grande queda em direção a um vale. A montanha do outro lado do vale é o Cerro Roy. Uma placa indica o final da trilha. Valeu pelo visual mais amplo do canal e também desse grande vale aos pés de imponentes montanhas. Voltei ao ponto onde inicia essa trilha às 17h25 e continuei em direção ao estacionamento pelo caminho largo, uma estradinha mesmo, porém logo apareceu uma trilha à esquerda e preferi caminhar por ela, junto ao Arroyo Buena Esperanza. Mais abaixo ela estava fechada por uma tela e tive de voltar ao caminho largo. Passei pela antiga estação inicial do teleférico.

Ao chegar ao estacionamento às 17h56 me surpreendi com a quantidade de carros. Há um café ali. Altitude de 323m. Cruzei o estacionamento para a esquerda (sentido oposto ao da estrada de asfalto) à procura de uma outra trilha. Passei pela casa de chá La Cabaña e desci por uma estradinha ainda dentro da área particular mas me deparei com um portão fechado. Já estava vendo que teria que pular a cerca de madeira quando o portão se abriu automaticamente... Esse caminho pela casa de chá então é a terceira opção que eu teria naquele ponto da subida em que me deparei com duas opções. Do portão caminhei apenas 100m pelo asfalto e retomei a trilha por onde subi. Na bifurcação depois da casa amarela tomei a trilha da direita, muito enlameada no começo mas melhor do que o caminho junto ao rio com troncos caídos.

Cruzei a ponte sobre o cânion profundo passando a fazer um caminho diferente da ida, mas também com marcações amarelas. Desci pelo bosque até a altitude de 148m, quando quebrei para a direita. Notei nas árvores ali os fungos pão-de-índio. Quando jovens são redondos de cor amarela ou alaranjada, depois secam e concentrados formam uma espécie de inchaço no tronco. Têm esse nome porque eram usados como alimento pelos povos originários da Patagônia e Terra do Fogo.

A trilha se estreitou num trecho bastante íngreme e me aproximei do Arroyo Buena Esperanza de novo. Sem cruzá-lo desemboquei às 19h numa estradinha de terra e fui para a direita. Uns 80m depois alcancei um estacionamento que fica bem próximo ao Hotel Altos Ushuaia, onde iniciei a trilha de subida. Do estacionamento peguei a Rua Aldo Motter para a esquerda e refiz o mesmo trajeto até o centro de Ushuaia, chegando às 19h45 à Rua Juana Fadul.

Rafael Santiago
janeiro/2020


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